Fotografia: João Rodrigues
Carlos Pinto Coelho despediu-se da vida com 66 anos, na cidade de Lisboa, a mesma que o viu nascer.
Foi com consternação que anteontem, Quarta-Feira, dia 15 de Dezembro, li que o jornalista Carlos Pinto Coelho tinha falecido na sequência de uma intervenção cirúrgica depois de ser ter sido vítima de um ataque cardíaco no final do dia anterior, Terça-Feira, dia em que eu o vi na RTP N ou na RTP Memória, penso que em directo. Peço desculpa, mas não me lembro. Sei que ele falou das notícias como quem fala de gastronomia, numa conversa bem engraçada e feita com muita arte.
Muito se deve ter escrito e se irá escrever sobre Carlos Pinto Coelho. Eu apenas quero deixar algumas palavras simples sobre um profissional que eu admirava, em jeito de uma pequena homenagem.
Com uma notável carreira jornalística, de uma abrangência fora do comum, ninguém se esquecerá o período entre 1994 e 2003 em que, diariamente, pelas 21:00 horas – se a memória não me falha -, ele nos surpreendia com o programa “Acontece”, Jornal Cultural de excelência, que passava na RTP2 e que ele terminava com a célebre frase: “E assim, Acontece”.
Foram nove anos de um programa cultural brilhante e muito variado, com bastante audiência, em que quem ganhava era o país que ficava mais culto e informado sobre tudo o que acontecia no panorama artístico português.
Trabalhou em jornais, televisão, rádio, fotografia… Foi redactor da Agência de Notícias portuguesa ANI, Director Executivo da Revista “MAIS”, Chefe de Redacção de Informação da RTP2, Director de Cooperação e Relações Internacionais, Director-Adjunto de Informação e Director de programas da RTP.
Com um curriculum invejável, foi afastado do seu “Acontece”, por Morais Sarmento durante um dos governos de direita do PSD. Este afastamento foi um dos maiores erros cometidos na televisão pública e, tenho a sensação, uma das maiores dores para Carlos Pinto Coelho, pois o “Acontece” era onde ele melhor se sentia. “Acontece” seguiu na rádio.
Era um homem muito culto, divulgador e criador de cultura e, conforme consegui perceber em entrevistas, a divulgação das artes era aquilo que mais gostava de fazer. Penso, também, que até determinada altura pensou que o “Acontece” voltaria à televisão.~
Carlos Pinto Coelho, também Professor de Jornalismo, recebeu o Prémio Bordalo e o Prémio do Clube de Jornalismo. Em 2000 recebeu, de Jorge Sampaio, a condecoração com o Grau da comenda da Ordem do Infante D. Henrique e, em 2009, foi ordenado Oficial da Ordem das Artes e das Letras de França.
Carlos Pinto Coelho estava a preparar um programa de entrevistas para a RTP Memória que tinha já o nome “Conversa Maior”.
Morreu o Senhor Acontece”!
E assim aconteceu!
JOÃO
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