Bloco propõe comissão parlamentar de inquérito
07-Feb-2010
Francisco Louçã anunciou que o Bloco de Esquerda vai propor a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito, para esclarecer a intervenção do governo em relação à TVI.
Segundo a agência Lusa, Francisco Louçã apresentou a proposta do Bloco em conferência de imprensa e justificou-a com os extractos do despacho do juiz do caso Face Oculta, divulgados na passada Sexta feira pelo jornal Sol, segundo os quais o magistrado considera haver "indícios muito fortes da existência de um plano", envolvendo o primeiro-ministro, José Sócrates, para controlar a estação de televisão TVI.
"O primeiro-ministro já foi confrontado no Parlamento sobre se conhecia ou não a compra da TVI. E o primeiro-ministro faltou à verdade ao Parlamento. Disse-o de uma forma bastante económica algum tempo mais tarde, dizendo que não tinha tido conhecimento oficial. Mas, portanto, tinha conhecimento. O que houve de novo na sexta feira foi um documento de um tribunal. Não foi a divulgação de escutas, foi um documento de um magistrado, uma opinião fundamentada de um magistrado e ela nós tomamos em consideração", disse Francisco Louçã.
Para o Bloco a questão judicial está encerrada e é "totalmente infundado" que a informação divulgada contenha indícios de um "eventual crime contra o Estado de Direito, que na nossa ordem jurídica quer dizer crime de terrorismo", disse Louçã.
"Os tribunais superiores decidiram que não haveria outras investigações criminais decorrentes dessa matéria. Por nós, o processo judicial está encerrado. Não pedimos que se reabra e achamos que é medíocre quem, perante a sua fragilidade política, acha que os tribunais devem intervir na política com os critérios da política".
"O que nós temos é de outra natureza, mas é maior, é mais importante, porque tem que ver com a liberdade e a forma como o Governo, com toda a lisura e equilíbrio, tem de actuar perante todos os órgãos de comunicação social", acrescentou.
A constituição de uma comissão parlamentar de inquérito exige um mínimo de 46 deputados. Francisco Louçã espera que não existam dificuldades para a constituição da comissão e que o próprio Partido Socialista a viabilize, já que se trata de clarificar as relações entre o Estado e a comunicação social, neste caso concreto.
"Faço um apelo forte a todos os partidos parlamentares para que esta comissão possa funcionar num prazo curto, possa ouvir quem tem de ouvir e possa esclarecer os portugueses sobre se, sim ou não, houve uma intervenção do Governo para determinar, condicionar ou influenciar a compra de um canal de televisão por razões de influência sobre a sua linha editorial", disse.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito é a saída política para este caso que está a ser julgado em praça pública e com vários pedidos por parte de alguns portugueses para intervenção do Presidente da república, demissão do Governo, etc.. Eu sou contra julgamentos populares. Os julgamentos são feitos pelos tribunais. Quando se trata de uma dimensão já política, então cabe à Assembleia da República representar-nos e, através de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, apurar o que agora nos preocupa tanto. Desde Sexta-Feira que eu só ansiava por isso. Espero que o BE jogue tudo para conseguir a anuência dos quase 50 deputados para que a Comissão seja aprovada, para bem da liberdade de imprensa, da democracia e da ética política. A Governação de um país, com tantas dúvidas que recaem sobre os governantes, não pode passar sem ser investigada! Temos esse direito!
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