quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Artigo de Carlos Santos: UM IMENSO PROTESTO SOCIAL
OUTUBRO
2010
Nunca uma greve geral teve um objectivo tão simples: resistir ao roubo dos rendimentos da maioria da população. Protestar contra os cortes nos apoios sociais, nos serviços públicos, no abono de família. Combater o abaixamento dos salários, o aumento do IVA e dos impostos que atingem a maioria da população.
Nunca uma greve geral teve um inimigo tão claro: os bancos. Quando é noticiado que os “mercados financeiros” estão “nervosos” e não têm confiança no nosso país o que isso significa é que os bancos, que são quem compõe os mercados financeiros, exigem mais dinheiro à maioria da população portuguesa e europeia, para tapar os buracos que têm nas suas contas e garantirem o aumento constante dos lucros.
O governo Sócrates ao decretar os sucessivos pacotes de austeridade, cada vez mais brutais, apenas faz o inverso do Zé de Telhado: Este roubava aos ricos para dar aos pobres, o Governo faz o contrário.
Dois exemplos para mostrar que as coisas são assim tão simples. Primeiro, o Governo português e o banco público já enterraram no BPN mais de 4.000 milhões de euros, mas continua sem se saber quanto é que os contribuintes vão pagar em definitivo. Se de facto estivessem preocupados com o défice público este era o primeiro caso a tratar, pois pode fazer o défice disparar significativamente. Mas Governo, Presidente da República, Banco de Portugal, PS e PSD nem querem falar do assunto. E além do BPN ainda existe o BPP e o seu enorme buraco financeiro...
Segundo caso, a Irlanda terá este ano um défice público superior a 30% do PIB, porque o país teve de enterrar 50.000 milhões de euros em bancos falidos crivados de dívidas impagáveis. A Comissão Europeia e o Banco Central Europeu, sempre tão zelosos contra a subida dos défices públicos, estão de acordo, “apenas” exigem que a população irlandesa pague rapidamente o dinheiro enterrado nos bancos.
Quando Sócrates veio anunciar os cortes brutais do PEC3 assumiu a capitulação perante as exigências da banca. A esta enorme pressão da aristocracia financeira só se pode responder com a força, por isso a greve geral a 24 de Novembro. E a greve geral tem condições para ser um imenso protesto social.
Tem grande capacidade de unir amplos sectores da população, porque as medidas afectam a esmagadora maioria e a convocatória junta as duas centrais sindicais.
Integra-nos na corrente de protesto europeu, que se manifesta em quase todos os países: na Grécia já existiram sete greves gerais este ano, na França as greves e manifestações têm-se multiplicado, na Espanha realizou-se uma greve geral a 29 de Setembro que teve mais de 70% de adesão, em vários países do leste estão a realizar-se os maiores protestos desde a queda do muro de Berlim.
E tal como na restante Europa, a greve geral certamente terá piquetes em sua defesa e será acompanhada de concentrações e manifestações por todo o país.
24 de Novembro pode ser o dia da grande mobilização em defesa do Estado Social.
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