sexta-feira, 13 de maio de 2011

Miguel Portas | "Governador Colonial" e Re-Estruturar a Dívida de Portugal |

Uma vez mais fica esta excelente entrevista que Miguel Portas deu hoje ao programa “Conselho Superior" da Antena 1, em que o Eurodeputado eleito pelo Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu, faz o seu comentário semanal sobre a actualidade política.
Foi genial a intervenção de Miguel Portas no outro dia, em Estrasburgo. E foi muita boa esta entrevista à Antena 1, como é sempre.
Miguel Portas um político educado, sensato, que diz coisas duras com muita, mas muita dignidade.
Todos nós nos podemos e devemos indignar, mas com educação, ética e dignidade!
O Bloco de Esquerda está de parabéns pelos seus Deputados e Eurodeputados!
JOÃO
Miguel Portas no programa "Conselho Superior"
Antena 1 - 2011/05/31
"Governador colonial" e re-estruturar a dívida de Portugal
De: | Criado: 13 de Maio de 2011

O “governador colonial” e o “modelo que não funciona”

Sexta, 13 Maio 2011
Miguel Portas disse que o modelo de resgate aceite pelo governo, e por PS PSD e CDS por imposição da troika estrangeira “atira Portugal para uma quebra de produção de dois por cento em 2011 e dois por cento de 2012” enquanto é obrigado a pagar juros superiores a cinco por cento, o que “está para lá de tudo o que é concebível em termos económicos”. Este modelo, acrescentou, “não funciona” e os resultados estão à vista na Grécia, onde após um ano de aplicação de receitas do FMI a dívida pública cresceu de 115 para 143 por cento do PIB.

A intervenção do eurodeputado da Esquerda Unitária (GUE/NGL) eleito pelo Bloco de Esquerda foi feita aos microfones da Antena Um no espaço semanal “Conselho Superior” e teve como pano de fundo o comportamento de “governador colonial” do comissário europeu dos assuntos monetários, Olli Rehn, por sinal finlandês.
Este membro da Comissão Barroso já fora alvo de uma intervenção de Miguel Portas no plenário parlamentar de Estrasburgo a propósito da resposta que deu ao presidente da República Portuguesa quando este pediu “imaginação” a Bruxelas. “Imaginação temos nós tido muita com Portugal”, respondeu o comissário finlandês.

O que eu lhe disse, “de forma veemente”, explicou Miguel Portas, foi que “imaginação teve ele ao tentar impor um facto consumado a um país com eleições dentro de três semanas, imaginação que também lhe serviu para que a componente europeia do empréstimo tenha juros entre 5,5 por cento e seis por cento”.

Segundo o eurodeputado, o comissário “só não teve imaginação” para aplicar a “solução óbvia, para a qual nem é preciso ser de esquerda”: reestruturar a dívida, reescalonar os prazos de reembolso, rediscutir os juros e definir um período de carência de modo a que os países fiquem com alguma capacidade para investir.

Miguel Portas esclareceu que renegociar a dívida “não é não pagar” embora “não se deva pagar tudo” porque “uma parte da dívida criada, nomeadamente na componente de juros, diz respeito a puro jogo de especulação; esta parte da dívida tem que ficar de fora, não foi criada pelos portugueses, foi criada por quem comprou especulando”. Daí a importância, salientou o eurodeputado, de uma auditoria à dívida, para se saber quem deve o quê, porque os credores “têm que assumir responsabilidades por aquilo que criaram”.

Segundo Miguel Portas, Portugal tem dois caminhos: renegociar directamente com os credores de modo a que a amortização não impeça o crescimento da economia; ou actuar de uma “maneira mais forte”, num processo em que parte dos títulos das dívidas portuguesa, grega e irlandesa sejam trocados por obrigações europeias, os eurobonds, “que garantem aos credores receberem o total, ainda que a juros mais baixos”.

Miguel Portas especificou que o comissário Olli Rhen não tem estas alternativas em consideração porque a sua “imaginação” não contempla os países, mas apenas a banca. Ele é um intérprete “da ideia muito em voga em Bruxelas e nas capitais dos países mais ricos segundo a qual os problemas de Portugal, da Grécia ou da Irlanda têm a ver com inépcia e com a preguiça da gente do sul e não com outros factores, nomeadamente com a política que a União Europeia tem seguido em matéria de política monetária e do euro”.

Sem comentários:

Enviar um comentário