Tenho estado ausente do Facebook, que não tenho conseguido ler. Às vezes mando uma ou outra matéria para a minha página. E tem sido tudo.
Aqui tem sucedido basicamente o mesmo.
Muito se tem passado comigo. Mas o mais grave, tem sido a minha depressão recorrente que se agrava, sempre, na altura das campanhas eleitorais.
Sem querer, cheguei a esta conclusão antes de decidir ir ao Facebook, fazer este apelo.
Quando em 1958, em pleno período denominado Estado Novo – um regime ditatorial liderado pelo primeiro-ministro António de Oliveira Salazar - se realizou a campanha para as Eleições Presidenciais portuguesas, eu, quase a fazer 11 anos, estive tão doente que caí à cama com o médico a ser chamado frequentemente. Nada físico eu tinha. Tinha ansiedade, medo e calculo que já uma depressão. O médico dizia que eram nervos! Mas eu sabia a razão e não a contei a ninguém. Só falei disso para a RTP, via telefonema, à esposa e à filha do General Humberto Delgado, num programa de Manuel Luís Goucha.
O General Humberto Delgado foi uma esperança, primeiro e, depois uma dor pelo seu assassinato pelos fascistas portugueses.
Nunca lidei bem com a ditadura, a prepotência, a falta de liberdade, as prisões políticas, os cuidados que o meu pai tinha em se fechar a sete chaves, todas as portas de casa, quando recebia gente para conversas com camaradas do partido, familiares e para tertúlias com as várias classes artísticas que se reuniam na nossa casa.
Era menina, mas apercebia-a da gravidade da nossa situação política e vivia com ansiedade pelo dia da revolução que nos conduziria à Liberdade e a todos os Valores da Democracia, que essa Liberdade nos traria.
Após o 25 de Abril eu lutei como podia para ajudar a melhorar as condições do povo português. E as Eleições eram sempre um acto e ritual não só com uma imensa alegria, mas com uma espécie de majestade e dignidade. Eu era feliz!
De há uns anos para cá, como não sou tola como pareço, percebi que a Democracia estava a "desmocratizar-se" cada vez mais e Portugal a perder mais do que a sua Liberdade. Estava a perder a sua identidade e independência. Os portugueses vivem com pavor nos empregos, já têm medo de falar e eu cheguei, há anos, a ser ameaçada de perder o meu posto de trabalho se voltasse a manifestações e continuasse militante do meu BE. Foi durante o primeiro Governo de coligação, PSD/CDS. A senhora chamava-se Isabel Soares Carneiro e fez da minha vida laboral, um horror, ao ponto de eu só pensar em suicídio e vir a ter um enfarte à entrada do edifício onde trabalhava. Eu era das melhores e mais competentes funcionárias. Mas ela descobriu que eu era do Bloco de Esquerda porque teve que autorizar a minha ausência para fazer a campanha das primeiras Eleições Autárquicas do BE.
A partir dos meu problemas de coração e do ambiente no trabalho, e por motivos de saúde, fiquei impedida, pelo Cardiologista, de participar em manifestações. Tinha tido duas cirurgias cardiovasculares e os médicos não me permitiam determinados ambientes e vivências.
Reparei que estou sempre em depressão grave durante as últimas campanhas eleitorais. Eu ajudava nos concelhos de Setúbal, Seixal, Almada... e Lisboa, minha terra Natal! Agora não participo em nada! Não posso! E o facto de não andar na rua a estar activa e a fazer a minha campanha, obriga-me a estar em casa e a ouvir as aldrabices, as barbaridades... Não aguento!
O poder do povo reside no acto eleitoral. O povo tudo pode com o seu voto. Não estamos bem; votemos de forma diferente. Votemos naqueles que nunca nos deram motivos para perdermos o que conquistámos com as nossas lutas.
CARAMBA! ESTÁ NA HORA DOS QUE NÃO VOTAM IREM ÀS URNAS E VOTAREM. NÃO EM BRANCO! NÃO FAZEREM VOTO NULO!
VOTEM! Votem por vós, uma escolha vossa, em consciência, não ditada por marcelistas manhosos, cheio de lábia e truques... Ou outros no género.
Não se fiquem pelas escolhas dos que vão votar! Votem pelos vossos corações, razões e cabeças!
Estamos cada vez mais pobres, cada vez mais doentes e sem recursos, cada vez mais desempregados ou repatriados, sem o calor da família, sem o calor da terra que nos está no sangue. Sem o carinho do nosso pai ou o colo da nossa mãe. Ou dos nosso filhos, como eu.
O meu filho quer estar na sua terra com a sua mãe. E não é o único que, tendo-se formado com boas notas, teve que ir "matar" as necessidades primárias, como o direito à alimentação, a construir família, a pensar num futuro... para uma terra que dista, por voo, 5.776 kms, distância impensável para uma mãe claustrofóbica e alérgica a ar-condicionado fazer para poder visitar o seu filho e ver o seu neto que estará, brevemente, para nascer.
Votem pela Democracia! Votem por Vós mesmos!
Votem para voltarmos a sentir que somos tratados com dignidade!
JOÃO
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