sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz 2011 | Esperança, Mudança, Solidariedade e Cidadania


recados de ano novo
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Hoje Finda o Ano 2010 | Ano Marcado pelo Desemprego, pela Pobreza e pela Exclusão Social


Hoje finda o ano 2010, aquele que tencionava ser o Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, mas que ficou marcado pelo desemprego, pela pobreza e pela exclusão social.

A todos desejo um Ano Novo com ESPERANÇA e desejo de MUDANÇA! Se não mudarmos, tudo ficará como está. Não podemos desejar isso para o nosso país, para nós e para os nossos. Façam escolhas sensatas e sejam solidários, participativos e não abdiquem do dever e do direito de cidadania.

"Jamais haverá Ano Novo se continuarmos a copiar os erros dos anos velhos"
Luís de Camões

Feliz ANO 2011!









JOÃO

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

À Idade do Ano | por Juan de Jáuregui | (1583-1641)

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Foto do Dia | Concurso de Beleza | Elefante em Concurso de Beleza no Nepal

Amei a "Foto do Dia" que veio ontem no Publico.pt!
Adoro animais e vê-los amados e cuidados é sempre um prazer.
Confesso que senti um pouco de inveja deste elefante. Eu que não sou invejosa, adorava ter aquele tratador para ver se eu ficava mais apresentável...
JOÃO

PUBLICO.PT - Foto do Dia - 28/Dezembro/2010

Concurso de beleza

Um tratador limpa o seu elefante para um concurso de beleza, em Sauraha, no Nepal.

Fotografia: Gopal Chitrakar/Reuters

[Manuel Alegre 2011] - Frente-a-frente com Cavaco Silva HOJE na RTP1

Este é o último e mais importante frente-a-frente entre candidatos presidenciais.
Tenho ficado quase que chocada com a falta de interesse que os portugueses têm manifestado em relação a estes importantíssimos debates.
Tenho ouvido e lido que as audiências são muito fracas.
Eu não perdi um único debate. E tenho pena que muitos daqueles que estão em casa no dia e na hora em que os mesmo têm sido transmitidos os tenham ignorado completamente. A cidadania é um direito. Mas é um dever!
Quem, como eu, vivi no tempo da ditadura, sabe o valor que é ter liberdade de expressão e liberdade de imprensa e que, se os portugueses continuarem alheados aos debates políticos, às candidaturas eleitorais, a absterem-se de ir às urnas, corremos sérios riscos em mantermo-nos em democracia.
Não te esqueças que temos perdido, quase diariamente, direitos laborais e direitos civis.
O actual Presidente da República Cavaco Silva já se deu ao trabalho de criticar quem anda a falar demais, dizendo «já existem palavras a mais na vida pública portuguesa...»
Não percas este frente-a-frente e não deixes que os outros escolham por ti.
No dia 23 de Janeiro de 2011 vai votar!
É um direito e um dever!
JOÃO
 




Quarta-feira, 28 de Dezembro, na RTP

Amigos e amigas,

Manuel Alegre estará hoje, às 20h50, na RTP, num frente-a-frente com Cavaco Silva.

A candidatura de Manuel Alegre
28 de Dezembro de 2010

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Mário Durval - Delegado de Saúde do Barreiro | Conversas de 2 Minutos | Rostos.pt

Na rubrica "Conversas de 2 Minutos" do Diário Digital "Rostos.pt", Mário Durval, Delegado de Saúde do Barreiro, fala sobre o aumento do desemprego e da pobreza e nos impactos que eles têm na Saúde Mental e na Alimentação no seu concelho.
Claro que esta conversa poder-se-ia ter em relação a todos os restantes concelhos do país.
A crise nunca foi tão profunda e tão desesperante desde o 25 de Abril.
Temos, todos nós, que não fugir às nossas responsabilidades e acabarmos com toda a espécie de corrupção e clientelismo, denunciarmos as situações que conhecemos e exigirmos de todos os nossos servidores públicos um comportamento íntegro e vertical.
E todos nós temos que ir às urnas em todas as eleições. Somos co-responsáveis pela governação e os governantes que temos!
JOÃO


conversas de 2 minutos

Mário Durval - Delegado de Saúde do Barreiro
Alerta para o aumento da “pobreza de forma genérica” com impactos na Saúde Mental e Alimentação~

Mário Durval, Delegado de Saúde, sublinha que no ano 2010 – “o número de desempregados aumentou com importante impacto na saúde mental e nas condições de alimentação”, da população do concelho do Barreiro.

