segunda-feira, 2 de maio de 2011

Daniel Oliveira: Antes Pelo Contrário | «Insultem-se Com Conteúdo »

Na rubrica de Daniel Oliveira, "Antes pelo Contrário", do Expresso, o artigo da passada Sexta-feira, dia 29 de Abril, toca num ponto que me é muito caro, mas fá-lo de uma forma bem ligeira, para meu gosto.
O dirigente do PS José Lello é, quanto a mim, uma vergonha para o partido socialista e uma vergonha para a classe política nacional.
Todos reclamam do descrédito na política! Mas quem deveria dar o exemplo é a classe política e José Lello é dos políticos mais execráveis que eu conheço. Não tem ética e faltam-lhe muitos mais valores que qualquer cidadão deve ter, quanto mais um político...!
José Lello é, quanto a mim, o pior que pode existir na sociedade. É o cidadão mais "foleiro" que sempre conheci! O Rei da Foleirice!
JOÃO

Daniel Oliveira: Antes pelo contrário




Daniel Oliveira (www.expresso.pt)
8:00 Sexta feira, 29 de abril de 2011

Lello diz que Cavaco é foleiro. Nogueira Leite diz que Lello é um cibernabo. Lello diz que Nogueira Leite quer abifar uns tachos. Deve ser disto que falam quando falam de crispação. E esta crispação compreende-se. São os foguetes que animam uma festa morna. Enquanto a União Europeia e o FMI escrevem o verdadeiro programa eleitoral do PS e do PSD, aquele que ambos se preparam para aceitar sem um sinal de resistência, há que continuar a fingir que há um confronto político.

A ver se nos entendemos: dá imenso jeito, por exigir menos informação e menos reflexão, acreditar que a nossa situação se resume a uma questão de carácter dos intervenientes políticos. É confortável pensar que estamos como estamos porque o Presidente da República é "foleiro", o primeiro-ministro é "aldrabão", o líder do PSD é "um banana" e todos eles estão rodeados de gente que quer "abifar uns tachos". Esta narrativa permite não discutir política, não discutir economia, não discutir Europa. Permite que os atores políticos não apresentem alternativas entre si e que os cidadãos não se dêem ao trabalho de pensar nelas. Tudo se resume a qualidades pessoais.

Nada tenho contra a crispação política. Pelo contrário. Nos tempos que correm, com a injustiça evidente na distribuição de sacrifícios, com o egoísmo a corroer a Europa por dentro, com o assalto das instituições financeiras aos cofres públicos, com a suspensão de várias democracias europeias, fazia falta um sobressalto cívico. Mais crispação e menos anemia democrática. Mas a crispação que falta é política. Querem insultar-se? Insultem-se. Mas com conteúdo, se fazem favor.

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