sábado, 17 de setembro de 2011

Miguel Portas | Crise, 3 Anos: a Demissão da Política | “Quem é Que Permitiu Tanta Gula?”

Entrevista de Miguel Portas ao programa “Conselho Superior" da Antena 1, em que o Eurodeputado eleito pelo Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu, faz o seu comentário semanal sobre a actualidade política.
Extraordinária entrevista! Miguel Portas sempre no seu melhor, com entrevistas didácticas e, por isso mesmo, imperdíveis.
Esta entrevista até os governantes e economistas deveriam ouvir.
Porque é que são os mais pobres que continuam a pagar a demissão da política face aos mercados?
Boa pergunta!
JOÃO


Miguel Portas no programa "Conselho Superior"
Antena 1 - 2011/09/16
Crise, 3 anos: a demissão da política
Carregado por em 15 de Set de 2011


“Quem é que permitiu tanta gula?”
Sexta, 16 Setembro 2011 15:29

“Quem é que permitiu tanta gula?” “Porque é que os políticos acreditaram tanto que o que era bom para os mercados financeiros teria que ser obrigatoriamente bom para as economias e para a vida das pessoas?” Perguntas do eurodeputado Miguel Portas no terceiro aniversário do início da crise em curso, contado a partir da falência do banco de investimento norte-americano Lehman Brothers. “Estas são as perguntas que estabelecem a responsabilidade dos políticos perante o empobrecimento de milhões e milhões de pessoas e a existência de cerca de 30 milhões de empregos perdidos em pouco mais de dois anos”, disse.

Na sua crónica semanal no programa “Conselho Superior” da Antena Um, o eurodeputado do GUE/NGL eleito pelo Bloco de Esquerda fez a análise da crise económica, financeira e social em curso a propósito do terceiro aniversário do seu início em 2008. “A última crise que tivemos ainda aí está”, disse, “agora metamorfoseada em crise das dívidas soberanas, no caso da Europa, mas principalmente a economia não regressou ao antigamente: não só há riscos de uma nova recessão mundial mas acima de tudo as economias, recuperando alguma coisa, deixaram de criar emprego; as taxas de desemprego hoje na Europa e nos Estados Unidos estão 50 por cento acima do que estavam em 2008”.

Miguel Portas citou dados do próprio governo português segundo os quais em 2013 a riqueza criada no país será equivalente à de 2004. “Uma década perdida”, constatou. A explicação mais fácil, acrescentou, “é a gula excessiva de alguns actores financeiros”.

“Mas quem é que permitiu tanta gula?”, perguntou o eurodeputado. Na resposta entra a questão da responsabilidade dos políticos, por terem “acreditado que o que era bom para os mercados financeiros teria que ser obrigatoriamente bom para as economias e a vida das pessoas”. Esta é a pergunta, sublinhou o eurodeputado, “que estabelece a responsabilidade dos políticos perante o empobrecimento de milhões e milhões de pessoas no planeta e a existência de cerca de 30 milhões de empregos perdidos em pouco mais de dois anos”.
Miguel Portas comentou, a propósito, o anúncio feito esta semana por Durão Barroso prometendo a emissão de dívida pública europeia, os eurobonds, para fazer face ao problema das dívidas soberanas, dizendo que por enquanto “não passa de palavras” por continuar a ter a oposição alemã e que “vem pelo menos com um ou dois anos de atraso”.

Para o eurodeputado do Bloco de Esquerda a grande pergunta que remata este processo que já vai em três anos é “quem é que verdadeiramente paga, pois continuam a ser os mais pobres, os que perdem os seus empregos e que em qualquer caso nem jogam na bolsa, que continuam a pagar a demissão da política face aos mercados”.

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