Mais uma brilhante intervenção do Eurodeputado Miguel Portas, eleito pelo Bloco de Esquerda. Desta vez no Plenário do Parlamento Europeu onde analisou o quadro decorrente das revoluções árabes notando que “todas as Primaveras chegam ao seu Outono, mesmo na Líbia”.
Intervenção muito bem elaborada e imperdível!JOÃO
Miguel Portas - Primavera Árabe
2011/09/14
Miguel Portas avalia a Primavera Árabe, o Outono líbio e os comportamentos da União Europeia Quarta, 14 Setembro 2011 16:47 |
Miguel Portas analisou no plenário do Parlamento Europeu o quadro decorrente das revoluções árabes notando que “todas as primaveras chegam ao seu outono, mesmo na Líbia”, país onde a continuação das bombas da NATO, “apesar da existência de bolsas de resistência mínimas”, serve “para alargar o perímetro de negócios” e não garante “a segurança da revolução que chegou a Tripoli”. Ora se o BCE nada tem a dizer sobre isto, se acha que tomou as decisões correctas “e não tem nada a rever”, deduziu Miguel Portas, então “a realidade é que se enganou”.
O eurodeputado do GUE/NGL eleito pelo Bloco de Esquerda qualificou a Primavera Árabe como “o maior acontecimento mundial deste ano” e associou-se à eventual atribuição do prémio Sakharov a este movimento como “um valor simbólico”, porque “a União Europeia e os seus governos foram anos e anos cúmplices de regimes ditatoriais que oprimiram as aspirações de liberdade no mundo árabe”, situação em que sempre “se preferiram os negócios à liberdade, a repressão dos fluxos migratórios ao respeito pelos direitos humanos e até o silêncio à denúncia”.
Perante as novas situações, Miguel Portas interrogou-se “queremos realmente mudar ou apenas parecer que mudamos?”
E abordou em pormenor o processo líbio, desde a forma como foi “extravasado o próprio mandato da ONU” através da guerra aérea da NATO passando pela continuação actual dos bombardeamentos apesar “de as bolsas de resistência serem mínimas”, para “alargar o perímetro de negócios que a reconstrução das infraestruturas vai garantir aos diferentes governos envolvidos na guerra”. O eurodeputado prosseguiu então enumerando o que considera ser o conjunto de prioridades que deve mobilizar a União Europeia em alternativa à guerra.
Entre essas prioridades, Miguel Portas enunciou o apoio ao Conselho Nacional de Transição para que “este cumpra o que prometeu em matéria de reconciliação nacional e respeito pelos direitos humanos”; a preocupação pelo respeito dos direitos dos imigrantes na Líbia num quadro em que já 500 mil foram obrigados a fugir para a Tunísia e o Egipto, onde não dispõem das condições necessárias; a realização de uma “investigação independente” como suporte para a reconciliação nacional, uma vez que “não foram apenas as forças de Khaddafi e os aviões da NATO que mataram civis, no campo da insurreição também se cometeram actos indignos”; e o dever europeu de deixar “aos povos a condução dos seus próprios destinos”, sem “o papel de ingerência e de dois pesos e duas medidas”.
“Não podemos condenar a repressão na Síria e silenciá-la no Bahrein”, disse Miguel Portas. “Não podemos boicotar o petróleo na Síria e aceitá-lo no Iémen, aliás não devemos aceitar boicotes que prejudiquem as populações. Só desta maneira”, rematou o eurodeputado do Bloco de Esquerda, “a Primavera árabe o será, porque será obra dos próprios árabes”.
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