Vou tentar retomar, pouco a pouco, as minhas actividades no computador.
Mas deixo uma nota que escrevi, no passado dia 6 de Fev, no Facebook, , relatando um dos ataques de pânico que tive recentemente, e tentando chamar a atenção para que esta doença, o síndrome de pânico, que se torna incapacitante, por vezes, por períodos de tempo alargados e constantes, tenha o reconhecimento público que merece.
Saudações da
JOÃO
Aprendendo a Viver com Ataques de Pânico...
por Maria João Baptista Silva a Quarta-feira, 6 de Fevereiro de 2013 às 21:45
Como estás, Maria João? Inquiriu-me o Facebook.
Que pergunta, Facebook! Há dias escrevi que estava com uma depressão grave... Episódios de subida de tensão arterial ao ponto de uma “descarga eléctrica”... E outros de descida ao ponto de quase morrer como um passarinho...
Muitas angústias. Imensos ataques de pânico! Se sair da minha zona de conforto, que é a minha cas(c)a, então há crise na certa.
Ontem foi demais! O médico, na última urgência, aumentou-me o tratamento para a depressão e ansiedade e disse-me que tomasse sempre o meu SOS comprimido assim que sentisse que poderia estar a começar um ataque de pânico.
Ontem não fiz isso. Tomei a medicação ao pequeno almoço e saí para Lisboa. Quando saí de casa já não conseguia ouvir a conversa que o meu marido estava a ter comigo. Não aguentava a música. Um sinal de SOS imediatamente! esqueci! esqueci mesmo! E ele nem me lembrou quando eu disse que estava mal... Que não conseguia ouvir nada... Tudo me incomodava. Que me desculpasse.
Ontem, tive dos piores episódios de pânico que me lembre. E estava só, numa loja. Saí e fui para outra, pensado que a distracção me ajudasse. Esqueci o mais importante! estava em pânico! Já não encontrava o cartão MB que estava dentro da carteira, no local do costume, mas fora da ordem, carteira atada à mala, como sempre, com chaves e tudo o que não posso perder...
Não achava o telemóvel para pedir ajuda ao marido que estava a almoçar e me tinha deixado só porque lhe pedi e prometi ir ter com ele... Logo o TM que anda numa bolsinha própria, à tiracolo, para não perder, também...! A bolsa estava lá, claro. Mas onde estava o TM?!
Depois de pedir muitas desculpas à senhora da segunda loja, lá encontrei o telemóvel dentro da minha mala, num lugar que não era o dele. Consegui falar para o meu marido para saber se nas minhas coisas que lhe dei para guardar estava o meu cartão MB. Foi uma conversa difícil, complicada, com o homem à beira de uma ataque de nervos, revoltando tudo o que tinha meu, inclusive uma pasta cheia de bolsos e documentos... Eu já conseguia chorar – haja Deus! – porque se eu chorar vou ficando melhor, sem nunca me lembrar do meu SOS que nunca devia esquecer... O pânico a apoderar-se! A sensação de loucura, de desnorte, de morte imediata... Ao TM com o meu marido, saio de uma loja deixando lá coisas da minha mala e vou para a loja onde tinha estado. Lembro-me de estar aflita com medo que a loja tivesse fechado às 13:00 horas. Entrei e perguntei pelo meu cartão MB. Chorava, falava ao telefone. Não aguentava as dores na minha perna esquerda, aquela que me impede de ir às manifestações...
Sentaram-me! Uma das senhoras que me tinha atendido falou comigo com afecto, cuidado e pediu permissão para mexer na minha mala e puxou a corrente de onde saem várias correntes com chaves, carteira e outros... Mexeu na minha carteira e procurou, como eu tinha feito, e achou o meu cartão de multibanco... Eu sei que no meio de tudo aquilo pedi desculpa, expliquei que estava aflita, em pânico e ela falou em medicamento. Lá estava o que eu tinha esquecido: o comprimido SOS para eu mastigar. Solucei e, com a ajuda dela, consegui encontrar a carteira dos medicamentos para o pânico e para o coração. Mastiguei um e chorei...chorei... pedi desculpa vezes sem conta. Lá fui melhorando e, quando ia a sair, ao olhar a senhora nos olhos para lhe agradecer, vi a senhora a chorar de aflição por me ver assim. Lembro-me de ela me dizer: uma senhora com uma cara tão bonita a chorar dessa maneira. Tem que tentar controlar-se. Controlar-me!? Fiquei assim desde que o meu pai faleceu. Não sabia o que era. Tinha ataques que me impediam de ter dias normais, sem crises. Mas desconhecia a doença. E, só muito mais tarde, em tratamento com um psicóloga, é que me foi diagnosticada como Síndrome de Pânico.Voltei para a outra loja e apareceu o meu marido. Entretanto eu tinha-lhe dito que tinham-me achado o cartão. E ele veio à minha procura, loja por loja, até dar comigo.
Quando olhei para a cara daquele homem de 72 anos, tão aflito por minha causa, pedi-lhe desculpa vezes e vezes sem conta.
