2010
Os quatro maiores bancos privados, que actuam em Portugal, tiveram nos primeiros nove meses deste ano lucros no montante de 1.122 milhões de euros, ou seja mais de quatro milhões por dia. A crise que o país vive tem dois lados: aumento do desemprego e agravamento das condições de vida da maioria dos portugueses, por um lado, aumento dos lucros da banca, por outro. É esta a realidade, que o orçamento e as medidas votadas por PS e PSD ainda agravam brutalmente, com os cortes em salários, serviços públicos e apoios sociais e com o aumento de impostos. A banca, o sector mais privilegiado entre os privilegiados, sempre tem pago impostos reduzidos, abaixo da lei, e o orçamento do bloco central garante a continuidade dessa situação.
Porém, apesar de todas as medidas apontadas pelos “intérpretes”, ou porta-vozes, dos chamados mercados financeiros estarem a ser aprovadas pelo Governo, com o apoio do PSD, os juros da dívida portuguesa não descem. Diziam que era preciso tomar medidas dolorosas para “acalmar” os mercados - o Governo anunciou o PEC3; passaram a reclamar a aprovação de um orçamento - depois de aprovado na generalidade os mercados afinal não se “acalmaram” e os juros da dívida continuaram altos e mesmo a subir. Há quem defenda a necessidade de intervenção do FMI, mas basta ver a situação da Grécia para perceber que essa intervenção imporá medidas ainda mais gravosas contra quem trabalha, mas não garante qualquer baixa dos juros da dívida. Como se sabe a mentira tem perna curta...
Os mercados financeiros são os bancos e são eles que estão a impor a subida dos juros, a qual é apenas um objectivo em si e pouco tem a ver com a credibilidade dos países devedores. E os bancos nos mercados financeiros só podem continuar a impor a subida porque a União Europeia, sob o comando da direita de Merkel, Sarkozy e Cameron, está a aplicar uma política para fazer recair a crise sobre quem trabalha e salvar os fabulosos lucros da banca. A Comissão Europeia, presidida pelo amigo de Bush e Aznar, é a cara dessa política e a instituição que mais fomenta a especulação e a chantagem.
A esta política de austeridade para os pobres, imposta à força e difundida como inevitável, há que responder que há alternativa. O Bloco de Esquerda apresentou 15 medidas alternativas ao OE 2011, que garantiriam o crescimento económico e a diminuição de despesas e aumento de receitas públicas. A mudança fundamental é atacar interesses instalados e que estão a ser privilegiados pelo bloco central.
O caminho para conquistar essa mudança depende da cidadania. Depende do protesto e da rejeição da política do Governo e do bloco central, por parte de quem trabalha. Por isso, é tão importante a greve geral de 24 de Novembro. Se as cidadãs e os cidadãos se calarem e submeterem passivamente, então ao PEC3 seguir-se-á o PEC 4, com mais cortes nos direitos e nos serviços públicos...
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