Em relação a o ano 2011, salienta que será – “resolvido o maior problema de saúde pública do concelho do Barreiro” coma entrada em funcionamento da ETAR Barreiro / Moita – “será um passo gigantesco para a melhoria da qualidade das águas do Tejo e Coina e a reabilitação das praias fluviais do concelho”

Que balanço faz do ano 2010?

“Respondendo numa perspectiva concelhia, durante 2010 agravaram-se alguns dos determinantes de saúde:

1. O número de desempregados aumentou com importante impacto na saúde mental e nas condições de alimentação

2. Aumentou a pobreza de forma genérica, porque aumentaram os custos para as famílias sem compensações equivalentes, com impactos semelhantes ao ponto anterior.

3. Os serviços de saúde não conseguiram contrariar a saída de profissionais com reformas antecipadas, agravando as debilidades já existentes.”

Que perspectivas coloca para o ano 2011?

“Para 2011 a perspectiva continua negra pois são de agravamento os sinais relacionados com os problemas detectados em 2010.

No entanto, o ano de 2011 verá ser resolvido o maior problema de saúde pública do concelho do Barreiro, pois, será posta em funcionamento, finalmente, a estação de tratamento de águas residuais. Será um passo gigantesco para a melhoria da qualidade das águas do Tejo e Coina e a reabilitação das praias fluviais do concelho.”

Que assunto de maior relevo destaca no concelho no ano 2010?

“Do ponto de vista da saúde das populações, o maior acontecimento do Ano de 2010 foi sem dúvida a construção do sistema de condução das águas residuais e a construção da ETAR.”

Este Ano | LUIZA NETO JORGE (1939-1989)


ESTE ANO

Este ano cresceu de joelhos
a noite conservou as quatro luas
as crianças têm seus cabelos
seus gritos de paz intransmissíveis

LUIZA NETO JORGE (1939-1989)
Poesia

Jacinto Lucas Pires | Artigo de Opinião: "Se Queremos um País Novo" | Manuel Alegre a Presidente!

"Tenho muito orgulho em ser um dos construtores da cidadania"


Portugal não precisa mais do mesmo. Precisa de um (re)começo, ou seja, de começar de novo, com novas atitudes, novas expectativas, provas dadas de independência e pensamentos livres, de carácter, de não seguidismo cego, de ética, de palavra com "P", de honestidade sem ter que ter nascido duas vezes...
Quem nos garantirá isso como Presidente de Todos os Portugueses, de facto, será Manuel Alegre.
Leiam o extraordinário artigo de opinião de Jacinto Lucas Pires. Meditem bem nas suas palavras e na sua mensagem.
JOÃO
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Jacinto Lucas Pires, no Público
Se queremos um país novo

Para pôr Portugal no futuro, temos de voltar às ideias que sonham e às palavras que transformam, e fazer da política aquilo que ela é: a viva possibilidade de um sempre-começo.
21 de Dezembro de 2010

Se Portugal é sempre a nossa pergunta, em tempos de crise essa interrogação de todos os dias torna-se ainda mais urgente. O pior que podia acontecer neste momento seria enterrarmos a cabeça na areia e prolongarmos a fase de negação indefinidamente. Portugal não pode ser adiado, o país que queremos para todos não pode ficar para as calendas gregas. Se continuarmos a olhar para o lado, a assobiar o triste faduncho da "continuidade" e da "prudência" - isto é, dos "paninhos quentes" e dos "brandos costumes" -, não chegaremos a lado nenhum. Pior: chegaremos a um Portugal ainda mais desigual e descrente do que este que hoje temos. A grande crise é que o "politicamente correcto" só quer ver a realidade através das manchetes dos défices, dos sustos dos mercados financeiros, dos óculos do FMI. A grande crise é a crise da política.

Se continuamos a olhar para a política como o palco de uns tais "eles" - em vez do lugar de um "nós" onde caibam todos -, não há mudança possível. Sim: seremos cúmplices da crise se, sob as desculpas habituais de "eles são todos iguais", "isto não há volta a dar-lhe", "é só cada um por si", acabarmos por encolher os ombros, ficar em casa, não escolher. Pois, falo das presidenciais que estão aí à porta.

Algumas vozes, sugestionadas porventura pela interpretação "técnica" que Cavaco Silva tem feito do cargo de Presidente, desvalorizam esse lugar-chave do nosso sistema político e tentam diminuir o carácter verdadeiramente decisivo das eleições de Janeiro. Se queremos um país novo, não podemos ir em cantigas dessas. A verdade é que um Presidente pode fazer a diferença - mas um Presidente com ideias e convicções, que represente todos a começar pelos sem-voz. Alguém que tenha a coragem de denunciar os problemas e a coragem de inspirar o país para as boas soluções.

