Carta ao meu filho João. Magoaram-te. Não a mim, cinquenta anos de tudo e mais alguma coisa. Magoaram-te porque achas estranho que se diga de um tipo, que para mais conheces bem, o que algumas pessoas disseram e continuarão a dizer. Perante a tua carta que a Eugénia e teu irmão Francisco Maria me encaminharam, o que é fica? Tentação de devolver os insultos com o vernáculo que bem me conheces e és admirador? Não. O que fica, meu querido filho, é a tua carta.
Tenho tanto que fazer, aqui. Por todos vocês. ( grande fotografia que a tua irmã Joana me mandou ) ela e os meus netos, aqueles sorrisos.
Não entristeças, João. Temos dado o melhor de nós e isso não admite gentinha; só aceita dignidade e respeito por vidas que se dedicaram e dedicam não porque têm talento, mas sim porque têm aquele mistério revelado de poderem escrever uma carta como a tua. Beijo do teu pai fernando.
Tenho tanto que fazer, aqui. Por todos vocês. ( grande fotografia que a tua irmã Joana me mandou ) ela e os meus netos, aqueles sorrisos.
Não entristeças, João. Temos dado o melhor de nós e isso não admite gentinha; só aceita dignidade e respeito por vidas que se dedicaram e dedicam não porque têm talento, mas sim porque têm aquele mistério revelado de poderem escrever uma carta como a tua. Beijo do teu pai fernando.
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Queridos amigos,
Nos últimos dias tenho recebido centenas de mensagens e e-mails com votos de felicidades, que muito me comovem. Peço que percebam que estou em fase de adaptação e a começar a trabalhar, portanto responderei às vossas mensagens assim que fizer uma pausa.
Estarei em Portugal no fim de Abril para estar com a família e amigos e para as comemorações do 25 de Abril, mas mantenho-vos informados da minha vida profissional aqui no Brasil através desta página.
Deixo-vos uma fotografia da vista do meu quarto aqui no Recife, onde estão neste momento 30ºC e o Carnaval se começa a preparar.
Até breve,
Fernando Tordo
EMIGRAÇÃO
Fernando Tordo responde ao filho:
"Não entristeças, João"
por Sofia FonsecaOntem263 comentários
Fotografia © Gerardo Santos/Global Imagens
O compositor respondeu no Facebook à carta que o filho, João Tordo, lhe escreveu, em que manifestava tristeza por alguns comentários que lera sobre o facto de o pai ter decidido emigrar.
"Muita gente se despediu com palavras de encorajamento. Outros, contudo, mandaram-no para Cuba. Ou para a Coreia do Norte. Ou disseram que já devia ter emigrado há muito. Que só faz falta quem cá está. Chamam-lhe palavrões dos duros", escreveu João Tordo no seu blogue. "E perguntaram o que iria fazer: limpar WC e cozinhas? Usufruir da reforma dourada?", acrescentou, lembrando que o pai, um homem com 65 anos de vida e 50 de carreira, teria uma reforma de duzentos e poucos euros, "mais uma pequena reforma da Sociedade Portuguesa de Autores".
No Recife, para onde emigrou na terça-feira, Fernando Tordo leu a carta. E hoje respondeu ao filho. "Não entristeças, João", disse-lhe através do Facebook. "Temos dado o melhor de nós e isso não admite gentinha; só aceita dignidade e respeito por vidas que se dedicaram e dedicam não porque têm talento, mas sim porque têm aquele mistério revelado de poderem escrever uma carta como a tua", acrescentou.
"Magoaram-te. Não a mim, cinquenta anos de tudo e mais alguma coisa. Magoaram-te porque achas estranho que se diga de um tipo, que para mais conheces bem, o que algumas pessoas disseram e continuarão a dizer", constatou.
"Tentação de devolver os insultos com o vernáculo que bem me conheces e és admirador? Não. O que fica, meu querido filho, é a tua carta", garantiu.
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