Ontem estive quase todo o dia a acompanhar os canais CNN e BBC World News e estava muito feliz ao ver a maior concentração contra à opressão ao governo de Mubarak. Era, sem dúvida, o maior protesto desde a crise no Egipto.
O epicentro dos protestos de uma miscelânea de centenas de milhar de pessoas, ricos e pobres, de várias crenças religiosas e várias tendências políticas, foi a Praça de Tahrir, como é óbvio.
Os militares mantinham-se atentos e mas não intervenientes. Cerca de trezentos manifestantes pró-Mubarak não apresentavam risco algum. Tudo decorria de forma ordeira, mas determinada: “This is it!” Era o que estava na minha cabeça e estaria na cabeça de todos. Queriam a democratização! Democratização, SIM! Um governo democrático, numa transição pacífica para que o governo não caísse nas mãos de extremistas islâmicos, mas sem Mubarak.
Penso que a esperança estava numa Associação Nacional para a Mudança…Ouvi e vi o discurso de Obama e fiquei esperançada no afastamento de Mubarak.
Hoje, quando pela hora do almoço me liguei para esses dois canais de TV por Cabo, fiquei horrorizada com tudo o que vi.
Enquanto as faixas dos manifestantes anti-Mubarak até aqui eram bem artesanais, vi manifestantes pró-Mubarak com faixas muito bem organizadas e com panfletos bem estruturados e que confirmavam que esta não era uma manifestação e ataque espontâneos, mas bem organizados e com apoios e patrocínios que só poderiam vir de Mubarak. Aconteceram confrontos de perfeito horror, com centenas de feridos, uns de muita gravidade.
Ontem e hoje estive, minuto a minuto, a acompanhar a revolta no Egipto, no cenário mais emblemático dos protestos, a Praça de Tahrir. Ontem com esperança. Hoje com perfeito horror! Vi manifestantes cavarem as ruas e partirem as calçadas para terem pedras para mandarem aos seus opositores. Era um frente a frente de uma violência extrema – uma verdadeira batalha campal -, depois de manifestações pacíficas no centro do Cairo. Eu só via pessoas cobertas de sangue!
Apoiantes de Mubarak furaram as linhas militares de segurança na Praça Tahrir, montados a cavalo e em camelos, munidos de paus, pedras, chicotes… Ouviam-se bombas, penso que artesanais, tiros… e disparos de metralhadora!
Não aguentei mais. Fui para o Canal Parlamento! Fui ver outros confrontos! Confrontos que não provocaram centenas e centenas de feridos.
Não consigo acompanhar mais esta revolta que, para mim, é uma revolução! Em nada parecida, já, com o 25 de Abril!
Espero que a democratização do Egipto comece a ser desenhada já amanhã! Mubarak tem que sair JÁ! Esteve tempo demais!A maioria do povo é que tem que escolher quem quer para os governar. Mubarak não se pode impor mais!
THIS IS IT!
JOÃO
Egipto: Apoiantes de Mubarak carregam violentamente sobre manifestantes
Partidários de Mubarak, polícias à paisana segunda a oposição, entraram na praça Tahrir e atacaram com violência os manifestantes que exigem a demissão do ditador. Oposição mantém protestos, El Baradei diz que teme um “banho de sangue”.
Artigo | 2 Fevereiro, 2011 - 16:56
Praça Tahrir, 2 de Fevereiro de 2011 – Foto de Hannibal Hanschke/Epa/Lusa Um porta voz do exército fez uma declaração ao país na manhã desta quarta feira, onde referiu que os protestos foram escutados e pediu à população que deixe de se manifestar.
Depois da declaração do exército, grupos pró-Mubarak entraram na praça Tahrir, ultrapassando os cordões do exército e do exército e carregaram violentamente sobre muitos manifestantes. Alguns membros desses grupos, que a oposição egípcia diz que são polícias não fardados, entraram montados em cavalos e camelos, empunhando chicotes e batendo com eles nas pessoas presentes na praça. O exército não interveio, apenas alguns soldados dispararam tiros para o ar e pediram calma através de megafones. Nos confrontos já morreu uma pessoa e há centenas de feridos.
Os protestos mantêm-se com o apoio da oposição.
Mohamed El Baradei denunciou que o regime de Mubarak prossegue com as suas “tácticas de terror” e afirmou: “Estou muito preocupado, é um novo sintoma, uma nova indicação de um regime criminoso cometendo actos criminosos. O meu receio é que isto se transforme num banho de sangue”.
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