Não precisamos de um Presidente de rígidos silêncios e frases feitas, permanentemente atrás do comboio da realidade. Não queremos um país-tabu onde o subtexto diz "mudemos uns números para que tudo fique na mesma". Precisamos de ter na Presidência alguém capaz de cumprir o papel de moderador e mediador - e isso não se consegue, está visto, com um "falso neutro" barricado entre muros de pensamento mole, apontando para desérticos "consensos". Para cumprir esse papel de equilibrador e inspirador, é necessário que haja na Presidência alguém com ideias claras, alguém que saiba falar com uns e outros, que saiba ouvir uns e outros, alguém capaz de usar palavras que digam e não apenas palavras que falem.

Em Janeiro, a escolha é muito clara. Começamos a mudança ou continuamos de braços cruzados à espera que o céu nos caia na cabeça? Contentamo-nos com a resignação tecnocrática ou votamos numa visão política, positiva, de transformação? Apoio Manuel Alegre porque está na hora de voltar a acreditar na política e na mudança. De voltar a viver a política como um lugar próximo de todos, um lugar de verdade e ideias apaixonadas. Não venceremos nenhuma crise com menos do que isto. Para pôr Portugal no futuro, temos de voltar às ideias que sonham e às palavras que transformam, e fazer da política aquilo que ela é: a viva possibilidade de um sempre-começo.

Jacinto Lucas Pires
Escritor

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Sobre o Nascimento de Jesus | por Andreas Gryphius (1616-1664)

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Foto do Dia | Benazir Bhutto | PASSARAM TRÊS ANOS SOBRE A SUA MORTE

Benazir Bhutto, nascida em Karachi a 21 de Junho de 1953 e morta em Rawalpindi de 27 de Dezembro de 2007, foi duas vezes Primeira-Ministra do seu país, Paquistão, tendo sido a primeira mulher a ocupar um cargo de Chefe de Governo de um Estado Muçulmano.

Passaram 3 anos sobre a sua morte. E esta foto - Foto do Dia do Público.pt -, é a prova que não será esquecida, pelo menos por muitos paquistaneses.

JOÃO

PUBLICO.PT - Foto do Dia - 27/Dezembro/2010

Benazir Bhutto

Vigília para marcar o dia da morte de Benazir Bhutto, ex-primeira-ministra do Paquistão, que foi morta no dia 27 de Dezembro de 2007, durante um atentado suicida em Rawalpindi, cidade próxima a Islamabad, quando retornava de um comício no Parque Liaquat.

Fotografia: Faisal Mahmood/Reuters

Árvore de Natal | por Maria Ângela Alvim | (1926-1959)

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domingo, 26 de dezembro de 2010

Se Não Aconteceu... Podia Ter Acontecido | Na Rotativa de 25 de Dezembro de 2010 | AGENDA COM CALENDÁRIO SÓ ATÉ MAIO

Se Não Aconteceu...
Podia Ter Acontecido!


Na Rotativa - 25 de Dezembro de 2010


Cavaco Silva ofereceu agenda de 2011 a José Sócrates mas o calendário só vai até Maio
Por João Henrique

Cavaco Silva aproveitou a tradicional cerimónia das boas-festas no Palácio de Belém para mostrar a José Sócrates como projecta a vida política nacional para 2011.

Além dos feriados, previsões económicas infalíveis, fases da Lua, datas das promulgações de leis a contragosto e marés presidenciais, a agenda personalizada que Cavaco ofereceu a Sócrates contém insultos a Carlos César nas três primeiras terças-feiras de Janeiro, assinala o dia 23 de Janeiro de 2011 como o dia da sua vitória nas eleições presidenciais e o dia 10 de Março como o dia da sua tomada de posse. A agenda termina abruptamente no dia 26 de Maio com um boneco de José Sócrates a ser condenado à forca. JH

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Na Rotativa de "O Inimigo Público" goza-se com as (re)conhecidas "boas" relações entre Cavaco Silva e José Sócrates e, nada melhor, do que o fazer através de uma agenda oferecida pelo actual Presidente ao actual Primeiro-Ministro que tem o fim programado para 26 de Maio... Se o Presidente mudar, se Sócrates ficar com um novo Presidente, terá que comprar o restante da agenda: volume II.

JOÃO

Cartoons do Bartoon | E Assim Vai o País ainda em 2010...

