sábado, 4 de fevereiro de 2012

Rosinda Beltrão: Senhor Primeiro-Ministro (...) mas deixe este nobre povo ter o direito à sua Alegria, o direito a Viver, o direito a ser Feliz!


Partilho de Rosinda Beltrão, que escreveu no Facebook, uma carta aberta ao primeiro-ministro, que adorei. Excelente texto!
Passos Coelho vai ter conhecimento dele... Ele tem pessoas que estão a trabalhar para serem os seus olhos e ouvidos.
A Rosinda Beltrão confessou que está a sentir é uma raiva imensa ... E que escrevendo, sai-lhe parte do que sente, embora pense que nada resolva.
Eu não acredito que nada resolvam os nossos desabafos e atitudes. Eu sempre acreditei que cada um de nós pode fazer a diferença. Mas temos todos que pensar como tu, como eu e como muitos que acreditam que temos deveres e direitos e que, usando-os, cumprindo-os, podemos mudar alguma coisa.
Mesmo sabendo que Passos Coelho não mudaria nada se lesse o teu texto, todos nós, como parte do povo deste país a caminhar para o 24 de Abril, não podemos calar nem desistir nunca de sermos agentes activos na construção de uma sociedade mais justa, de exercemos a nossa cidadania e de conseguirmos reunir as forças necessárias para gritarmos “BASTA” e sermos ouvidos e temidos...
Eu também não sou de sentir raiva. Mas, últimamente é, infelizmente, o que eu mais sinto: RAIVA! Mas deste governo mentiroso que enganou quem votou em Passos Coelho.
Gostava de conseguir escrever assim, como a Rosinda Beltrão. Tudo o que ela escreveu é o que eu sinto e, penso, o que todos nós sentimos.
À Rosinda Beltrão, com muita admiração, muito obrigada!
E a ti eu vou pedir para partilhares e divulgares o mais que puderes, salvaguardando a autoria, obviamente.
JOÃO

Rosinda Beltrão
Senhor Primeiro-Ministro

Dr. Passos Coelho

Dir-lhe-ei aqui as palavras que nunca V.Exa. lerá porque não me conhece e eu não o conheço a si.

Tenho contra mim vê-lo todos os dias na televisão, o mesmo não lhe acontece a si.

Não me vê, não sabe o que penso, não sabe quem sou, para si não passarei de um número de cidadão nacional, de contribuinte, de pensionista, de beneficiário e de eleitor!

Importaria a V.Exa., mais do que tudo, que eu representasse um número de eleitor a seu favor, mas nem isso sou, não votei em V.Exa., nem nunca votarei, e olhe que raramente eu digo a palavra nunca ...

V.Exa. não me conhece, como não conhece a maioria deste nobre povo.

Mas eu digo-lhe aqui, aquilo que nunca saberá entender ...

Este povo que o senhor visitou bem resguardado na campanha eleitoral e lhe mentiu por omissão, não merece o ódio e desprezo que V.Exa lhe dispensa.

O senhor foi eleito por uma minoria deste nobre povo e a isso chama a sua maioria, está no seu direito.

Só não tinha o direito é de ter mentido ao dizer que não iria fazer o que afinal, mal sentiu o poder, fez!

Não tinha o direito de ter omitido a este nobre povo que iria cortar os seus ordenados, as suas pensões, os seus subsídios, o direito à saúde onerando-o, o direito à habitação tornando-o insustentável, o direito à educação obrigando milhares a desistirem, o direito ao trabalho, colocando milhares no desemprego e na precariedade.

O senhor não quer ver este país de mão estendida face a instâncias internacionais, mas quer ver todo um povo de mão estendida não perante si, porque passará bem ao lado e dormirá bem descansado, quiçá de mão estendida à caridadezinha de uma qualquer misericórdia.

O senhor pede solidariedade e esperança a este nobre povo e tira-lhe toda a dignidade e identidade.

O senhor tira-lhe o direito ao descanso e à alegria, até.

Saberá o senhor as características deste nobre povo que embora goste muito dos desamores do seu fado, é também um povo que gosta de se divertir para esquecer as amarguras da vida.

Veja bem as capacidades deste nobre povo que embora com tudo o que o senhor lhes reserva de ruim, ainda consegue investir na brincadeira de se mascarar, de fazer coreografias e caricaturas da sua própria vida!

Este nobre povo que o senhor está a reduzir à maior pobreza, nunca viveu acima das suas possibilidades.

Vivia com o que tinha e que agora o senhor fez o favor de retirar.

Só por isso é que não tem ...

Viva o senhor a sua vida de novo rico, sem dificuldades, sem contar cêntimos, mas deixe este nobre povo ter o direito à sua Alegria, o direito a Viver, o direito a ser Feliz!

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