segunda-feira, 30 de abril de 2012

Homenagem a Miguel Portas Encheu o São Luiz | Esquerda.Net


Esta homenagem foi ontem.
As lágrimas vão secando. A imagem do Miguel Portas continua presente na mente de quem o amava e admirava.
A vida continua e eu vou tentar conter-me a colocar, aqui, mais "posts" sobre o Miguel Portas. Tenho que me proteger, pela minha saúde, pela minha família.
Sobre o Miguel Portas, está quase tudo na Esquerda.Net.
JOÃO

Homenagem a Miguel Portas encheu o São Luiz

"Para o caso de isto correr mal", escreveu Miguel Portas ao escolher o Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, em Lisboa, para juntar amigos e família. O espaço foi pequeno e as portas da Sala Principal também se abriram para mais de mil pessoas assistirem às intervenções, músicas e imagens que evocaram a memória de um "sonhador incorrigível". [Fotogaleria de Rui Palha]
Frederico e André Portas na homenagem a Miguel Portas
no São Luiz. Foto Rui Palha
 
A sessão evocativa que Miguel Portas desejou em vida juntou cerca de mil pessoas ao longo da tarde de domingo. Com as imagens da sessão a serem projetadas numa tela do teatro, foi com a sua versão de "Traz um Amigo Também" que Mário Laginha abriu o programa desta homenagem. Os outros momentos musicais da tarde foram interpretados por Aldina Duarte, Tito Paris, Mísia, Khalil Ensemble e Xana. Rita Blanco leu algumas passagens do livro "Périplo", acompanhada da projeção de fotografias desse roteiro de Miguel Portas pelos países do sul do Mediterrâneo para o documentário com o mesmo nome. Impedido de estar presente em Lisboa na homenagem, o músico Zé Pedro, dos Xutos & Pontapés, gravou uma música com a banda "Ladrões do Tempo" e dedicou-a a Miguel Portas.
Marisa Matias, a eurodeputada do Bloco que o acompanhou durante o mandato, fez a primeira intervenção, lembrando Miguel Portas como "um sonhador absolutamente incorrigível" para quem "a política não era outra coisa senão as pessoas". Ruben de Carvalho referiu-se à música de abertura da sessão para dizer que trazer outro amigo "foi o que o Miguel fez toda a vida", recordando os quarenta anos de amizade e os muitos desacordos que também a foram construindo. Também António Costa lembrou a amizade antiga que mantinha com Miguel Portas e destacou a "personalidade transbordante de energia e criatividade, sempre em inevitável tensão com os limites inerentes às organizações em que militante e disciplinadamente se procurava enquadrar".
Os dirigentes bloquistas João Semedo e Francisco Louçã também intervieram na sessão, com o primeiro a destacar "o impulso da sua iniciativa solidária e generosa" que o fazia combater "sempre pelos de baixo". Louçã destacou o amor e "o romantismo de procurar os outros, de aprender com os outros" em todas as alturas da vida. "O romantismo de escolher e acreditar, arriscar e perder, arriscar e lutar", sublinhou Louçã, recordando o fundador do Bloco falecido a 24 de abril. Entre as duas intervenções, foi projetado o filme "O Miguel no Bloco", que regista algumas das intervenções mais marcantes do dirigente político e eurodeputado.
As intervenções da família couberam a Paulo Portas e aos filhos Frederico e André. "Adorávamo-nos para além de todas as diferenças, eu diria até um pouco mais, adorávamo-nos também por causa das nossas diferenças", disse Paulo Portas, numa intervenção emocionada. Os filhos de Miguel Portas, com 15 e 17 anos, recordaram o pai como um exemplo a seguir. "Em 1999 disse a uma revista ‘sou mau pai, mas hei de ser bom'. Remediou-se", disse André Portas, despertando risos na plateia.

(notícia atualizada às 11h40)
 
 
Para veres o Slideshow sobre a Sessão Evocativa, clica nesta hiperligação:http://www.flickr.com//photos/28931545@N06/sets/72157629927876005/show/

1º de Maio | Dia do Trabalhador | Não Faças Compras no 1.º de Maio! Respeita o Trabalhador!


