terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

«Falar Verdade a Mentir» de Almeida GARRETT em Almada - Encenação de Rodrigo FRANCISCO no Teatro Municipal de Almada

Em http://www.rostos.pt/, vi um artigo que aqui deixo.
Todas os estabelecimentos de ensino deveriam levar as suas educandos.
O teatro é uma das formas de arte mais completas.
Cresci a ver teatro e adorei. São das minhas memórias mais doces e ricas...
JOÃO


«Falar Verdade a mentir» de Almeida GARRETT em Almada
Encenação de Rodrigo FRANCISCO no Teatro Municipal de Almada

A próxima criação do TMA é um espectáculo para o público escolar: Falar Verdade a mentir, de Almeida Garrett – um texto que faz parte dos curricula da disciplina de Português, e que é apontado como exemplo de uma estrutura dramática perfeita.

Representada pela primeira vez em Lisboa em 1945, esta peça é inspirada no texto de um profícuo autor de Vaudevilles francês (Eugène Scribe, 1791-1861), e faz parte de um conjunto de textos que Garrett criou para dotar o teatro português de um repertório que pudesse fomentar no público dessa época o gosto pela arte dramática. Pelo papel que teve na fundação do Conservatório Real (a primeira escola de teatro nacional) e do Teatro Nacional D. Maria II, Garrett é considerado o pai do nosso teatro moderno. Falar Verdade a mentir será precedido de O impromptu de Sintra, um texto da juventude de Garrett, onde o próprio se retrata como um “sentimental, romântico, e… enamorado”.

Falar Verdade a mentir: quando a mentira se torna verdade Ao adaptar o texto de Scribe à realidade do Portugal de meados do século XIX, Garrett faz uma crítica sibilina à sociedade que se formara com base nos ideais liberais que haviam derrotado o absolutismo. Na verdade, se a geração de Garrett, imbuída dos valores da Revolução Francesa, tinha sonhado com (e lutado por) uma sociedade mais justa e livre, as intenções da classe então emergente – a burguesia – acabaram por redundar na avidez do lucro fácil e da acumulação de bens materiais, bem como no mimetismo da organização social até aí vigente, praticada por uma nobreza a quem, afastada que estava das manigâncias económicas, já só restavam os títulos. É célebre o dito desta época, para ilustrar a corrida dos burgueses aos títulos nobiliárquicos:

“- Foge cão, que te fazem barão!~
- Para onde, se me fazem visconde?”

Os dois criados – José Félix e Joaquina -, que se afadigam a tornar verdades as mentiras ditas por Duarte Guedes, fazem-no com um objectivo muito nítido: a obtenção do dote que Amália prometera a Joaquina, sua ama, se esta a ajudasse a casar. José Félix é assim o motor de uma máquina de ilusões – que ilude Brás Ferreira, ilude Duarte, e tenta iludir-nos a nós. Vivemos numa época em que abundam os efeitos de ilusão, só que os objectivos das estruturas que actualmente transformam a mentira em verdade são mais nocivos do que os do expedito José Félix: se, por um lado, o criado criava ilusões para obter apenas um punhado de moedas, por outro lado, hoje em dia, o sistema em que vivemos cria ilusões mais elaboradas e difusas – nomeadamente a ilusão de que este é um sistema justo e definitivo, e de que não existem soluções melhores além dele.

Intérpretes:
Alberto QUARESMA, Maria FRADE, João FARRAIA, Miguel MARTINS,Celestino SILVA, Sofia CORREIA

Sala Principal |1h15 (duração prevista) | M/12

FEVEREIRO
16, 22, 23, 24 às 16h; 25
às 16h e 21h30; 26 às 21h30

MARÇO
1 e 2
às 16h00

Informações e reservas: 212739360

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