terça-feira, 18 de março de 2014

JOSÉ VÍTOR MALHEIROS | O Sonho de Pedro Passos Coelho | Publico.pt


Escrito há 1 ano e meio, o que é realmente espantoso é que acredito profundamente em cada frase pois, o tempo decorrido desde Setembro de 2012, tem demonstrado como tudo está a bater certo. O homem Pedro Passos Coelho quer, mesmo, exterminar, discreta e paulatinamente, um terço da população que vive em Portugal.
Com esta redução, vai diminuindo a lista de desempregado, de velhos, de doentes, de analfabetos... E vai parecer que o país está a recuperar.
Acreditem! Continuem a acreditar neste Chefe de Governo e tornem a eleger os mesmos...
Raios o partam!
Raios partam quem acalenta o sonho deste monstro!...
Se não conheces este artigo de José Vítor Malheiros, então não deixes de o ler na íntegra! Tem ano e meio, mas é de não perderes.

JOÃO


O sonho de Pedro Passos Coelho




"Um terço é para morrer. Não é que tenhamos gosto em matá-los, mas a verdade é que não há alternativa. se não damos cabo deles, acabam por nos arrastar com eles para o fundo. E de facto não os vamos matar-matar, aquilo que se chama matar, como faziam os nazis. Se quiséssemos matá-los mesmo era por aí um clamor que Deus me livre. Há gente muito piegas, que não percebe que as decisões duras são para tomar, custe o que custar e que, se nos livrarmos de um terço, os outros vão ficar melhor. É por isso que nós não os vamos matar. Eles é que vão morrendo. Basta que a mortalidade aumente um bocadinho mais que nos outros grupos. E as estatísticas já mostram isso. O Mota Soares está a fazer bem o seu trabalho. Sempre com aquela cara de anjo, sem nunca se desmanchar. Não são os tipos da saúde pública que costumam dizer que a pobreza é a coisa que mais mal faz à saúde? Eles lá sabem. Por isso, joga tudo a nosso favor. A tendência já mostra isso e o que é importante é a tendência. Como eles adoecem mais, é só ir dificultando cada vez mais o acesso aos tratamentos. A natureza faz o resto. O Paulo Macedo também faz o que pode. Não é genocídio, é estatística. Um dia lá chegaremos, o que é importante é que estamos no caminho certo. Não há dinheiro para tratar toda a gente e é preciso fazer escolhas. E as escolhas implicam sempre sacrifícios. Só podemos salvar alguns e devemos salvar aqueles que são mais úteis à sociedade, os que geram riqueza. Não pode haver uns tipos que só têm direitos e não contribuem com nada, que não têm deveres.

Estas tretas da democracia e da educação e da saúde para todos foram inventadas quando a sociedade precisava de milhões e milhões de pobres para espalhar estrume e coisas assim. Agora já não precisamos e há cretinos que ainda não perceberam que, para nós vivermos bem, é preciso podar estes sub-humanos.

Que há um terço que tem de ir à vida não tem dúvida nenhuma. Tem é de ser o terço certo, os que gastam os nossos recursos todos e que não contribuem. Tem de haver equidade. Se gastam e não contribuem, tenho muita pena... os recursos são escassos. Ainda no outro dia os jornais diziam que estamos com um milhão de analfabetos. O que é que os analfabetos podem contribuir para a sociedade do conhecimento? Só vão engrossar a massa dos parasitas, a viver à conta. Portanto, são: os analfabetos, os desempregados de longa duração, os doentes crónicos, os pensionistas pobres (não vamos meter os velhos todos porque nós não somos animais e temos os nossos pais e os nossos avós), os sem-abrigo, os pedintes e os ciganos, claro. E os deficientes. Não são todos. Mas se não tiverem uma família que possa suportar o custo da assistência não se pode atirar esse fardo para cima da sociedade. Não era justo. E temos de promover a justiça social.

O outro terço temos de os pôr com dono. É chato ainda precisarmos de alguns operários e assim, mas esta pouca- -vergonha de pensarem que mandam no país só porque votam tem de acabar. Para começar, o país não é competitivo com as pessoas a viverem todas decentemente. Não digo voltar à escravatura - é outro papão de que não se pode falar -, mas a verdade é que as sociedades evoluíram muito graças à escravatura. Libertam-se recursos para fazer investimentos e inovação para garantir o progresso e permite-se o ócio das classes abastadas, que também precisam. A chatice de não podermos eliminar os operários como aos sub-humanos é que precisamos destes gajos para fazerem algumas coisas chatas e, para mais (por enquanto), votam - ainda que a maioria deles ou não vote ou vote em nós. O que é preciso é acabar com esses direitos garantidos que fazem com que eles trabalhem o mínimo e vivam à sombra da bananeira. Eles têm de ser aquilo que os comunistas dizem que eles são: proletários. Acabar com os direitos laborais, a estabilidade do emprego, reduzir-lhes o nível de vida de maneira que percebam quem manda. Estes têm de andar sempre borrados de medo: medo de ficar sem trabalho e passar a ser sub-humanos, de morrer de fome no meio da rua. E enchê-los de futebol e telenovelas e reality shows para os anestesiar e para pensarem que os filhos deles vão ser estrelas de hip-hop e assim.

O outro terço são profissionais e técnicos, que produzem serviços essenciais, médicos e engenheiros, mas estes estão no papo. Já os convencemos de que combater a desigualdade não é sustentável (tenho de mandar uma caixa de charutos ao Lobo Xavier), que para eles poderem viver com conforto não há outra alternativa que não seja liquidar os ciganos e os desempregados e acabar com o RSI e que para pagar a saúde deles não podemos pagar a saúde dos pobres.

Com um terço da população exterminada, um terço anestesiado e um terço comprado, o país pode voltar a ser estável e viável. A verdade é que a pegada ecológica da sociedade actual não é sustentável. E se não fosse assim não poderíamos garantir o nível de luxo crescente da classe dirigente, onde eu espero estar um dia. Não vou ficar em Massamá a vida toda. O Ângelo diz que, se continuarmos a portarmo-nos bem, um dia nós também vamos poder pertencer à elite."

3 comentários:

  1. Andei a passear por palavras alheias e encontrei esta maravilha de malvadez sobre quem está convencido que destina o destino do país e o raio do azar é que há mesmo quem tenha o destino nas suas mãos ainda por cima "angelicamente" inspirado - há pessoas com muita sorte

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  2. Alguém escreveu com tanta lucidez sobre o inconseguimento de quem consegue dar-me cabo da cabeça, e não só - e da vida de não sei quantos bem como dos pilares em que assentavam a riqueza do país e a sua desmultiplicação sem ter que se ter vergonha do que se não tinha

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  3. Ah que me esqueci de citar um tal de paulo que rangelica de forma invulgar e nunca dantes existente - é semente original qual noz de tão bom aspecto mas que, ao abrir, tem dentro apenas o que teria sido o "fruto" que de tanto ter engelhido miguou tanto que ficou reduzido a carvão que é o que resta quando ao melhor se deita fogo e se reduz à matéria sêca - que não é fogo regenerador mas apenas e tão só destruidor, esse irmão da água que quando é q.b. mata a sede e fertiliza a terra mas quando é excessiva inunda e derruba, como o vento, tudo o que encontra pelo caminho - bem sabiam os chineses como são primordiais a água e o vento para espalhar a VIDA

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