Já que, quem de direito, não respeita mais o Dia do Trabalhador e as lutas que os trabalhadores tiveram ao longo dos tempos para merecerem este dia, respeita tu o Dia e o Trabalhador, não fazendo compras amanhã!

NÃO pode,
NÃO deve e
Não tem que valer tudo!!!

JOÃO

Info Esquerda.Net | Dossier: Miguel Portas (1958-2012)

  Tem dificuldade em ver este Email?

Homenagem a Miguel Portas encheu o São Luiz



"Para o caso de isto correr mal", escreveu Miguel Portas ao escolher o Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, em Lisboa, para juntar amigos e família. O espaço foi pequeno e as portas da Sala Principal também se abriram para mais de mil pessoas assistirem às intervenções, músicas e imagens que evocaram a memória de um "sonhador incorrigível".
Ler mais.

Dossier: Miguel Portas (1958-2012)

Neste dossier, divulgamos todos os artigos, vídeos, fotogaleria e notícias que o esquerda.net publicou em homenagem e evocação de Miguel Portas. Republicamos também alguns textos da sua autoria e relembramos ainda a sua últimas entrevista televisiva.Ler mais.

O Miguel no Bloco

Vídeo realizado para a sessão evocativa de Miguel Portas, com o registo de intervenções políticas do eurodeputado e fundador do Bloco de Esquerda.Ver vídeo.

 

Tribunal decide que entrega de casa ao banco liquida a dívida

O Tribunal de Portalegre decidiu que a entrega de uma casa ao banco liquida toda a dívida, no caso de incumprimento. Não é a primeira vez que a justiça decide a favor dos hipotecados. Bloco desafia Parlamento a aprovar proposta que garante que entrega de casa ao banco salda empréstimo.Ler mais.
                                        

Espanha: A causa real da crise financeira

Este artigo aponta como a aliança entre a banca alemã e a banca espanhola foi determinante para o comportamento especulativo desta última, sendo isso uma das causas mais importantes da crise financeira na Europa. Por Vicenç Navarro.Ler mais.

Universidades admitem punir os estudantes mais pobres

João Mineiro
As universidades tinham duas opções: exigir ao governo regras justas de igualdade no acesso ao ensino ou institucionalizar uma perseguição policial aos estudantes mais pobres. Parece que vão escolher a segunda.Ler mais.


 

30 de Abril

Sessão sobre nova lei das rendas

Organização: concelhia do Bloco de Esquerda de Lisboa.
Lisboa, sala da Biblioteca (Rua Maria da Fonte - Mercado do Forno do Tijolo - Anjos), 18h.

3 de Maio

Seminário: Pensamento Crítico Contemporâneo

Daniel Bensaid, cientificidade e contratempo no marxismo, por Carlos Carujo, e Possibilidades: anarquismo e antropologia em David Graeber, por Diogo Duarte. Comentário de Miguel Serras Pereira.
Mais
informações.
Lisboa, Auditório B103 do ISCTE-IUL (Av. das Forças Armadas), 18h.

domingo, 29 de abril de 2012

O Miguel no Bloco | Sessão Evocativa | Vídeo

Os Portas
Os Manos - Miguel, Paulo e Catarina -,
com o Pai Nuno Portas
(A foto tirei-a do facebook)

Os Filhos do Miguel Portas,  Frederico e André Portas,
na Sessão Evocativa.
(A foto tirei-a do Público on-line)

