Deixo a matéria que saiu no Esquerda.Net. Depois do que lá está exposto, não preciso de mais comentar.
Apenas direi: Obrigada!
JOÃO
Morreu João Antunes, activista anti-racista
31-Ago-2009
João Antunes, activista do SOS Racismo, faleceu esta madrugada aos 46 anos. Professor de filosofia e psicólogo, Antunes foi também fundador do Movimento Escola Pública e autor de vários estudos sobre educação inter-cultural. O corpo estará a partir das 16h desta segunda-feira na Igreja das Carmelitas, em Gondarém, no Porto, de onde partirá terça-feira (14h) para o cemitério Prado do Repouso.
João Antunes faleceu durante esta madrugada, não tendo resistido a uma intervenção cirúrgica. Do SOS Racismo desde 1992, destacou-se nos estudos ligados à educação inter-cultural, na promoção do ensino bilingue e na defesa dos direitos da comunidade cigana. Era representante do SOS Racismo no Conselho Nacional de Educação. João Antunes era também militante do Bloco de Esquerda e em 2008 ajudou a fundar o Movimento Escola Pública, na linha da defesa da escola inclusiva e sem discriminações.O nosso colunista Ricardo Gomes, companheiro de João Antunes no SOS Racismo e em outras paragens, enviou-nos um texto de despedida, que reproduzimos:"Hoje não vou ouvir música triste, só música para me rir. Nem vou chorar, nem penses. Nem vou escrever algo recordando as tuas enormes qualidades enquanto militante anti-racista. Nem pensar nisso. Nem te ia gostar que eu dissesse que foste uma luz que me orientou, que a tua coragem e inteligência esteve ao serviço de uma causa tão bonita que tu ajudaste a construir. Não te faço isso, nem lembro os momentos em que a tua voz firme soube esgrimir argumentos que esmagaram ideias retrógradas na cabeça de certos energúmenos.
E o maior insulto que te podia dar seria espalhar a tristeza e o negro de uma morte que já íamos percebendo. Esta noite quero juntar-me aos militantes anti-racistas e embebedar-me com eles, homenagear o teu fígado da mesma maneira que acho que o farias se me acontecesse a mim. Homenageá-lo com esse teu humor que provocou gargalhadas que ainda ecoam aqui, bebendo. Gozando e fazendo troça de tudo, da tua morte inclusive. Felicitando-me por teres partido sem me ficares a dever dinheiro porque sei que me farias a mesma piada. E é assim que se recordam pessoas como tu e que tiveram a eterna arte de ser únicas.
Quero que fique viva essa imagem que guardo de ti. De um valente que gozou com a morte, que soube gozar com ele próprio e claro, com as outras pessoas. Um valente que respirava dignidade quando era necessário. Um valente que dedicou horas a organizar gente e esforços, letras e palavras para que nós, militantes anti-racistas, percebêssemos que afinal há sempre algo mais a mudar em nós, mais um preconceito que eliminar, mais uma atitude positiva para dar.
Não te ofereço mais palavras, meu querido. Era o que faltava perder o meu latim em homenagens, logo a ti. Logo à noite, com essa tua ironia, vou levantar um copo de álcool e beber à tua saúde. O resto, o que nos deixaste está cá, não morreu. E podes ter a certeza que a gente está cá para continuar o que fizeste."
João Antunes faleceu durante esta madrugada, não tendo resistido a uma intervenção cirúrgica. Do SOS Racismo desde 1992, destacou-se nos estudos ligados à educação inter-cultural, na promoção do ensino bilingue e na defesa dos direitos da comunidade cigana. Era representante do SOS Racismo no Conselho Nacional de Educação. João Antunes era também militante do Bloco de Esquerda e em 2008 ajudou a fundar o Movimento Escola Pública, na linha da defesa da escola inclusiva e sem discriminações.O nosso colunista Ricardo Gomes, companheiro de João Antunes no SOS Racismo e em outras paragens, enviou-nos um texto de despedida, que reproduzimos:"Hoje não vou ouvir música triste, só música para me rir. Nem vou chorar, nem penses. Nem vou escrever algo recordando as tuas enormes qualidades enquanto militante anti-racista. Nem pensar nisso. Nem te ia gostar que eu dissesse que foste uma luz que me orientou, que a tua coragem e inteligência esteve ao serviço de uma causa tão bonita que tu ajudaste a construir. Não te faço isso, nem lembro os momentos em que a tua voz firme soube esgrimir argumentos que esmagaram ideias retrógradas na cabeça de certos energúmenos.
E o maior insulto que te podia dar seria espalhar a tristeza e o negro de uma morte que já íamos percebendo. Esta noite quero juntar-me aos militantes anti-racistas e embebedar-me com eles, homenagear o teu fígado da mesma maneira que acho que o farias se me acontecesse a mim. Homenageá-lo com esse teu humor que provocou gargalhadas que ainda ecoam aqui, bebendo. Gozando e fazendo troça de tudo, da tua morte inclusive. Felicitando-me por teres partido sem me ficares a dever dinheiro porque sei que me farias a mesma piada. E é assim que se recordam pessoas como tu e que tiveram a eterna arte de ser únicas.
Quero que fique viva essa imagem que guardo de ti. De um valente que gozou com a morte, que soube gozar com ele próprio e claro, com as outras pessoas. Um valente que respirava dignidade quando era necessário. Um valente que dedicou horas a organizar gente e esforços, letras e palavras para que nós, militantes anti-racistas, percebêssemos que afinal há sempre algo mais a mudar em nós, mais um preconceito que eliminar, mais uma atitude positiva para dar.
Não te ofereço mais palavras, meu querido. Era o que faltava perder o meu latim em homenagens, logo a ti. Logo à noite, com essa tua ironia, vou levantar um copo de álcool e beber à tua saúde. O resto, o que nos deixaste está cá, não morreu. E podes ter a certeza que a gente está cá para continuar o que fizeste."
Publicado na Esquerda.Net
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