O Natal já ficou para traz. A passagem de ano está para vir. Entretanto, ficam mais uns tesourinhos maravilhosos, que são os Cartoons do Bartoon e que guardei para rirmos juntos.
Os protagonistas dos Cartoons são o Cavaco Silva, os candidatos presidenciais e os assuntos que estes escolhem nesta quadra: os pobres e os ainda mais pobres, os sem-abrigo. Os temas andam, pois, à volta do Espírito de Natal e/ou do Espírito Eleitoral. O que mais me irritou foi o último, o de hoje, que aconteceu mesmo. Cavaco disse, num dos debates, que para serem mais honestos do que ele têm que nascer duas vezes... Foi uma (des)gracinha que ele disse e que eu, como pessoa honestíssima e familiar e amiga de outras tão honestas como eu, não achei graça alguma. E penso que o Bartoon também não...
É tempo de não perdermos a esperança, de sermos realmente todos solidários e partilharmos o ânimo e o prazer do riso... Pois quando tudo falta, o riso é mesmo o melhor remédio.
JOÃO
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PUBLICO.PT - Bartoon - 21/Dezembro/2010

PUBLICO.PT - Bartoon - 22/Dezembro/2010

PUBLICO.PT - Bartoon - 23/Dezembro/2010

PUBLICO.PT - Bartoon - 26/Dezembro/2010
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Boas Festas


"Meus amigos,

Digo-vos isto com tristeza: Este ano não há presépio!

A vaca da economia está louca e não se segura nas patas;
Os Reis magos não podem vir porque os camelos estão no governo;
A Nossa Senhora e o São José foram meter os papéis para o rendimento mínimo;
A ASAE fechou o estábulo por falta de condições; e
O Tribunal de Menores ordenou a entrega do menino ao pai biológico..."

De qualquer forma, desejo a todos e toda a vossa família um Santo e Feliz Natal e um Bom Ano de 2011, com muita Saúde!

H. A.

Newsletter A Comuna | 24 Dezembro

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Tecto Máximo à Flexisegurança
Artigo de Francisco Alves
Assistimos no passado dia 15 de Dezembro, aquando da apresentação da Iniciativa para a Competitividade e o Emprego, a um espectáculo mediático com o anúncio da CIP, à hora do almoço, das medidas que o governo ia apresentar aos Parceiros Sociais ao fim da tarde, culminando no final da reunião, com a declaração conjunta do Governo, Patronato e UGT.

Artigo de João Dias
Das imensas confusões que se criam, propositadamente por uns e despropositadamente por outros, é que economia e capitalismo são uma espécie de sinónimos. Sem patrões não há empresas, sem empresas não há emprego, sem emprego não há salário...este é um raciocínio lógico, contudo não é necessariamente verdadeiro.

Artigo de Cláudia Ribeiro
A propaganda política e, consequentemente, a manipulação dos meios de comunicação de massas é, na política moderna uma das mais importantes armas na formatação da mentalidade das massas. O caso Wikileaks marca o ano que agora finda, e o seu fundador Julian Assange, é uma figura que desperta ora respeito ora ódio dependendo de que lado da barricada nos posicionamos.

Artigo de André Moreira
Hoje assistimos ao declínio do ensino, hoje eles levantam-se e impõem-nos uma nova ordem. Iludem-nos com supostos benefícios, fazem-nos crer que aquilo é o melhor, limitam-se a colocar coisas bonitas à nossa frente, novas, impecáveis, e nós sem saber o que se esconde por de trás de todo esse ilustre mobiliário.
Continuar...

sábado, 25 de dezembro de 2010

Conto de Natal | Uma Estrela, por Manuel Alegre

Vou deixar-te a versão integral de um Conto de Natal, "Uma Estrela", de Manuel Alegre, que ele deixou, para todos, no Facebook, com votos de de um Natal solidário.
É um belo conto que me faz voltar à meninice, quando os Natais eram partilhados pelos avós e bisavós que nos contavam estórias belas e nos davam uma reunião em família cheia de magia.
Continuação do espírito solidário e de partilha que o Natal nos traz.
JOÃO