Acabei por ver a Sessão Evocativa pela RTP Informação.
Não se pode pedir a uma pessoa super sensível, como eu sou, não verta lágrimas porque o Miguel não era piegas!
Eu não sou piegas. Sou, como se costuma dizer, de coração ao pé da boca. Choro facilmente, quando sofro. Mas, também, sou de gargalhada fácil. Das primeiras a chorar; das primeiras a rir!
Quem conseguia estar a ver a sessão tão emotiva, sobre um ser tão especial e único, sem chorar?! Ver a família e os amigos a sofrerem com a partida?
As lágrimas secarão, claro. É um processo normal, diferente para cada caso. Umas vezes leva mais tempo; outras menos.
A saudade ficará.
O homem político fará falta ao país, num país onde a maioria dos políticos não devia estar na política e dão a esta um mau nome, uma fama do pior.
Eu amo a política. A política por missão, por causas, em favor dos mais fracos e desprotegidos. Por isso sou do BE e por isso amo os raros políticos como o Miguel Portas.
Este vídeo é uma parcela muito pequena do Miguel Portas. Mas uma grande homenagem por quem o decidiu tornar uma realidade e um trabalho imenso da parte de quem o realizou.
JOÃO

O Miguel no Bloco
Publicado em 29/04/2012 por
Vídeo realizado para a sessão evocativa de Miguel Portas, com o registo de intervenções políticas do eurodeputado e fundador do Bloco de Esquerda.

Sobre Miguel Portas | Francisco Louçã: Nunca Fica Tudo Dito | Notas no Facebook


Ao Francisco Louçã, na impossibilidade de ter estado presente na Sessão Evocativa dedicada ao Miguel Portas, o meu afecto pelos dois é tão grande e tão forte como aquele que me une aos meus irmãos. E por ser tão intenso, a dor de todos que amam o Miguel, como o Francisco, é-me penosa, também.
Queria poder abraçar todos vós!
Este texto que li me reli, tão sincero, tão verdadeiro, vou levá-lo para o meu Blog, onde tenho, sempre que posso, colocado aquilo que me ajuda a suportar a partida do Miguel e lhe prestar a minha singela homenagem.
Abraço grande da
JOÃO



Notas de
Francisco Louçã
no Facebook




por Francisco Louçã a Quinta-feira, 26 de Abril de 2012 às 23:33

Quando me contou que ia começar mais uma série de quimioterapia agressiva, o Miguel escreveu-me que “o bicho voltou mas eu ainda não disse a última palavra”. Era uma conversa entre nós – e todos os seus amigos terão estes momentos e estas conversas para recordar, cada um à sua maneira –, por causa de uma citação de Ernst Bloch, “ninguém tem a última palavra”. Um de nós, qual foi nem importa, tinha-a usado uma vez numa convenção do Bloco, nunca ninguém tem a última palavra. É uma lição de humildade e de humanidade, nunca ninguém tem a última palavra. E repetimo-la muitas vezes, os dois, já nos ouviram a dizer isto, lembram-se?

Eu ainda não disse a última palavra, disse ele. Nem o cancro. Ninguém tem nunca a última palavra. Fica sempre alguma coisa por dizer, há sempre alguém que dirá mais. Nunca fica tudo dito.

Do Miguel também não. Dos seus defeitos, que “quem nunca se arrepende ou é santo ou é tonto”, escreveu ele. Irritável como romântico, como se pode ser as duas coisas? Sorridente e ansioso, como se pode viver das duas maneiras? Das suas qualidades, a curiosidade, a abertura, a busca incessante de caminhos, as contradições sofridas, sobretudo a ternura. Uma alegria contagiante quando era. Tristeza quando não era, são assim os românticos, e nunca me digam que o romantismo não é belíssimo. Ninguém tem nunca a última palavra.

Nem com o que dele disseram. O Presidente da República e o Primeiro-ministro, seus adversários em eleições em que se empenhou, que foram correctíssimos, como o presidente do Governo Regional dos Açores. A Presidente da Assembleia da República, em mensagens de sensibilidade tocante. Os partidos políticos, todos e de todos os quadrantes, os eurodeputados, a CGTP, associações tantas, pessoas imensas. Todos, sabendo que não diriam a última palavra. Partidos europeus, a Polisário, tantos dos seus amigos do Médio Oriente. Todos.

Os que desfilaram no 25 de Abril na Avenida da Liberdade, fiéis ao que somos. Todos.

Palavras a mais, sim, também houve. A do presidente do Parlamento Europeu, que se disse espantado por não imaginar que o Miguel tivesse criado tantas amizades naquele parlamento, que não é propriamente lugar de sensibilidades. Ninguém tem a última palavra, senhor Martin Schulz, talvez tenha aprendido alguma coisa.

