domingo, 30 de maio de 2010

Artigo de Carlos Santos: Teixeira dos Santos dá Provas em Wall Street




JUNHO
2010






No dia 25 de Maio, a Ministra da Saúde anunciou novos cortes na saúde pública. No dia seguinte, a Ministra do Trabalho tornou público que o Governo corta de oito medidas de combate ao desemprego. Sintomático, no mesmo dia Teixeira dos Santos visitava a Bolsa de Nova Iorque.

Em Janeiro passado, o Governo anunciou um conjunto de medidas de combate ao desemprego. O lema era atraente e prometedor: “Iniciativa emprego 2010 – Mais e melhor emprego”. Eram medidas insuficientes, muito limitadas e temporárias, mas positivas.

Passaram quatro meses e o Governo veio anunciar um corte drástico nas medidas anunciadas em Janeiro. O desemprego não baixou, pelo contrário continuou a aumentar e as estimativas apontam para a sua progressão. A situação que levou o Governo a tomar aquelas iniciativas em Janeiro passado não se alterou, pelo contrário, agravou-se e exigiria não só manter as medidas, mas ir mais além. Não é isso que acontece e a ministra do Trabalho, com a maior desfaçatez e hipocrisia, anunciou o corte de medidas como o alargamento do subsídio social de desemprego, a redução do tempo de trabalho necessário para aceder ao subsídio, os apoios aos trabalhadores em lay-off ou a requalificação de cinco mil jovens licenciados em áreas de baixa empregabilidade.

Depois do primeiro PEC (uma sigla que só pode significar programa de estagnação e corte), o Governo apresentou um segundo e, agora em dois dias, mais dois PEC’s direccionados e certamente não ficará por aqui. E todas as medidas têm uma marca clara: fazer recair a crise sobre quem trabalha, sobre os desempregados e sobre os mais pobres. Nem uma medida para penalizar os altos rendimentos, os off-shores ou os lucros da banca. Foi isso que Teixeira dos Santos levou a Wall Street: a garantia do Governo Sócrates, “em tango” com Passos Coelho, que penaliza os mesmo de sempre e que não tomará qualquer medida contra os responsáveis da crise.

A marca das medidas do Governo é o seu ponto fraco: ataque à esmagadora maioria da população e protecção dos mais favorecidos. Está envolta numa grande campanha que pretende “nacionalizar” as dificuldades, que seriam derivadas de um défice orçamental de que todos seríamos culpados. No entanto, a realidade é mais forte que a propaganda: quem está a pagar a crise são os mesmos de sempre e os responsáveis pela crise, nomeadamente os bancos e banqueiros, ainda lucram e querem lucrar mais com ela.

A luta contra estas medidas e esta política recessiva do bloco central não se esgota no combate a uma medida. É pois uma luta prolongada. Uma luta que é da maioria dos portugueses, mas também de gregos, espanhóis, europeus. Uma luta que pede resposta consistente a nível europeu, como a resolução da comissão política do Bloco publicada neste jornal aponta, que se disputará quotidianamente nos próximos meses no nosso país e exige a mobilização de mais e mais pessoas.

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