Na rubrica de Daniel Oliveira, "Antes pelo Contrário", do Expresso, o artigo de ontem está fabulosamente bem elaborado de modo a não envergonhar um dos vice-presidentes do "novo" PSD, Diogo Leite Campos, mas a colocar a nu provocações que este senhor faz tocando na sensibilidade dos mais desfavorecidos da sociedade portuguesa.
Se leres este artigo, ficas a perceber que Daniel Oliveira é um cavalheiro, ao contrário do senhor que faz parte do título e tema deste artigo.
Para mim é evidente que os aldrabões são os que nos colocaram nesta pobreza confrangedora e não os que recebem subsídios ou abonos. São os que roubaram o país com fuga aos impostos, corrupção desavergonhada, os vencimentos principescos dos gestores públicos, as reformas douradas e, muitas vezes, multiplicadas por 2, 3 e 4... Enfim! Os que sendo desonestos e aproveitadores, desdenham, desconsideram e desonram os que estão sem emprego e sem pão...Se leres este artigo, ficas a perceber que Daniel Oliveira é um cavalheiro, ao contrário do senhor que faz parte do título e tema deste artigo.
Aldrabões!? Espertos?! Quais, afinal?!!!
Votem PSD, votem! E depois vão ver como vamos ficar...
JOÃO
Daniel Oliveira: Antes pelo contrário
8:00 Terça feira, 26 de abril de 2011
O senhor Diogo Leite Campos quer acabar com os subsídios - subsídio de renda ou abono de família - sem saber onde realmente gastam os beneficiários o dinheiro. Não deixa de ser um raciocínio económico estranho, já que a despesa - os filhos ou a casa - estão lá. Para resolver o problema, quer fazer como se faz com os mendigos: dá-se-lhes uma sandes em vez do dinheiro. Através de um cartão de débito e recorrendo a instituições de caridade, como "albergues" ou a "sopa dos pobres". A leitura de Oliver Twist, de Charles Dickens, pode ajudar a perceber o modelo social de Leite Campo.
Num excelente almoço organizado pela Câmara do Comércio e Indústria Luso Francesa, onde perorou sobre a pobreza, Leite Campos explicou que "quem recebe os benefícios sociais são os mais espertos e os aldrabões e não quem mais precisa".
Seria impensável eu dizer que o senhor Leite Campos é um "aldrabão". Longe de mim pôr em causa a honorabilidade de tão distinta figura. Os insultos, já se sabe, são coisa que deixamos para os miseráveis. O direito ao bom nome vem com o cartão de crédito e quem não o traz na carteira só pode deixar de ser suspeito se lhe derem um cartão de débito. Os pobres são, até prova em contrário, mentirosos. Como não insulto o senhor, fica apenas este facto: estando ainda a trabalhar, já recebe uma reforma do Banco de Portugal. Quando se retirar da Universidade de Coimbra, juntará o que recebe já hoje ao que receberá dali. Acumulará duas reformas vindas do Estado.
Seria um argumento "ad hominem" atacar o professor Leite Campos, competente fiscalista, por causa das suas duas reformas. Dizer que ele é "esperto" e que gasta recursos do Estado que podiam ir "para quem mais precisa". Espertos são os pobres que ficam com os trocos. Quem consegue acumular reformas por pouco trabalho é inteligente. Os pobres enganam o Estado, os outros têm direitos. Os pobres roubam o contribuinte, os outros têm carreiras. Fico-me por isso pelos factos: a reforma que o senhor Leite Campos recebe do Banco de Portugal resulta de apenas seis anos de trabalho naquela instituição.
Cheira-me que se a generalidade dos portugueses recebesse reformas, estando ainda no ativo, por seis anos de trabalho e as pudesse acumular com outras dispensaria bem o abono de família e até o cartão de débito para ir à sopa dos pobres.
Aquilo que realmente está esgotar o crédito da minha paciência é ver tanto "esperto" que vive pendurado nas mordomias do Estado a dar lições de ética aos "aldrabões" que recebem subsídios miseráveis. É mais ou menos como dizia o outro. Já chega. Não gosto de tanto cinismo. É uma coisa que me chateia, pá.
Sobre os subsídios, Leite Campos disse: "O dinheiro não é do Estado, é nosso. Quem paga somos nós. Nós, contribuintes, temos direito a ter a certeza que o nosso dinheiro é bem entregue. Eu estou disposto a pagar 95 por cento do que ganho para subvencionar os outros, mas quero ter a certeza que é bem empregue, e que não vai parar ao bolso de aldrabões". Sobre as escandalosas reformas do Banco de Portugal, faço minhas as palavras do vice-presidente do PSD.
Sem comentários:
Enviar um comentário