Fica sempre alguma coisa por dizer. Da viagem que faltava. Do gosto de ter os filhos a seu lado para continuar sempre a aprender a ser pai. Do livro que ficou por fazer, sobre a Europa. Do arroz de pato. Da banda desenhada, do Corto Maltese ao Bilal, quem desenha o quê? Do amor das coisas simples, como dele dizia Assunção Esteves. Da esperança a contar os dias até às eleições francesas e gregas. Da sua última viagem a Atenas, para ajudar quem luta. Nunca ninguém tem a última palavra, Miguel.

Foto de Paulete Matos

Sentida Homenagem a Miguel Portas | Esquerda.Net | Velório (ontem) e Homenagem (Hoje)


O Eurodeputado do Bloco de Esquerda, Miguel Portas, será homenageado, hoje, Domingo, dia 29 de Abril, com uma Sessão Evocativa no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, em Lisboa, com início às 14h30.

Sobre o velório do Eurodeputado Miguel Portas, podes ver, também, no Público, o artigo «A união dos partidos na despedida do "doce revolucionário"», clicando AQUI.

JOÃO


sábado, 28 de abril de 2012

Do Blog "Pedro Rolo Duarte" | Sobre o Miguel Portas

Do Blog


Sábado, 28 de Abril de 2012
Fica bem aqui:




Sexta-feira, 27 de Abril de 2012
... aqui: "Com o meu filho Miguel foi uma parte de mim. Possivelmente a melhor. Mas o que ele me deixou de amor será o suporte dos dias que ainda irei viver até o voltar a encontrar."
Não há mais nada para dizer. Não há.

 
 
Terça-feira, 24 de Abril de 2012
Gostava de escrever sobre o Miguel Portas, com quem tive passado distante e menos distante. Mas a notícia da sua morte deixou-me prostrado, como que vencido pelos factos. Por ser tão inesperada (as ultimas noticias que tive dele, há já largos meses, davam boa conta da sua saúde), foi como se andasse a pairar por aí e me chamassem à terra - oh rapazinho, isto não é tudo estrada, ouviste? – e me pusessem em ordem.
Foi o que senti, assim, num ápice. Pensei na mãe Helena, na sua vivacidade infinita, e de como a sua gargalhada generosa e franca terá sido subitamente calada por este momento terrível. Pensei no irmão Paulo, na irmã Catarina. Lembrei-me inevitavelmente da morte do meu irmão e do que se pode sentir neste encontro entre os que ficam e os que partem. Sem comparações, que as não há.
Recuei umas décadas e encontrei o Miguel, na sala de convívio da sede da UEC, na Rua Sousa Martins, a ensinar-me a ler “O Capital”, de Karl Marx, numa espécie de curso de formação de quadros dos estudantes comunistas. Tinha 14 anos, ele teria 20, era um dos ídolos dos adolescentes que, como eu, por instantes acreditaram naqueles amanhãs a cantar. Naquele tempo, só o facto de poder conviver com ele enchia-me de orgulho... Depois, avancei uns anos largos e estávamos os dois no Snob, eu a entrevistá-lo para a “K” (e como a coisa correu mal, cada a um a puxar a brasa à sua sardinha politica, e no fim a rever as provas, linha a linha, ele sempre firme e enérgico, eu a tentar acompanhar...). Por fim, avencei mais uns anos e lembrei a conversa serena no final de noite da RTP-2, no Falatório. Por momentos, o Miguel voltou aqui à sala. Mas nem por isso fiquei menos enfraquecido por mais esta partida da vida, e por essa via menos capaz de escrever o que queria e saberia. Um dia destes, talvez.

