A violência, quer ela seja física, psicológica, sexual o de ordem financeira, é sempre, em qualquer faixa etária, uma situação horrorosa.
Já no começo do fim de uma vida sofrer de maus tratos é, sem dúvida, um crime muito cruel. E é um crime público.
Se suspeitas que à tua volta conheces algum dos casos descritos nesta matéria jornalística que vem no Esquerda.Net, não te cales. Denuncia-o!
Aliás, qualquer tipo de violência em qualquer tipo de faixa etária é para ser denunciado, se o próprio que o sofre em silêncio o não fizer.
Eu própria já denunciei violência física grave. Perante a chegada da polícia, a pessoa vítima dessa violência, mesmo depois de ter acabado de ser agredida durante horas, anos a fio, disse que não tinha nada a declarar.
Depois disso o agressor já não se ouve partir tudo e bater. E a então vítima também deixei de a ouvir gritar e pedir ajuda.
Mas se essa pessoa for encontrada morta, eu não ficarei com problemas de consciência. Fiz o meu dever. Quando a violência doméstica se tornou num crime público, eu que tinha passado anos a chorar com pena dessa pessoa e dos filhos, ainda estive muito tempo sem tomar a atitude certa: chamar a GNR. Mas vivia com a angústia de a pessoa morrer e com a culpa de me sentir responsável pelos actos de agressão continuarem, até porque um dia um dos filhos me disse: você é que tem a culpa porque podia chamar a polícia…
E olhem que eu não era a única pessoa que ouvia as agressões, nem no prédio, nem na rua!
JOÃO
Um em quatro idosos foi vítima de violência no último ano
15-Feb-2010
Em Portugal, um em cada quatro idosos foi vítima de pelo menos um acto de violência ao longo do último ano, de acordo com as conclusões de um estudo europeu que analisou o fenómeno da violência na terceira idade.
O mesmo estudo, citado pela TSF, concluiu ainda que quatro em cada dez idosos foram, em algum momento, alvo de maus tratos físicos, psicológicos, sexuais ou financeiros durante a vida.
As conclusões do estudo revelam o âmbito da presença da violência na vida destas pessoas fornecendo dados preocupantes.
O estudo europeu concluiu que mais de um quarto da população portuguesa com mais de 60 anos foi vítima de um acto de violência física, psicológica, sexual ou financeira, ao longo do último ano.
Pela primeira vez foi analisado o fenómeno da violência na terceira idade, concluindo-se que 4 em cada 10 idosos portugueses foram alvo de maus tratos, nalgum momento durante a vida.
De acordo com Henrique Barros, coordenador do estudo em Portugal, a violência faz parte da vida de muitos idosos no nosso país, verificando-se em cerca de 40 por cento das pessoas que estão na terceira idade. Os maus tratos psicológicos são os mais frequentes, sendo o agressor considerado íntimo da vítima.
«São as pessoas que tomam conta dos idosos, que na maior parte dos casos, eram filhos ou o parceiro», explicou o professor da Faculdade de Medicina do Porto, em declarações à TSF.
A violência atinge sobretudo as mulheres, mas o número de vítimas masculinas surpreendeu os investigadores.
Henrique Barros referiu ainda que «este trabalho mostrou, pela primeira vez, na Europa em geral, que uma proporção importante de homens também são vítimas de violência: 15 por cento são homens e 25 por cento são mulheres».
O estudo europeu incidiu também nas doenças associadas à violência que, muitas vezes, passam despercebidas, como é o caso das depressões ou das perturbações no sono e no sistema digestivo.
«Estamos a falar de sofrimento que é processado intimamente e que depois emerge sob forma de doenças que nós consideramos banais e que habitualmente nem sequer associamos à violência», avançou o especialista.
Para além de Portugal, o estudo passou pela Suécia, Lituânia, Alemanha, Grécia, Itália e Espanha. Dos 7 países estudados, Portugal não apresenta os piores resultados, mas destacou-se pela negativa entre as nações do sul da Europa.
Esta foi a primeira vez que a violência foi estudada na Europa com o mesmo método e o mesmo tipo de amostra – a população em geral, e não grupos sociais frágeis – tendo sido realizados cerca de 700 inquéritos em Portugal.
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