Uma Estrela, por Manuel Alegre

por Manuel Alegre a Sexta-feira, 24 de Dezembro de 2010 às 14

              À minha avó Margarida

Todos os anos, pelo Natal, eu ia a Belém. A viagem começava em Dezembro, no princípio das férias. Primeiro pela colheita do musgo, nos recantos mais húmidos do jardim. Cortava-se como um bolo, era bom sentir as grandes fatias despegarem-se da areia, dos muros ou dos troncos das árvores velhas, principalmente da ameixieira. Enchia-se a canastra devagar, enquanto a avó ia montando o que se chamaria hoje as estruturas, ou mesmo infraestruturas, junto da parede da sala de jantar que dava para o jardim. Eram caixotes, caixas de chapéus e de sapatos viradas do avesso, tábuas, que pouco a pouco ela ia cobrindo de musgo, ao mesmo tempo que fazia carreiros e caminhos com areia e areão. Mais tarde os rios e os lagos, com bocados de espelhos antigos, de vidros ou mesmo de travessas cheias de água. Até que todos os caixotes, caixas e tábuas desapareciam. Ficavam montanhas, planícies, rios, lagos. Era uma nova criação do mundo. Aqui e ali uma casinha ou um pastor com suas cabras. E todos os caminhos iam para Belém.

Não era como o presépio da Igreja que estava sempre todo pronto, mesmo antes de o Menino nascer. A cabana, a vaca, o burro, os três reis do Oriente. Maria, José, Jesus deitado nas palhinhas. Via-se logo que era a fingir. Não o da avó, que era mais do que um presépio, era uma peregrinação, uma jornada mágica ou, se quiserem, um milagre. Nós estávamos ali e não estávamos ali. De repente era a Judeia, passeávamos nas margens do Tiberíades, andávamos pelo Velho Testamento, João Baptista baptizava nas águas do Jordão e aquele monte, ao longe, podia ser o Sinai ou talvez o último lugar de onde Moisés, sem lá entrar, viu finalmente a terra onde corria o leite e o mel. Mas agora era o Novo Testamento. A avó ia buscar as figuras ao sótão, eram bonecos de barro comprados nas feiras, alguns mais antigos, de porcelana inglesa, como aquele caçador que a avó colocava à frente dizendo: Este é o pai. Seguia-se a mãe, de vestido comprido, dir-se-ia que ia para o baile, mas não, saía de cima de uma mesinha da sala de visitas e agora estava ao lado do pai, olhando levemente para trás onde, entretanto, a avó já tinha colocado figuras mais toscas, eu, a minha irmã, os primos, alguns amigos, todos a caminho de Belém.

- E a avó?, perguntava eu.

- Eu já estou velha para essas andanças.

De dia para dia mudávamos de lugar. E todas as manhãs deparávamos com novas casas, mais rebanhos, pastores, gente que descia das serras, atravessava os rios e os lagos. Os caminhos ficavam cada vez mais cheios. E todos iam para Belém. À noite tremulavam luzes. Acendiam e apagavam. Mas ainda não se via a cabana, nem Maria, nem José.

Então uma noite, entre as estrelas do céu, aparecia uma que brilhava mais que todas.

- Esta é a estrela, dizia a avó.

E era uma estrela que nos guiava. Na manhã seguinte lá estavam eles, os três reis do Oriente, Magos, explicava o pai, que também não dizia Pai Natal, dizia S. Nicolau, talvez por influência de uma misse de origem russa que em pequeno lhe falava de renas e trenós e de S. Nicolau atravessando as estepes.

Cheirava a musgo na sala de jantar. Cheirava a musgo e a lenha molhada que secava em frente do fogão. E os Magos lá vinham, a pé, de burro, de camelo. Traziam o oiro, o incenso, a mirra. Às vezes nós, os mais pequenos, juntávamo-nos e cantávamos: “Os três reis do Oriente / Já chegaram a Belém.”

- Não chegaram nada, atalhava a avó, ainda não.

Estávamos cada vez mais perto. E também nervosos. Confesso que às vezes fazia batota. Empurrava-nos um pouco mais para a frente, para mais perto de Belém e do lugar onde eu sabia que mais tarde ou mais cedo a avó ia pôr a cabana. Mas ela descobria.

- Não lucras nada com isso, podes apressar toda a gente, não podes apressar o tempo.

Cada vez havia mais luzes na Judeia. Por vezes surgiam novos lagos, eram mistérios da minha avó. E a estrela lá estava, a grande estrela de prata que brilhava mais do que todas as outras, às vezes eu ia à janela e via a projecção daquela estrela, ficava confuso, já não sabia se era a estrela da sala ou uma estrela do céu, era uma estrela nova, uma estrela de prata, era uma estrela que nos guiava. No céu, na sala, na Judeia, talvez dentro de nós.

Até que chegava o primeiro dos grandes momentos solenes. A avó chamava-nos ao sótão (nós dizíamos forro), abria uma velha arca e desempacotava a cabana. Depois, muito comovida, quase sempre com lágrimas nos olhos, as figuras de Maria e José.