Ao Miguel Portas | Marisa Matias: Consegue-se Viver sem Esperança? | Esquerda. Net


Querida Marisa Matias,
E agora, Marisa? O nosso Miguel, Miguel que defendeu todos os portugueses na Europa, aquela que não quer a igualdade para todos, não vai poder levantar a voz, como ele fazia, sem medo, de igual para igual, mas com muita dignidade e elegância, como as pessoas muito educadas e profundamente democráticas fazem para defender as suas causas, as suas ideias...
E agora, Marisa? Ficou uma obra importante... Mas outra tanta para fazer.
Ficámos todos mais ricos com a curta passagem do Miguel Portas...
Ficámos todos com a mágoa da sua partida.
Mas ele ficará, sempre, dentro de todos aqueles que não o esquecerem!
Este texto, Marisa, é a prova do sentimento tão fraterno que existia entre dois amigos/camaradas/irmãos.
Marisa, não tenho palavras para suavizar sua a perda.
JOÃO



Consegue-se viver sem esperança? | Esquerda

Artigo publicado no jornal “As Beiras” de 28 de abril de 2012

A Política ou a Vida, por Miguel Portas | Esquerda.Net

Miguel Portas [1958-2012]

Um texto de Miguel Portas no final da campanha para as europeias de 1999...
O Esquerda.NeT não esquece Miguel Portas! Nós todos, que o admiramos muito, não vamos esquecer Miguel Portas!
Vale sempre a pena ler Miguel Portas!
O Miguel ficará sempre connosco!
JOÃO


A política ou a vida, por Miguel Portas | Esquerda

"MIGUEL" por Daniel Oliveira | No Arrastão

Deixo um texto belíssimo, de uma homenagem muito tocante, verdadeiramente comovente e bela por ser muito sentida, de um amigo do Miguel Portas, um camarada da esquerda grande, Daniel Oliveira.
JOÃO



Sexta-feira, 27 de Abril de 2012
por Daniel Oliveira
Fica aqui o texto que publiquei, hoje, no "Expresso", sobre o Miguel. Pela intensa amizade e cumplicidade pessoal, política e profissional que com ele mantive, nos últimos 22 anos, falta-me o distanciamento que consegui ler noutros, em textos muito mais claros e relevantes sobre o que foi a vida e o percurso do Miguel. Tentei, mas não consegui. Uma espécie de anestesia não me deixa. Mas era obrigatório passar para o papel (era no papel que o Miguel se entendia) o imenso carinho que tinha, que tenho, que sempre hei de ter por este ruivo que mudou, em muitas coisas, talvez em muitas mais do que ele julgava, a minha vida. Sinto falta dele, e isso impede-me de escrever com clareza. Ficam as minhas desculpas por isso. Mas, mesmo assim, tenho de deixar escrito.

Nada tenho a escrever sobre política. O Miguel não me perdoaria isto. Deixar passar uma semana sem me entregar ao que sei fazer. As duas coisas a que me dediquei na vida – a política e o jornalismo – fiz ao lado dele, com ele. E para ele, por pior que tudo corresse, a escrita e a política não esperavam pelos nossos estados de alma. Nessa matéria, era implacável. Mas tinha, apesar disso, uma fome de vida como nunca vi em ninguém. E desconfiava de quem só vivia para grandes causas. Como podemos nós compreender o que devemos fazer pelos outros se nada sabemos deles? Como podemos nós lutar pelo outro se ele não for mais do que uma abstração? O Miguel gostava de pessoas antes de gostar de uma ideia.

Não, não me preparo para um panegírico. Panegíricos fazem-se a heróis. E o Miguel não era um herói. Não era uma estátua. Sim, foi detido com 15 anos pela PIDE. Sim, foi militante comunista quando era difícil. Sim, viveu sempre dividido entre a lealdade à sua “tribo” e o imperativo de não defender aquilo em que não podia acreditar. Mas, da sua coragem, o que mais importava era o desplante. Ter organizado os primeiros concertos em Lisboa quando isto era um deserto. Ter lançado um jornal e uma revista de esquerda quando isso era impensável. Ter-se mudado para o Alentejo e para a serra algarvia para trabalhar em desenvolvimento local quando o seu “estatuto” não o obrigaria. Ter voltado ao jornalismo, várias vezes, para nos oferecer maravilhosos documentários e livros. Ser, e isso era uma das nossas muitas cumplicidades, um incurável viajante. Os seus olhos terem continuado, até ao último dia, a brilhar com cada coisa nova que descobria, com cada coisa velha que defendia. Dos seus míticos ataques de fúria passarem com a mesma inesperada rapidez com que chegavam. Com as mulheres, com os lugares, com a política, com o trabalho, com tudo, o Miguel era intenso.

