sábado, 16 de abril de 2011

Bloco de Esquerda/Almada | Notícias: Artigo de Opinião - Abril 2011 | O FMI e A Resposta À Crise

Fica mais um artigo de opinião, desta vez do Membro da Coordenadora Concelhia de Almada do Bloco de Esquerda, Henrique Pires, que foi publicado no Notícias de Almada desta Sexta-Feira.

Aconselho-te a ler!

JOÃO

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O FMI e a resposta à crise

Ainda há bem pouco tempo José Sócrates afirmava que não governaria com o FMI. Entretanto, o PEC IV, discutido em Bruxelas com a chanceler alemã, é chumbado na Assembleia da República. Como consequência, o governo pede demissão e Sócrates vitimiza-se. Já com a AR dissolvida, as agências de notação baixam drasticamente o rating da República e dos maiores bancos portugueses. Em seguida, os donos do capital (leia-se “banqueiros”) reúnem-se com o Banco de Portugal e ameaçam que não financiarão mais o estado português. Sem liquidez e os ratings na categoria de quase lixo, o governo cede e decide pedir ajuda externa de acordo com a vontade dos nossos banqueiros.

O termo “ajuda” é um eufemismo, porque, na verdade, o FMI não ajuda ninguém As políticas do FMI (que, no essencial, são também as do FEEF, e ao qual está associado) servem fundamentalmente para garantir aos credores o pagamento das dívidas. São políticas recessivas que não permitem o crescimento económico e criação de emprego. Este PEC IV (base de negociação para a dita “ajuda externa”), aumenta impostos, congela pensões, promove despedimentos (de preferência baratos), indicia o corte do 13º mês, exige um “ambicioso” pacote de privatizações, e quase que liquida o apoio aos desempregados.

Metade ou mais de metade do montante que Portugal pedirá ao FEEF será para pagar a dívida que vence entre 2011 e 2013. O restante poderá ser para refinanciar empresas públicas deficitárias (como a REFER ou a Transtejo) ou tapar o buraco do BPN (prejuízos que o governo nacionalizou).  E, tudo isto, sem contar que o objectivo do défice se mantém inalterado (4,6% em 2011, 3% em 2012, 2% em 2013).
O programa de ajustamento económico que nos será imposto não irá resolver a crise. Antes, pelo contrário, agrava-la-á, como bem demonstram as experiências grega e irlandesa. Como alternativa ao pedido de ajuda, a solução passaria por reestruturar a dívida, os prazos e as suas condições. Mas para que esta reestruturação seja justa seria necessário recusar o pagamento de parcelas inaceitáveis, como sejam os juros excessivos, induzidos pela própria actividade dos especuladores e agências de rating.

Uma reestruturação séria da divida pública exige um forte poder negocial que só um governo de esquerda estaria em condições de o fazer. O governo PS já demonstrou que não é capaz de o fazer, apesar de toda a sua retórica de resistência ao FMI. Por outro lado, o PSD quer chegar ao poder para executar uma política liberal, mas escudado atrás de uma autoridade externa, procurando assim disfarçar as consequências sociais de uma severa política de austeridade. Aliás, a razão pela qual o PSD chumbou o PEC IV, é que este não ia “suficientemente longe”.

Na forja, e ainda no segredo dos deuses, preparam-se novas medidas de austeridade. Não para os donos do capital, que continuam a lucrar com a crise, mas sim para os trabalhadores a quem cabe pagar todo o desvario económico em que foram metidos.

Urge que a situação económica em que nos encontramos não seja vista como uma inevitabilidade, mas como uma jogada do capital, que é preciso combater. Cabe pois, à esquerda, dar uma resposta política, demonstrar que há dinheiro neste país, onde está, e quem é o seu detentor.
Henrique Pires
Membro da Coordenadora Concelhia Almada do BE
11 Abril 2011
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