quinta-feira, 2 de junho de 2011

Miguel Portas: Governo? Primeiro Ministro? Ou Um Regime de Credores?

Excelente título para mais um excelente artigo de Miguel Portas!
No dia 5 de Junho próximo, vamos todos que ir às urnas com uma responsabilidade acrescida, talvez a maior nas nossas eleições livres.
Portugal nunca precisou tanto de nós e do nosso bom senso.
E o bom senso não está em irmos votar, contra nossa vontade, dando um voto em quem não queremos, apenas para que A, B ou C não sejam eleitos. A isso chama-se o tal voto útil.
Nunca votei útil. Sempre votei em consciência do que é melhor para Portugal e os Portugueses. E o melhor é mantermos os nossos brilhantes deputados que não fazem jogos de poder, mas estão no poder por missão, por serviço público.

No meu caso e no de familiares muito próximos, esses deputados são os do Bloco de Esquerda.
No caso de alguns familiares outros familiares, esses deputados são da CDU (PCP + PEV).
Não caiam na tentação de votarem PSD para derrubar Sócrates. Nem PS para derrubar Passos Coelho. Nem CDS para garantirem uma coligação de direita ou centro-direita.
Votem na esquerda democrática pois, se não forem esses os deputados que escolhemos, então mais vale dizermos adeus, de vez, ao nosso país, cada vez mais injusto, desigual, corrupto...
Lê esta Notas de Miguel Portas com atenção e reencaminha-as.
Vota em consciência!
Vota útil, mas para ti e para Portugal!
JOÃO


Notas de
Miguel Portas

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por Miguel Portas a quinta-feira, 2 de Junho de 2011 às 17:53
1. O que está em causa nesta eleição é, desde logo, um programa de governo – o da troika. Desta vez, não há lugar ao habitual “prometo mas não cumpro”. Aquilo é mesmo um programa com medidas rigorosamente calendarizadas. Apesar disso, só a esquerda o discutiu. O tripartido que assinou o Memorando de cruz, desconhecendo o seu preço em juros, fez tudo o que pôde para esconder dos eleitores o elenco das malfeitorias que subscreveu. Só por isso não merecem o seu voto.

2. Ao contrário do que se possa pensar, não há nenhuma questão de governo nesta eleição. O programa da troika foi escrito em Bruxelas, a conselho do FMI e do Banco Central Europeu, que já é o nosso principal credor (uma parte nada interessada, está bem de ver). Esse programa será diariamente monitorizado em Bruxelas e fiscalizado em Lisboa a cada três meses. Chamar “governo” à administração local responsável pela sua execução é no mínimo exagerado. Classificar de “primeiro-ministro” a criatura que irá a despacho, é, no mínimo, uma piada de mau gosto. Eles, os do meio, não merecem o seu voto. Não merecem, sequer, metade dos votos que têm obtido.

3. Na verdade, temos uma questão de regime, o que é bem mais do que uma questão de governo. Quem decide não vai a votos, antes se plebiscita através dos votos nos partidos colaboracionistas. Quem decide não é controlado, controla. Quem decide, abre e fecha a torneira das tranches de financiamento em função das condições políticas que considere úteis ou necessárias - exactamente o que está agora a suceder na Grécia, onde o FMI condiciona os euros a um apoio de bloco central à Austeridade. Quem decide, numa palavra, são os credores. O regime saído desta relação de forças é um regime de credores.

4. Há quem, em Bruxelas, deseje a nomeação de um alto-comissário, ou seja, de um “governador”. Não é preciso. Um poder sem rosto é bem mais eficaz. A política reduzida à burocracia atinge o seu esplendor: vende-se a si própria como técnica. Neste regime, o soberano é o eurocrata. Mas ele ainda precisa dos colaboracionistas para se legitimar. Até por isto, no dia 5 eles não merecem o seu voto.

5. Mexa-se. No domingo levante-se e "deite". Ninguém pode alegar ignorância. Ninguém pode dizer "fui enganado". Quem votar no tripartido da troika sabe que vota contra si próprio - na redução dos salários e pensões reais, nos cortes em educação e na saúde. Sabe que cai o abono de família e a acção social escolar do mesmo modo que aumentam as taxas moderadoras, a electricidade e o IVA... e já agora o desemprego, consequência maior da recessão que este programa provoca. Não, ninguém pode alegar ignorância. Só compra quem quer.

6. A dificuldade desta eleição é com a abstenção. São muitos os que pensam não valer a pena ir votar porque já está tudo decidido. São homens e mulheres castigados pela crise, punidos pela vida, que desacreditam. São jovens condenados à precariedade, que lhes aparece como superior às suas próprias forças, ou idosos que vêm a vida a andar para trás e não encontram, dentro si, as energias para mais esta batalha. Todos, sem excepção, sabem que não irão votar contra si próprios. Mas todos, sem excepção, duvidam que valha a pena votar. O pior da troika, o pior do Protectorado é precisamente isto: pôr as pessoas a duvidar de si próprias e das virtualidades da democracia. Mas é precisamente esta a melhor razão para que ninguém lhes torne a vida mais fácil.

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