domingo, 23 de janeiro de 2011

Artigo de Opinião de Jorge Costa: "O Voto Branco Tem Poder?" | Esquerda.Net

Falsas campanhas põem em causa a democracia. Mentiras que só podem fazer com que Cavaco Silva seja reeleito à primeira volta.
Se queres verdade e transparência na vida política e social do nosso país, vai votar e não votes em branco, não faças um voto nulo...
Lê este artigo do deputado do Bloco de Esquerda, Jorge Costa. Ele dá as respostas...
Pela democracia, vai VOTAR!
JOÃO


O voto branco tem poder?

É de respeitar a posição de quem prefere não optar, mas o voto branco não funciona para quem quer tomar posição na luta social e política.
opiniao | 13 Janeiro, 2011 - 01:12
Por Jorge Costa

É de respeitar a posição de quem prefere não optar, mas o voto branco não funciona para quem quer tomar posição na luta social e política.

Uma impressionante cadeia de emails anónimos tem divulgado uma mentira. Um apelo ao voto branco "contra estes políticos" garantia que, "se a maioria da votação for de votos em branco, são obrigados a anular as eleições e fazer novas, mas com outras pessoas diferentes nas listas".

Tanto circulou a mentira, que a Comissão Nacional de Eleições teve de lançar um esclarecimento sobre a lei: os votos em branco e os votos nulos não têm influência no apuramento dos resultados - será sempre eleito, à primeira ou segunda volta, o candidato que tiver mais de metade dos votos expressos, qualquer que seja o número de votos brancos ou nulos.

Os votos brancos e nulos já atingiram percentagens importantes. Somados, em eleições presidenciais anteriores, chegaram a 2% a 3%, ultrapassando mesmo alguns candidatos. Cabe perguntar: quem o recorda? Quem se incomodou? Quem vibrou e quem tremeu? Os votos brancos e nulos são uma má opção de protesto, desde logo porque podem não ser protesto nenhum. São apenas uma expressão vazia, onde cabe o apelo autoritário, a hesitação radical (que não se decide a tempo), a desilusão do momento e a confusão com a abstenção. É de respeitar quem prefere não optar, mas o voto branco não funciona para quem quer tomar posição na luta social e política.

À esquerda, o apelo ao voto branco é uma desistência absoluta. Nestas presidenciais, a direita e a burguesia portuguesa unificaram-se na candidatura de Cavaco Silva. É o candidato da austeridade, da "recessão-que-cura", do "ajustamento no factor trabalho", dos CEO e dos accionistas de referência. Manuel Alegre foi sempre uma voz de divergência com a capitulação perante o liberalismo, uma garantia na defesa dos serviços públicos, uma voz em defesa dos direitos do Trabalho.

Neste quadro, o Bloco teve sempre clara a sua opção. E cada homem e mulher de esquerda assumirá a sua responsabilidade. Contra Cavaco, contará cada voto que não seja nele. E todos contam. O voto branco é que não.

---------------------------------------------------------------------------------------
Sobre o autor


Jorge Costa

Dirigente do Bloco de Esquerda. Jornalista.


3 comentários:

  1. É incrível como o Bloco se está a transformar. E não é para melhor! Custa-me tanto dizer isto, João. A sério! Eu sempre me identifiquei com uma esquerda "alternativa". Lembra-se do PSR?! Eu nunca pertenci a nenhum partido, mas fui várias vezes a reuniões e acções de luta do PSR. Sentia-me bem a divulgar aquelas formas de vida. Depois surge o Bloco e eu até me entusiasmei, no princípio! Mas depressa me desiludi. Eu sei que é difícil explicar isto, mas quando descobri o seu blog senti uma simpatia enorme. Depressa descobri que esta esquerda tem tiques de outras esquerdas menos interessantes, tiques que, provavelmente, segundo alguns(muitos), são inevitáveis com este crescimento. Descobri-o no dia a dia, não foi com o seu simpático blog. Mas basta lê-lo para perceber o que estou a descrever. E, acredite, João, que isso é um grande elogio ao seu blog. Eu não leio qualquer merda, com esta atenção. Quem me mandou ler os livros do Trotsky? Agora ninguém fala neles... Nem mesmo o Chico, que continua a ser trotskista, mas não convém dizê-lo por causa dos militantes novos, e dos votos.Não leve a mal, a sério. Eu vou continuar a seguir o seu blog, mesmo com petições que eu nunca assinaria em qualquer circunstância. Um abraço de esquerda, apesar de tudo! beijos.