- Não há nada tão antigo nesta casa, já eram dos avós dos meus avós.

Impressionava-me sobretudo o manto muito azul de Maria e o rosto magro, quase assustado, de José. A avó limpava-os com muito cuidado e mandava-nos sair. Nunca nos deixou ver o resto.

À noite, quando regressávamos da missa do galo, a que a avó não ia, chegávamos a casa e finalmente estávamos em Belém.

A estrela brilhava intensamente sobre a cabana, Maria e José debruçavam-se sobre o berço, onde Jesus, todo rosado, deitado nas palhinhas, agitava os braços e as pernas, envolvido pelo bafo quente dos animais, enquanto os três reis do Oriente, agora sim, chegavam a Belém para depositar aos pés do Menino o oiro, o incenso, a mirra. E vinham os pastores, e vinha o pai, de caçador, a mãe, de vestido de baile, e vínhamos nós, eu, a minha irmã, os primos, não éramos de porcelana nem de barro, estávamos ali em carne e osso, era noite de Natal, uma estrela nos guiava, brilhava sobre a Judeia e sobre o presépio, brilhava cá fora entre as estrelas, brilhava dentro de nós.

Naquela noite, naquele momento, nós não estávamos na sala de jantar em frente do presépio, tínhamos chegado finalmente a Belém para adorar o Menino ao lado de Maria e José e dos três reis do Oriente, Magos, não conseguia deixar de corrigir o meu pai. Mas mágica, verdadeiramente mágica era a avó. Era ela que fazia o milagre da transfiguração, trazia o Natal para dentro de casa e levava-nos a todos até Belém. O cheiro a musgo e a lenha. Os montes, os vales, os rios, os lagos. Caminhos e caminhos que iam para Belém. E a estrela de prata, a estrela que nos guiava. Era uma estrela no céu, dentro de casa, dentro de nós. Pela mão da avó ela brilhava. Pela sua magia Belém estava dentro de casa. E a casa também ia até Belém.

Mais tarde, muito mais tarde, eu estava no exílio. Na noite de Natal os revolucionários ficavam tristes e nostálgicos. Talvez recordassem outras avós, outros presépios, outros lugares. Reuniam-se em casa deste ou daquele, improvisava-se uma árvore de Natal, trocavam-se presentes. Mas ninguém, nem mesmo os mais duros, os que faziam gala em dizer que o Natal para eles não significava nada, nem mesmo esses conseguiam disfarçar uma sombra no olhar. Saudade, dir-se-á. Mas talvez fosse mais do que saudade e solidão e o pior de todos os exílios que é o de se sentir estrangeiro no mundo. Talvez fosse a consciência de que, para lá de todas as crenças ou não crenças, havia um irremediável sentimento de perda. Muitas vezes me perguntei o que seria. Mas não conseguia responder. Sentia o mesmo aperto, o mesmo buraco por dentro, o mesmo sentimento de algo para sempre perdido.

Uma noite de Natal, em Paris, eu estava sozinho. Comprei uma garrafa de vinho do Porto, mas não fui capaz de bebê-la assim, completamente só, num quarto de criada de um sexto andar numa velha rua do Quartier Latin. Peguei na garrafa e fui até aos Halles. Procurei o bistrot onde costumava comer uma omelete de fiambre. Felizmente estava aberto. Pedi a omelete e abri a garrafa. Havia mais três solitários no bistrot, um velho de grandes barbas, um tipo com cara de eslavo, um africano. Convidei-os para partilharem comigo a garrafa de Porto, que não resistiu muito tempo. Encomendámos outras bebidas.

- Conta uma história de Natal do teu país, pediu o velho.

- Só se for a do presépio da minha avó.

- Então conta.

Eu contei. Era já muito tarde e o patrão disse-nos que queria fechar. Chegados à rua o africano apontou o céu e disse-me: Olha.

E eu vi. Uma estrela que brilhava mais que as outras estrelas. Era uma estrela de prata. A estrela da avó. Brilhava no céu, brilhava outra vez dentro de mim, quase posso jurar que brilhava dentro dos outros três.

Então eu perguntei ao africano como se chamava. E ele respondeu:

- Baltazar.

Perguntei ao velho e ele disse:

- Melchior.

E sem que sequer eu lhe perguntasse o eslavo disse:

- O meu nome é Gaspar.

Era noite de Natal e talvez ainda por magia da avó eu estava na rua, em Les Halles, com os três reis do Oriente, Magos, diria o meu pai.

