sábado, 12 de novembro de 2011

Artigo: «Díli: Milhares de Pessoas Assinalam os 20 Anos do Massacre de Santa Cruz» | Esquerda.Net


















Timor-Leste está-me marcado como mais nenhum outro território onde se fala português está. Chorei muito por Timor. Sofri muito pelo povo timorense!
Nunca estive em Timor-Leste. Mas parte de mim tem estado ligada àquele canto do mundo desde o pós 25 de Abril...
Este artigo refere-se ao massacre no cemitério de Santa Cruz, em Dili. Mas o povo timorense foi vítima de muitas chacinas e muitas torturas.
A notícia da prisão de Xanana Gusmão foi um dos dias mais marcantes da minha vida!

Não se deve esquecer nunca estes actos de pura barbárie. Eles devem ser relembrados para que os mais jovens nunca percam a noção da história que muitas vezes se repete, mesmo que em locais diferentes, com personagens distintas, mas com a crueldade da injustiça e da desigualdade.
JOÃO

 

Díli: milhares de pessoas assinalam os 20 anos do massacre de Santa Cruz

Milhares de timorenses marcharam este sábado até ao cemitério de Santa Cruz em Díli para assinalar o massacre de 12 de Novembro de 1991, em resultado do qual faleceram cerca de duas centenas de pessoas.
Fotos de vítimas do massacre de Santa Cruz.
Fotos de vítimas do massacre de Santa Cruz.

A 12 de Novembro de 1991, militares indonésios abriram fogo sobre os mais de dois mil timorenses concentrados no cemitério de Santa Cruz, em Díli, para prestarem homenagem ao jovem Sebastião Gomes, morto em Outubro desse ano.
Como consequência desta chacina, 74 timorenses morreram nesse dia e 127 morreram nos dias seguintes no hospital militar ou em resultado da perseguição das forças ocupantes. A maioria dos corpos continua em parte incerta.
Em declarações à agência Lusa, Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, defende que “há 20 anos atrás o massacre marcou a diferença, marcou a viragem da opinião pública internacional em relação a Timor-Leste e muito mais particularmente da opinião pública portuguesa".
Segundo Alkatiri, "vinte anos depois também é tempo de usar este evento, este acontecimento trágico para uma maior educação patriótica para as gerações actuais e futuras, os jovens, porque o que importa para defender esta independência duramente conquistada é fazer crescer o sentido de Pátria junto dos jovens timorenses e consolidar uma identidade própria e os acontecimentos de 12 de Novembro fazem parte de todo esse processo de afirmação da pátria e do patriotismo".

Amnistia Internacional quer levar à justiça os responsáveis pelo massacre

A Amnistia Internacional defendeu este sábado, em comunicado enviado à imprensa, que “ambos os governos [Timor-Leste e da Indonésia] têm de investigar e levar à justiça todos os responsáveis pelos assassínios, desaparecimentos forçados, uso excessivo da força e outras violações dos direitos humanos durante a manifestação pacífica”.
A Amnistia Internacional recorda ainda que a ONU, num relatório divulgado em 1994, frisou que os "membros das forças armadas indonésias foram responsáveis por assassínios durante a marcha" e que se tratou de uma "operação militar planeada" sem cumprimento das "normas internacionais de direitos humanos".

Paradeiro de muitos timorenses ainda por desvendar

Muitas das famílias timorenses ainda não têm, vinte anos depois do massacre, qualquer informação sobre o paradeiro dos seus familiares, sendo que a procura de informações sobre o paradeiro dos desaparecidos é uma das principais missões do Comité 12 de Novembro fundado por sobreviventes do massacre.
"A maioria foi levada pelos indonésios e nunca mais voltaram. Não sabemos o que lhes aconteceu. Andamos à procura de informação, mas este é um trabalho que tem que ser feito com muito cuidado", sublinha Gregório Saldanha, um dos sobreviventes.

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