    ResponderEliminar
  2. Hugo,
    Eu uso o tratamento mais familiar. Tive uma grande influência britânica, onde acabei a minha formação académica e onde o tratamento é só um. E, aqui, neste espaço informal, não dá para nos tratarmos sem ser por tu.
    Obrigada por me leres. Mas eu tenho tido, há muitos anos já, espaços na Net não para convencer ninguém, mas para fazer cpmoapnhia a quem me quiser ler e para alertar para coisas que muitas vezes só se aprendem com o calejamento da vida, com as experiências e o amadurecimento. E, se ninguém me ler, não me importo. Estou a desabafar e a fazer algo de que gosto, em vez de andar a dizer mal de pessoas, ver programas de televisão palermas, etc..
    Não sou boa a escrever. Era muito boa a Matemática, Física, Química e Desenho. Aluna de vintes! Não consigo decorar muito bem. Mas tenho uma aptidão para a lógica, coisa que eu temo perder pois penso que vou acabar com a doença de Alzheimer. O meu discurso já é difícil, as palavras escasseiam e, às vezes, nem me consigo fazer, verbalmente, compreender...
    O que o Nuno sentiu, senti eu na UDP, onde militei desde o início da mesma, em Lisboa. Estive um pouco afastada porque eu não sou fundamentalista, nem extremista e detesto todo o tipo de radicalismos. E eu queria uma esquerda mais abrangente. Nunca me vi no PCP e nem me vejo comunista. Eu sou socialista, mas nunca do PS. O meu filho, sim, era PSR e eu admirava e ainda admiro o homem que considero o político português mais genial do nosso tempo: Francisco Louçã. É, sem dúvida, um génio! Conheço-o bem pois convivi muito com ele.
    Voltando à militância, o Bloco de esquerda veio responder aos meios anseios e à minha luta. Penso que contribuí um pouco para a ideia da formação do BE.
    O Jorge Costa é um amigo que eu muito admiro. E não percebo o que está mal no artigo dele.
    Mas é normal que pensemos todos de maneira diferente.
    Mesmo dentro da mesma família política, não há duas pessoas completamente iguais. E eu sou exemplo de não seguidismo cego até ao dirigente Francisco Louçã, com quem já tive divergências. Cheguei a contestá-lo por telefone, por escrito, pessoalmente. Mas nunca achei que ele estava errado ou que eu estava errada. Temos algumas divergências. Mas devemos unir-nos naquilo em que convergimos. Isso é que conta. Não pode haver um partido para cada pessoa! E só na política, podemos mudar o mundo à nossa voltar. Não participando, não fazemos nada. Somos carneiros que seguimos o rebanho maior, ou seja, as maiorias. E as maiorias não me dão confiança e metem-me medo.
    Amanhã vou estar em jejum e depois de amanhã vou fazer um exame. Só lá para 5.ª feira é que irei escrever sobre as eleições e o que penso delas. E penso de forma diferente de toda a gente que discursou e comento...pelo menos em muitos pontos.
    Eu, desde que escrevi o meu último post, que foi este, não voltei a abrir o PC.
    Talvez ainda escreva qualquer coisa hoje. Depende de como eu estiver... Mas estou muito em baixo e muito desiludida com o povo português que não aproveita o enorme bem que tem em poder viver em democracia e celebrar essa democracia com um voto em cada eleição, um voto legítimo, mesmo que seja escolhido entre a candidatura que se desgoste menos. Não se pode reclamar com votos brancos, nulos ou abstenção. Assim temos a escolha da maioria dos que votam mesmo em alguma candidatura e estamos tramados... ou não!
    Eu estou tramada, pois fiquei com um Presidente que não é o meu presidente, porque o presidente de todos os portugueses não faz os discursos que Cavaco Silva fez, depois de ter sido reeleito.
    Beijos, também da
    JOÃO
    PS:
    Nunca releio o que escrevio antes de mandar. E raramente releio depois. Escrevo como se estivesse de papel de caneta de tinta permanente...
    Por isso, peço desculpa de erros e gralhas.

    ResponderEliminar