O Miguel era irremediavelmente humano em todos os seus defeitos e qualidade. Não faço um panegírico porque o Miguel não era apenas meu camarada. Não era sobretudo meu camarada. Era meu amigo. Com fraquezas, erros, injustiças. Como com todos os amigos, que não o são apenas por hábito, claro que me zanguei tantas vezes com o Miguel como ele se terá zangado comigo. Fizemos sempre as pazes sem uma palavra, apenas voltando porque tem de ser. O tempo permite que a amizade viva com o que não precisa de ser dito. E ao fim de 22 anos de um imenso carinho, mais de metade da minha vida, onde em cada momento me aparece o seu rosto, a sua voz, o seu riso estranho e o seu desvairado otimismo, os seus defeitos passaram a ser tão indispensáveis como as suas qualidades. Parte de mim.

O Miguel morreu (custa escrever) indecentemente cedo. Cedo demais para toda a energia que tinha e que, até ao último minuto, nunca o abandonou. Cedo demais para todos, e éramos muitos, que dele dependiam, como se depende de uma casa que, mesmo com infiltrações, sempre foi a nossa. Mas uma coisa é certa: o Miguel teve uma vida cheia. E encheu as dos outros. E como ele não me perdoaria que não falasse de política, deixou a nossa muitíssimo mais pobre. Há pouca gente com a sua ousadia. Na política, mundo repleto de bonecos insufláveis, não há quase ninguém. Sim, talvez o País aguente todas as perdas. Talvez a esquerda supere esta. Para mim, para todos os seus amigos, é que é mais difícil tapar este buraco.

Publicado na edição de hoje do "Expresso"

in Blog "ARRASTÃO"

NOTA DO SECRETARIADO - FALECIMENTO DE MIGUEL PORTAS

 
É, ainda, com uma imensa dor que reencaminho, uma vez mais,  nova mensagem relacionada com o recente falecimento do nosso querido Eurodeputado, Miguel Portas.
Recordo que o meu camarada e amigo Miguel Portas serviu o nosso país com o maior sentido de missão e responsbilidade, tendo feito a diferença no Parlamento Europeu e conquistado um enorme respeito e admiração por parte dos seus pares.
Obrigada, Miguel!
JOÃO
 

O Secretariado da Distrital de Setúbal do Bloco de Esquerda vem por este meio agradecer as mensagens de luto e solidariedade pelo súbito desaparecimento do nosso camarada, e um dos fundadores do partido, Miguel Portas.

O falecimento inesperado do eurodeputado bloquista, apesar do cancro detetado há, aproximadamente, dois anos, determinou o cancelamento das Jornadas contra o Governo da Troika, que teriam lugar dias 26, 27 e 28 de Abril, às quais a Distrital do Bloco de Esquerda se tinha associado.

O Bloco de Esquerda recorda a coragem e determinação que orientaram os últimos anos de Miguel Portas, que de forma incansável manteve o seu entusiasmo nas iniciativas em que participou e continuou a desenvolver uma atividade política por todos reconhecida. Os contornos da crise financeira, em Portugal e na Europa, e o processo de luta popular de ocupação da Es.Col.A da Fontinha pautaram as últimas intervenções de Miguel Portas.

Nas diversas sessões solenes comemorativas do 25 de Abril, o Bloco de Esquerda evocou o camarada, exaltando o combate, que travou até ao fim, por uma Europa verdadeiramente assente nos princípios da solidariedade entre povos e da justiça económica e social.

O Secretariado Distrital de Setúbal do Bloco de Esquerda estará presente na cerimónia fúnebre deste sábado no Palácio Galveias, bem como na sessão evocativa de Miguel Portas no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, domingo.