Ele pagou o que eu tinha comprado e arrumou tudo, pegou nas coisas e agradecemos à senhora da loja que chorava, também.
Nunca tal tinha acontecido antes!!! E há anos que tenho isto. As pessoas perdem a paciência, gritam comigo, tratam-me mal, às vezes, a ponto de eu ter que ir para o hospital.
Ontem não. Ou o síndrome de pânico já é reconhecido, já está mais divulgada, ou as pessoas estão são mais simpáticas em Lisboa, nas lojas pequenas. Nunca vi ninguém chorar ao me verem em ataque de pânico. Nem a família! A maioria dos familiares nem respeita ou não entende. E já sofri muito por isso. Muito mesmo. E os familiares que mais mal me fazem são os mais instruídos, alguns mesmo com mestrados e doutoramentos...A minha mãe, que tem 85 anos, não tem percebido muito bem. Mas vai estando mais consciente de que eu tenho um problema que não se cura. Que é recorrente. Ao contar-lhe o que me aconteceu, pelo Skype, ela disse: ainda bem que não tenho essa doença!
Foi bom sentir que a minha mãe já vai entendendo aquilo por que eu vou passando e as razões de eu não participar em certos eventos...Espero que esta descrição, pobre na escrita, mas verdadeira, sirva para sensibilizar as pessoas às mazelas da mente, que podem ser sufocantes, quase mutiladoras, pois podem impedir que uma pessoa viva sem sobressaltos. O pânico vem sem avisar e sem causa aparente!
Espero não me esquecer que ele vem e, ao mínimo sinal, tomar o meu SOS.
JOÃO
Que pergunta, Facebook! Há dias escrevi que estava com uma depressão grave... Episódios de subida de tensão arterial ao ponto de uma “descarga eléctrica”... E outros de descida ao ponto de quase morrer como um passarinho...
Muitas angústias. Imensos ataques de pânico! Se sair da minha zona de conforto, que é a minha cas(c)a, então há crise na certa.
Ontem foi demais! O médico, na última urgência, aumentou-me o tratamento para a depressão e ansiedade e disse-me que tomasse sempre o meu SOS comprimido assim que sentisse que poderia estar a começar um ataque de pânico.
Ontem não fiz isso. Tomei a medicação ao pequeno almoço e saí para Lisboa. Quando saí de casa já não conseguia ouvir a conversa que o meu marido estava a ter comigo. Não aguentava a música. Um sinal de SOS imediatamente! esqueci! esqueci mesmo! E ele nem me lembrou quando eu disse que estava mal... Que não conseguia ouvir nada... Tudo me incomodava. Que me desculpasse.
Ontem, tive dos piores episódios de pânico que me lembre. E estava só, numa loja. Saí e fui para outra, pensado que a distracção me ajudasse. Esqueci o mais importante! estava em pânico! Já não encontrava o cartão MB que estava dentro da carteira, no local do costume, mas fora da ordem, carteira atada à mala, como sempre, com chaves e tudo o que não posso perder...
Não achava o telemóvel para pedir ajuda ao marido que estava a almoçar e me tinha deixado só porque lhe pedi e prometi ir ter com ele... Logo o TM que anda numa bolsinha própria, à tiracolo, para não perder, também...! A bolsa estava lá, claro. Mas onde estava o TM?!
Depois de pedir muitas desculpas à senhora da segunda loja, lá encontrei o telemóvel dentro da minha mala, num lugar que não era o dele. Consegui falar para o meu marido para saber se nas minhas coisas que lhe dei para guardar estava o meu cartão MB. Foi uma conversa difícil, complicada, com o homem à beira de uma ataque de nervos, revoltando tudo o que tinha meu, inclusive uma pasta cheia de bolsos e documentos... Eu já conseguia chorar – haja Deus! – porque se eu chorar vou ficando melhor, sem nunca me lembrar do meu SOS que nunca devia esquecer... O pânico a apoderar-se! A sensação de loucura, de desnorte, de morte imediata... Ao TM com o meu marido, saio de uma loja deixando lá coisas da minha mala e vou para a loja onde tinha estado. Lembro-me de estar aflita com medo que a loja tivesse fechado às 13:00 horas. Entrei e perguntei pelo meu cartão MB. Chorava, falava ao telefone. Não aguentava as dores na minha perna esquerda, aquela que me impede de ir às manifestações...
Sentaram-me! Uma das senhoras que me tinha atendido falou comigo com afecto, cuidado e pediu permissão para mexer na minha mala e puxou a corrente de onde saem várias correntes com chaves, carteira e outros... Mexeu na minha carteira e procurou, como eu tinha feito, e achou o meu cartão de multibanco... Eu sei que no meio de tudo aquilo pedi desculpa, expliquei que estava aflita, em pânico e ela falou em medicamento. Lá estava o que eu tinha esquecido: o comprimido SOS para eu mastigar. Solucei e, com a ajuda dela, consegui encontrar a carteira dos medicamentos para o pânico e para o coração. Mastiguei um e chorei...chorei... pedi desculpa vezes sem conta. Lá fui melhorando e, quando ia a sair, ao olhar a senhora nos olhos para lhe agradecer, vi a senhora a chorar de aflição por me ver assim. Lembro-me de ela me dizer: uma senhora com uma cara tão bonita a chorar dessa maneira. Tem que tentar controlar-se. Controlar-me!? Fiquei assim desde que o meu pai faleceu. Não sabia o que era. Tinha ataques que me impediam de ter dias normais, sem crises. Mas desconhecia a doença. E, só muito mais tarde, em tratamento com um psicóloga, é que me foi diagnosticada como Síndrome de Pânico.Voltei para a outra loja e apareceu o meu marido. Entretanto eu tinha-lhe dito que tinham-me achado o cartão. E ele veio à minha procura, loja por loja, até dar comigo.
