25 de Abril: desfile juntou milhares na Av. da Liberdade
A rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, voltou esta segunda-feira a ser o palco da concentração de milhares de pessoas para a realização do desfile de comemoração do 25 de Abril, este ano marcado pelas palavras de ordem anti-FMI. No Porto, centenas de pessoas homenagearam vítimas da PIDE.
Milhares de pessoas concentraram-se no Marquês de Pombal, em Lisboa, descendo depois a Avenida da Liberdade, para comemorar o 37.º aniversário da Revolução dos Cravos que teve então lugar a 25 de Abril de 1974.
Descendo a Avenida da Liberdade, o povo entoou palavras de ordem, sobretudo, contra o FMI, mas não esqueceu as críticas à governação das três últimas décadas, imputando aos partidos do governo responsabilidades pela crise que o país atravessa. E garantiram, cantando e erguendo bandeiras dos partidos de esquerda, dos sindicatos e também do país, que continuam a ser “muitos, muitos mil para continuar Abril”.
O presidente da Associação 25 de Abril declarou que a actual crise nacional tem origem numa "profunda degradação da prática democrática". O Coronel Vasco Lourenço, que discursava no final do desfile do 25 de Abril, afirmou que os portugueses estão "numa situação verdadeiramente dramática: a perda de confiança dos cidadãos nos seus dirigentes, é bem mais perniciosa do que a dívida pública!"
“Queremos aqui proclamar que o povo português, verdadeira e única fonte de soberania não concede a essa Assembleia da República (...) o poder de entregar a soberania nacional à ditadura dos mercados", disse ainda.
Um dos quatro rostos do Movimento 12 de Março, João Labrincha, esteve também na Av. da Liberdade para "celebrar" o espírito do 25 de Abril. "Estou aqui com todas estas pessoas a celebrar uma data representativa e o espírito que traduz que o caminho da democracia não se faz num dia", disse à Lusa.
João Labrincha, do movimento que continua a ser lembrado como “Geração à Rasca”, reafirmou a importância do 25 de Abril de 1974 para derrubar "um regime ditatorial", mas acrescentou que a democracia "é um processo que se faz no dia a dia e por todos". E manifestou satisfação por o protesto de 12 de Março ter eventualmente levado mais pessoas para as ruas, que "não pensavam nem faziam política".
"A política também se faz na rua mas não só. Mas é nas manifestações que podemos apresentar protestos e soluções, esta também é uma forma de participação", disse.
Também o movimento MaydayLisboa 2011, que organiza a manifestação de precários no 1.º de Maio, integrou o desfile comemorativo da Revolução de Abril, proclamando um “25 de Abril contra a precariedade”. “Com 37 anos de democracia estamos neste momento a viver um período em que os nossos direitos estão cada vez mais em xeque, seja pelos consensos governativos, seja pela troika da Banca, seja pela troika do FMI, FEEF e companhia”, lê-se na convocatória para esta manifestação publicada no blogue do movimento.
Centenas de pessoas homenagearam vítimas da PIDE no Porto
Centenas de pessoas concentraram-se junto ao antigo edifício da PIDE no Porto, em homenagem aos torturados e assassinados pela polícia política do regime derrubado pela revolução de 25 de Abril de 1974.
“É uma forma de manifestarmos que não esquecemos Abril e mostrar que este pais e este mundo não vão pelo caminho correcto”, afirmou José Carlos, da Associação José Afonso, que integra a organização das comemorações dos 37 anos da Revolução dos Cravos.
José Carlos considerou que “a comemoração é este ano particularmente importante, pela situação que está a ser imposta a Portugal”, numa alusão à crise financeira e ao pedido de ajuda externa feito pelo Governo no início do mês.
“Esperemos que o povo português abra os olhos e seja capaz de resistir à imposição que nos vem de fora e que está a esmagar o país”, acrescentou.
Em frente à antiga sede da PIDE, no Porto, Maria José Ribeiro lembrou as várias vezes que ali esteve presa e apelou, sobretudo aos jovens, para que continuem a lutar pelos ideais de Abril.
“Conquistamos o direito ao ensino, ao trabalho, a dignidade e temos de continuar a lutar, apesar das troikas, do FMI e de tudo que tem como objectivo desculpabilizar os autores da crise. Nós não podemos aceitar isso”, afirmou a resistente antifascista.
À concentração seguiu-se um desfile até à praça da Liberdade que contou com a participação de centenas de pessoas de várias associações, sindicatos e partidos.
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