- E agora? perguntei a Baltazar.

- Agora, respondeu o africano apontando a estrela, agora vamos para Belém.















O conto "Uma estrela" de Manuel Alegre acaba de ser editado em Itália, pelas edições Sinnos, em versão bilingue, com tradução de Maria Luisa Cusati e ilustrações de Katiuscya Dimartino.

Os Tabus de Cavaco


Isto tem que se conhecer!

E. Moreira


Caros, um blog mencionado nos debates online do parlamento global e que vale, decididamente, a pena. Credível e esclarecedor, disseminem nos vossos se possível:


http://tabusdecavaco.blogspot.com/

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Contra a Extinção do Transporte Fluvial da Trafaria | Concelho de Almada | A Extinção NUNCA!

Esta situação está a deixar muitos completamente revoltados.
Constrói-se um TGV para Espanha e acaba-se com os transportes que levam as pessoas, diariamente, aos seus locais de trabalho, muitas das vezes em más condições e que precisavam de melhoramentos e melhores horários.
Que raio de justiça social é esta?! Governo que governa para os poderosos e os trabalhadores que façam todos os sacrifícios?!...
Não podemos lutar!?
A EXTINÇÃO NUNCA!
JOÃO

Contra a Extinção do Transporte Fluvial da Trafaria - Almada
Assembleia Municipal expressa o seu repúdio à extinção deste serviço público

“A linha da Trafaria, que contou com mais de 830 mil utentes no ano de 2009 não pode acabar.
O Governo vai condenar a Trafaria ao isolamento e ao desterro, já que também no plano do transporte público Rodoviário, os TST não cumprem as necessidades das Populações desta Freguesia” – sublinha uma resolução da Assembleia Municipal de Almada.

Divulgamos o texto da Resolução da Assembleia Municipal de Almada:

É conhecida a orientação do Governo para as Empresas do Sector Empresarial do Estado ao qual o grupo Transtejo pertence, em que é imposta uma redução de 15% nos custos globais das Empresas. Perante tal orientação, a Administração da Transtejo em reunião com as Organizações Representativas dos Trabalhadores considerou tal objectivo inatingível sem uma significativa e acentuada redução da oferta, ou seja, um ataque sério ao serviço público prestado às Populações.

A linha da Trafaria, que contou com mais de 830 mil utentes no ano de 2009 não pode acabar.

O Governo vai condenar a Trafaria ao isolamento e ao desterro, já que também no plano do transporte público Rodoviário, os TST não cumprem as necessidades das Populações desta Freguesia.

Assim, a Assembleia Municipal delibera:

1. Reafirmar a importância que o Transporte Público Fluvial representa para as Populações do Concelho de Almada e da Trafaria em particular, na medida em que, mais de 14 milhões de utentes ano utilizam este meio de transporte público a partir dos três Terminais existentes no concelho, num contexto de mobilidade intra e inter margens, do desenvolvimento económico e da qualidade de vida.

2. Manifestar o seu repúdio a qualquer tentativa de extinção de tal serviço público de transporte.

3. Apelar ao Governo, no sentido de providenciar a modernização e o desenvolvimento com a criação de novas linhas de transporte fluvial no âmbito do passe social, incrementando a ligação - intra e inter margens com a intermodalidade aos Terminais, rodo - ferro – fluviais do Cais do Sodré, Terreiro do Paço e Cacilhas, equacionando ainda no mesmo âmbito a ligação ao Parque das Nações e o respectivo interface à linha Vermelha do Metropolitano de Lisboa.

4. Exigir do Governo que potencie o desenvolvimento e o investimento público concretizando os estudos e projectos para a construção do terminal Rodo - Fluvial da Trafaria.

DESESPERO: Uma Doença! | Electricista Romeno Atirou-se das Galerias do Parlamento em Bucareste

O desespero está a atingir muitas famílias em toda a parte do Mundo.
Nós, aqui na Europa, estamos a não encontrar saídas para esta crise aflitiva.
Eu, confesso, vejo-me muito assustada com este estado de coisas e desespero por ver que os nossos Governos permitiram que a corrupção fosse banalizada e que governaram para os mercados e para o grande capital.
Há licenciados sem emprego, alguns já vivendo na rua, sem uma esperança num futuro melhor.
Muitos vão ficar verdadeiramente doentes, talvez sem recuperação para uma vida em sociedade. Outros vão cortar o mal pela raiz! Tudo isto me assusta! Também eu temo pelo futuro do meu filho, dos meus sobrinhos, dos nossos homens e mulheres que têm o futuro hipotecado.
Quase todos já sofrem de depressão, crises de ansiedade e ataques de pânico, como eu.
Foi com horror que vi esta notícia num canal de televisão. Até gritei!
Nunca esperei viver para ver a Europa neste estado!
JOÃO
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Protesto contra os cortes anunciados pelo Governo
Electricista romeno atirou-se das galerias do Parlamento em Bucareste
23.12.2010 - 16:29 Por PÚBLICO