Quando olhei para a cara daquele homem de 72 anos, tão aflito por minha causa, pedi-lhe desculpa vezes e vezes sem conta.
Ele pagou o que eu tinha comprado e arrumou tudo, pegou nas coisas e agradecemos à senhora da loja que chorava, também.
Nunca tal tinha acontecido antes!!! E há anos que tenho isto. As pessoas perdem a paciência, gritam comigo, tratam-me mal, às vezes, a ponto de eu ter que ir para o hospital.
Ontem não. Ou o síndrome de pânico já é reconhecido, já está mais divulgada, ou as pessoas estão são mais simpáticas em Lisboa, nas lojas pequenas. Nunca vi ninguém chorar ao me verem em ataque de pânico. Nem a família! A maioria dos familiares nem respeita ou não entende. E já sofri muito por isso. Muito mesmo. E os familiares que mais mal me fazem são os mais instruídos, alguns mesmo com mestrados e doutoramentos...A minha mãe, que tem 85 anos, não tem percebido muito bem. Mas vai estando mais consciente de que eu tenho um problema que não se cura. Que é recorrente. Ao contar-lhe o que me aconteceu, pelo Skype, ela disse: ainda bem que não tenho essa doença!
Foi bom sentir que a minha mãe já vai entendendo aquilo por que eu vou passando e as razões de eu não participar em certos eventos...Espero que esta descrição, pobre na escrita, mas verdadeira, sirva para sensibilizar as pessoas às mazelas da mente, que podem ser sufocantes, quase mutiladoras, pois podem impedir que uma pessoa viva sem sobressaltos. O pânico vem sem avisar e sem causa aparente!
Espero não me esquecer que ele vem e, ao mínimo sinal, tomar o meu SOS.
JOÃO
Á algum grupo formado de auto-ajuda do TP em Lisboa? Eu sofro do mesmo, mas outras tantas pessoas que também sofrem. Ninguém está disponivel caso não haja, formar um grupo de TP em Lisboa?
ResponderEliminarAntónio Ferreira,
ResponderEliminarHá um problema com a lista de comentários mais recentes. Desapareceu, simplesmente.
Tentei voltar a colocá-la, mas já não é possível. Penso que cortaram essa modalidade.
Como eu não tenho postado nada, por motivos de ordem pessoal, principalmente de saúde e cansaço, - penso que merecia uma largas férias; não sendo possível, vinguei-me no Blog! -, só agora, que vim actualizar umas informações sobre as eleições autárquicas, é que vi a anomalia e, então, fui tentar ver se tinha mesmo algum comentário, na lista interna do Blog. E tinha o teu.
Não sei responder às tuas questões. Mas prometo que irei verificar.
De qualquer forma, eu andei em consultas de psicoterapia comportamental, com psicóloga vocacionada para a questão. Aprendi a pressentir quando as crises vêm e a tomar precauções para as atenuar, tomando um/dois comprimido(s) que me foram receitados por todos os meus médicos de: psiquiatria (quando ia), clínica geral, cardiologia, etc.
Muitas vezes não vou a tempo. Deixo avançar os sinais, ou a crise é quase instantânea. Parece que vem do nada!
De qualquer forma, eu não moro em Lisboa, vou pouco já a Lisboa e evito ir a Lisboa. Também não conduzo - nunca quis tirar a carta, achava que as árvores vinham ter comigo, quando estava ao volante a tentar aprender -, e evito andar de transportes públicos. Também não quero sacrificar o meu marido mais do que ele já está. Ele é que anda todos os dias nas compras, muitos a levar-me aos médicos, a exames de diagnóstico... Enfim, é o meu motorista de serviço! E eu detesto depender de outros.
Quando trabalhava em Lisboa andava em 6 transportes públicos - ida e volta. Eu fazia questão de não depender de ninguém para me movimentar. Agora preciso de ajuda.
Para a semana, o mais tardar, darei resposta às questões colocadas. Não gosto de responder à toa. Tenho que me informar bem e com segurança que não estou a enganar ninguém.
Sabes, também o Facebook absorve muito do meu tempo e fico farta do PC, já que o uso para tudo, gestão dos meus documentos, facturas, ficheiros, bases de dados... Já não sei se vivia com papéis, novamente!
Tenho que me disciplinar e dividir o tempo do Facebook com os Blogues.
Obrigada pela participação.
Eu voltarei em breve!
JOÃO