Em países da Europa evoluída, democrática e rica, Portugal ou nem era conhecido como país – era uma província de Espanha –, ou um país hediondo que ainda mantinha as suas colónias, isto para os mais virados para a política e para o social.
Em 1968 tive a oportunidade de conviver com pessoas de vários países da Europa, que estavam, como eu, a estudar em Inglaterra.
Sei do que passei para me afirmar como uma pessoa de bem de um país que a única virtude era ter a Amália, o Eusébio e o Benfica, este por arrastamento do Eusébio, claro.
Todos queriam o extraordinário Eusébio. Salazar não o deixava sair de Portugal. E era uma mais valia por ser um preto de excelência num país que mantinha uma guerra colonial.
Estive 6 anos em Inglaterra. E, sempre que conhecia uma pessoa, era do Eusébio que me falavam. Até quando, no meu exame oral e final de curso, em que eu tive três temas para preparar à minha escolha, e escolhi Camões quando o professor me deu a oportunidade, assim que ele viu que eu era portuguesa desistiu de Camões e falando no grande Eusébio me obrigou a fazer no exame sobre Salazar, as colónias e a falta de garra para fazermos uma revolução pela democracia.
Com a minha idade, a caminho dos 65 anos, e sportinguista por seguir o meu pai que me levava ao futebol, apesar de ele ser um intelectual, vi o Eusébio em campo, ao vivo e a cores e, conforme amo o Ballet, aprendi, também, a ver a beleza da dança mágica que é um jogo de futebol e a amar o Eusébio e respeitar o adversário.
Aprendi a respeitar todos os clubes adversários pois, se eles não existissem, não haveria competição, não haveria espectáculo. Nunca vi o futebol como uma competição agressiva, mas como um espectáculo maravilhoso.
Deixei de ir ver o espectáculo do futebol. Não faço parte do colectivo agressivo e deselegante que vai ao futebol e estragou o que de melhor o espectáculo tinha: a convivência saudável, libertadora, ao ar livre...
Mas o Eusébio fará parte da beleza que o futebol tinha naquela época em que o desporto era valorizado de outra forma e não era o negócio por de trás de outros interesses...
PARABÉNS ao Eusébio pelos seus 70 anos!
JOÃO
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