Adrian Sobaru, electricista no canal de televisão estatal romeno, atirou-se das galerias do Parlamento em Bucareste para protestar contra as medidas de austeridade do Governo. Gritou “liberdade” e “vocês têm o pão dos nossos filhos”.
Foi um protesto desesperado, feito enquanto o primeiro-ministro romeno, Emil Boc, discursava no Parlamento. Adrian Sobaru subiu ao corrimão da galeria e atirou-se de uma altura de sete metros. Sofreu vários traumatismos na cabeça e no resto do corpo, segundo o diário espanhol “El País”, mas os médicos dizem que não corre risco de vida.

Sobaru, na casa dos 40 anos, é pai de dois filhos e o seu protesto estará relacionado com os cortes anunciados pelo Governo. Levou para o Parlamento uma t-shirt onde se lia “vocês mataram o futuro dos nossos filhos” e saltou da galeria enquanto os deputados discutiam uma moção de censura contra o Governo que acabou por ser recusada.

A estação de televisão TVR, para a qual Sobaru trabalha, adiantou, citada pelo “El País”, que o gesto de Adrian Sobaru se deveu “a razões pessoais” e não laborais, relacionadas com a doença de um familiar.

A sessão parlamentar foi interrompida durante uma hora e acabou por ser retomada sem a presença dos deputados da oposição, que adiantaram estar demasiado perturbados para continuar. O primeiro-ministro Emil Boc lamentou o “acontecimento trágico” e disse compreender “as dificuldades que enfrentam os romenos neste período de crise”.

Na Roménia os salários dos funcionários públicos foram reduzidos em 25 por cento no Verão passado e as pensões diminuíram 15 por cento após pressões do Fundo Monetário Internacional, da União Europeia e do Banco Mundial, que se comprometeram a atribuir um empréstimo de cerca de 20.000 milhões de euros.

Esta foi a quarta moção de censura a que foi submetido o Governo romeno este ano. Sem maioria no Parlamento, os deputados da oposição abstiveram-se de votar após o protesto desesperado de Adrian Sobaru.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Francisco Louçã: UMA ESMOLA, POR FAVOR | Não Dê Esmolas, Dê Cidadania!

Uma excelente crítica à caridade que é feita às "claras" e de forma humilhante para quem a recebe.
Fantástico Artigo de Opinião!
JOÃO

Notas de
Francisco Louçã
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Uma esmola, por favor
Segunda-feira, 20 de Dezembro de 2010 às 22:16

Há quem esteja necessitado da nossa caridade. Este fim de semana, o mal intencionado debate acerca do aproveitamento político da pobreza serviu para mascarar esta realidade imperativa. mas eu não me calo: há mesmo quem esteja necessitado da nossa caridade.

Porque ele sofre mais do que os sem abrigo. Os desempregados, nem comparar. Eles recebem caridade, ele desprezo.

A ele falta-lhe tudo, o carinho, a atenção, qualquer coisa que seja, um olhar, um gesto.

Mas era vê-los antes, em fila à porta, a solicitar um favor, eu não me esqueço. Quando se cai em desgraça ninguém olha para o pobre.

Ninguém o respeita. Noutros tempos, era convidado para todas as festas e coktails. Agora viram-lhe a cara se o encontram na rua. Fazem-no esperar nos corredores do ministério e não o atendem. Antes, esperavam uma caixa de robalos, o que fosse, senhor doutor, por quem é, era tudo mesuras, não esqueça a comissãozinha, e cumprimentos à família, senhor engenheiro. Agora, na pobreza, ninguém atende o telefone, ninguém responde, ninguém ajuda.

Sim, já sei, vais dizer-me que já deste alguma coisa. Mil euros, cada contribuinte. Mas o que é isso comparado com o que recebemos? O nome que ficou em Marrocos e no Brasil, em Cabo Verde e na Europa? Mil euros por contribuinte é coisa que se veja? Não, o BPN precisa de mais. Precisa da nossa esmola. Direi mesmo mais: precisa da nossa solidariedade. É Natal, não fechemos os olhos à pobreza. Caridade, há quem precise da nossa caridade.