Não consigo ficar indiferente e mesmo sofrer pela Aminetu Haidar.
Aos que lerem textos escritos sobre esta estraordinária mulher, mãe de duas crianças, activista saharaui, que está em greve de fome desde meados de Novembro por uma causa mais do que justa, perante a indiferença de quem a poderia autorizar a voltar para casa, peço que reenviem esses textos para todos os vossos conhecimentos, para que todas as caixas de correio se encham e as mensagens darem várias voltas ao mundo.
Este texto que vos deixo, de José Goulão, li-o no novo site do Portal Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu conhecido por:
" be internacional".
JOÃO
Aminetu Haidar: o 28º Dia
Domingo, 13 Dezembro 2009 22:43
28º dia de greve da fome de Aminetu Haidar. Só a resistência física, moral e humanista da combatente saraui resiste. Os políticos e diplomatas que poderiam fazer alguma coisa permanecem tão alheios ao drama como sempre. Terça-feira, vigília em Lisboa às 18 e 30 frente ao Centro Jean Monnet.
Chamam-lhe já a “Gandhi do Saara”, mas estes títulos servem principalmente para a História, para testemunhar respeito pelos vultos que fazem a diferença, mas não quebram o gelo dos que se guiam pelo GPS dos interesses económicos e estratégicos. Títulos como esse motivam milhões de pessoas através do mundo inteiro, como aquelas que vão estar esta terça-feira na vigília de Lisboa, mas os senhores que por tudo e por nada invocam o Estado de Direito democrático são incapazes de se comover com o a coragem de uma mulher que pretende ver respeitado o direito de viver na sua terra, com a sua família, identificada por um passaporte que corresponda de facto à sua nacionalidade. Parece simples, mas os senhores que todos os dias fazem o “sacrifício” de enviar mais soldados para o Afeganistão, a Bósnia ou o Kosovo não são capazes de olhar nos olhos dessa mulher e salvar a sua vida.
Das Canárias chega a notícia de que os socialistas canários, através do seu coordenador, Arcadio Dias Tejero, testemunharam o seu “carinho e apoio” a Aminetu Haidar, que jaz num cubículo do aeroporto de Lanzarote. Para eles “será um fracasso da comunidade internacional e do Estado de Direito permitir que uma situação como esta não chegue a bom termo”. Tejero revolta-se contra aqueles que querem aproveitar o caso com intuitos partidários e certamente lá terá as suas razões. Ninguém pode esquecer-se, porém, de que é um chefe de governo socialista que em Espanha tem a faca e o queixo na mão para fazer chegar a situação ao tal “bom termo” mas que é incapaz de enfrentar as autoridades de Marrocos com uma parte ínfima da coragem com que Aminetu enfrenta a morte, se calhar iminente.
Tejero e os companheiros socialistas canários têm a tragédia dentro de casa e provavelmente a sua consciência está mais sensível com o drama sob os seus olhos. Mas ao 28º dia, tal como no primeiro, nenhum chefe de governo da União Europeia, de Espanha, Portugal (sim, Portugal) ou dos outros 25 mexeu uma palha para salvar Aminetu, que apenas quer viver em casa, com a família, no seu país livre. A submissão à intransigência de Marrocos continua a prevalecer.
Deputados da Esquerda Unitária Europeia estiveram com Aminetu Haidar em Lanzarote para lhe testemunhar uma solidariedade dos cidadãos europeus, se calhar maioritários, que não se reconhecem na violência exercida sobre a resistente saraui. Ao fim da tarde de terça-feira, os portugueses que acorrerem à vigília manifestarão simbolicamente à União Europeia o seu desencanto por uma entidade que tantos e tão altos princípios invoca não ser capaz de salvar uma vida humana.
Escrito por José Goulão
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
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