Pelo Secretariado Distrital de Setúbal do Bloco de Esquerda

Ana Sartóris
--

Bloco de Esquerda / Distrital Setúbal

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Info Esquerda.Net | Miguel Portas (1958-2012)

  Tem dificuldade em ver este Email?

Miguel Portas: Velório no sábado, sessão evocativa no domingo



O velório do eurodeputado bloquista terá lugar no Palácio Galveias este sábado, a partir das 15 h. No domingo realiza-se uma sessão evocativa de Miguel Portas no Jardim de Inverno do Teatro S. Luiz, com início às 14h30. (notícia em atualização)Ler mais.

«Fui sempre mais de jogar fora do baralho»

Miguel Portas morreu hoje, após uma longa luta com mais de dois anos contra o cancro. Tinha 53 anos. Nasceu no 1º de maio de 1958, morreu no dia 24 de Abril de 2012.Ler mais.

Miguel Portas: "Não desisti de nada"

Este ano, a comitiva do Bloco de Esquerda na manifestação do 25 de abril foi encabeçada por uma faixa em homenagem a Miguel Portas com a frase "Não desisti de nada", proferida pelo dirigente do Bloco durante uma entrevista ao jornal Expresso em julho de 2011.Ler mais.

Esquerda europeia de luto pela morte de Miguel Portas

De toda a Europa chegaram mensagens de pesar pelo desaparecimento de Miguel Portas, transmitidas ao Bloco e ao grupo no Parlamento Europeu. O esquerda.net publica-as nesta notícia (última atualização às 19h52).Ler mais.

25 de Abril e os nossos tempos, por Ana Luísa Amaral

Um poema de Ana Luísa Amaral sobre o 25 de Abril, à memória de Miguel Portas.Ler mais.

Bloco interpela governo esta quinta feira

Para esta quinta feira está agendada uma interpelação ao governo, por parte do Bloco de Esquerda, sobre "Política Orçamental e de Crescimento". O Bloco irá questionar o governo sobre o caminho que tem vindo a ser seguido, que "não tem saída e traz mais problemas, com cada vez mais dívida".Ler mais.

Miguel Portas: Velório no Sábado, Sessão Evocativa no Domingo | Esquerda.Net

Eu queria muito prestar uma homenagem ao Miguel Portas, estando presente nas duas cerimónias fúnebres, ou pelo menos numa delas.
Miguel Portas era um companheiro de lutas e um ser que eu muito admirava e, muito sinceramente, adorava, com um amor muito maternal...
Eu estou ainda muito abalada. A minha saúde não é boa e piora sempre que eu sofro um duro golpe.
O meu marido é hoje - já sexta-feira que é -, dia 27 de Abril, submetido a uma cirurgia e, parece que vem recuperar para casa, estando internado apenas o tempo mínimo possível. Agora é assim!
Ele vai, pois, depender de mim para tudo e, portanto, precisar de mim, inteira e capaz.

E eu estou de rastos! Completamente abatida!
Não poderei, pois, deslocar-me a Lisboa para me despedir do Miguel Portas.
Estarei, no entanto, com ele no pensamento.
Deixa muita saudade, não só aos seus familiares e amigos mais chegados, como a uma vasta população que aprendeu a conhecê-lo e a admirá-lo.
Até um dia, Miguel!
JOÃO


Miguel Portas: Velório no sábado, sessão evocativa no domingo

O velório do eurodeputado bloquista terá lugar na Biblioteca Municipal Palácio Galveias (Campo Pequeno, Lisboa) este sábado, entre as 15h e as 19h. No domingo realiza-se uma sessão evocativa de Miguel Portas no Jardim de Inverno do Teatro S. Luiz, com início às 14h30.
Foto Paulete Matos
 

Miguel Portas (1958-2012) | Fotogaleria | Vídeo


Fotogaleria
Publicado em 24/04/2012 por
Fotos de Paulete Matos.
Música: "Traz um amigo também", de José Afonso, interpretada por Mário Laginha e Bernardo Sassetti ao vivo no Encontro "1001 Culturas".