domingo, 9 de maio de 2010

Caso dos Gravadores Leva Deputado Ricardo Rodrigues a Delegar Funções...

O deputado Ricardo Rodrigues, que tem uma posição bastante marcante no PS e é até Vice-Presidente da bancada parlamentar do PS é, para mim, o deputado mais violento, truculento, arruaceiro, prepotente, autoritário que eu já alguma vez vi. Tenho assistido às Comissões Parlamentares de Inquérito e este deputado não tem o mínimo de respeito pelo seus colegas deputados dos outros partidos.
Ricardo Rodrigues ultrapassou as marcas e não podia ter feito o que fez. Podia não ter dado a entrevista. Mas, desde o momento que aceitou dar a entrevista, teria que se ter portado à altura de um entrevistado que está à espera de uma entrevista dura.
Mesmo que as perguntas tenham sido desagradáveis, e ele se tenha sentido incomodado, bastava ter-se levantado e saído. Mas NUNCA fazer o que fez... Ele "levou" gravadores que não eram dele e cometeu um crime de uma certa gravidade.
Ele devia ter-se demitido! E o PS nunca deveria tê-lo desculpado publicamente. Pelo contrário, o PS na AR deveria ter chamado a atenção para a gravidade da postura pública do deputado Ricardo Rodrigues.
JOÃO

Caso dos gravadores força deputado a delegar funções
Por Maria José Oliveira e Maria Lopes
08/05/2010

O deputado Ricardo Rodrigues decidiu escolher um lugar mais discreto e resguardado na comissão de inquérito ao negócio TVI, na qual é coordenador dos socialistas. Oficialmente, o vice-presidente da bancada do PS continua a liderar a coordenação, mas evitará contactos com jornalistas e delegou algumas "tarefas" na deputada Ana Catarina Mendes. Ontem, contactado pelo PÚBLICO, Rodrigues escusou-se a dar quaisquer explicações sobre a comissão de inquérito, remetendo para Ana Catarina Mendes. A deputada, por seu lado, justificou que a mudança de estratégia se deve ao volume de trabalho de Ricardo Rodrigues: "Está com mais trabalho e é normal que se distribuam mais tarefas."
O PÚBLICO apurou que foi Rodrigues quem tomou a decisão de ficar em segunda linha no inquérito, deixando as intervenções a cargo dos seus pares. Esta opção surge na sequência do episódio que marcou a entrevista de Rodrigues à revista Sábado na qual, alvo de uma "insuportável violência psicológica" provocada pelas perguntas dos jornalista da publicação - como justificou depois -, o socialista decidiu abandonar a conversa, não sem antes se apropriar dos gravadores digitais dos entrevistadores.
O episódio, tornado público na passada quarta-feira, motivou ontem mais uma reacção: o conselho deontológico do Sindicato dos Jornalistas anunciou que irá pedir à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, de que Ricardo Rodrigues é membro, que "aprecie as infracções" cometidas pelo deputado, a quem acusa de "censura" e de ter violado os princípios constitucionais da liberdade de expressão e informação e da liberdade de imprensa, assim como o sigilo profissional. A "flagrante ilicitude" estende-se ao facto de se ter apoderado de "instrumentos de trabalho de jornalistas" que só podem ser confiscados na sequência de buscas ordenadas e acompanhadas por um juiz. Mas o conselho deontológico critica também Francisco Assis, o líder parlamentar, de que quem se espera "maior discernimento" e que, "em ocasião alguma, pode por palavras incitar a reacções a quente contra jornalistas sempre que os interpelados se sintam incomodados com as perguntas".
Se for processado na sequência da queixa da revista por furto (com uma pena que pode ir até três anos ou multa) e atentado à liberdade de imprensa (dois anos de prisão ou multa) no DIAP de Lisboa, Ricardo Rodrigues pode recorrer à imunidade parlamentar para não ir a julgamento, como lhe permite o Estatuto dos Deputados - e, por regra, a Assembleia da República tem acedido sempre aos pedidos dos deputados para que a imunidade não seja levantada.

Sem comentários:

Enviar um comentário