sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Artigo de Carlos Santos: UM PRESIDENTE CONTRA A AUSTERIDADE E O FMI | ESQUERDA


JANEIRO

2011




Portugal continua a ser alvo de uma poderosa campanha para pedir o resgate financeiro e a entrada do FMI.

Quem desenvolve esta campanha são, em primeiro lugar, os grandes bancos especuladores europeus, como o Deutsche Bank, o maior banco privado alemão e um dos maiores da Europa e do mundo. Um alto quadro desse banco, Thomas Mayer, veio declarar ublicamente que os mercados financeiros levantam “grandes interrogações sobre Portugal, e esperam que, mais cedo ou mais tarde, o País tenha de recorrer ao fundo de resgate europeu, e acham que devia fazê-lo rapidamente”. O Deutsche Bank joga um papel chave nos mercados financeiros e quer garantir a subida dos juros da dívida portuguesa. Aliados aos seus grandes bancos especuladores estão os Governos de direita da Alemanha e da França, assim como a Comissão Europeia igualmente de direita, com os seus programas de mais privatizações e de ataque à Europa social. Com a entrada do FMI e o recurso ao fundo de resgate financeiro europeu, a política de austeridade para a maioria do povo seria prolongada e seriam impostas novas e mais gravosas medidas, assim como assistiríamos a renovados ataques aos direitos dos trabalhadores e aos serviços públicos, como vimos acontecer na Grécia e na Irlanda.

Perante as constantes pressões, chantagens e ameaças, o Governo, com o apoio do PSD, tem vindo a aplicar as medidas de austeridade, os aumentos de impostos e os cortes sociais reclamados pela banca, pela comissão europeia e pelos governos francês e alemão. O Governo do PS tenta provar que aplica a receita imposta, sem ser preciso o FMI. O PSD, como não está no Governo e quer para lá voltar rapidamente, procura por todos os meios que o FMI entre, para com essa muleta impor o seu programa, que anunciou nas propostas de revisão constitucional, nomeadamente a liberalização dos despedimentos e a ofensiva deliberada contra o Serviço Nacional de Saúde.

Cavaco Silva, que apoiou fortemente a política de austeridade do Governo, é na Presidência um defensor do conservadorismo e um grande apoio a todas as medidas contra o Estado Social.

Manuel Alegre, pelo contrário, defende o Estado Social e os serviços públicos, é contra a política de austeridade e contra a entrada do FMI. Opõe-se à liberalização dos despedimentos, como se opôs aos Códigos de Trabalho de Bagão Félix e Vieira da Silva. Na Presidência, Alegre seria um elemento chave na resistência à política neoliberal.

O voto em Alegre é, pois, um voto em defesa dos direitos sociais, um voto contra a austeridade, um voto contra o FMI. É ainda um passo importante na luta por uma esquerda grande, por uma ampla frente de luta contra o neoliberalismo.

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