Manuel Alegre, o candidato presidencial apoiado pelo Bloco de Esquerda, já apresentou a sua candidatura. E fê-lo com um discurso muito bem elaborado, essencialmente virado para o estado social e para os jovens e as novas gerações, que eu segui em directo, às 20h de ontem, na RTP N.
JOÃO
Alegre lança-se à Presidência para defender o Estado social
04-Mai-2010
Manuel Alegre apresentou esta terça-feira nos Açores a sua candidatura presidencial com um discurso marcado pela defesa do Estado social, pela resposta ao ataque especulativo "contra o nosso país e contra o euro" e pela procura de um diálogo com as novas gerações, "marcadas pela precariedade das condições de trabalho", mas capazes de "renovar a política para mudar Portugal".Alegre apresentou a sua candidatura em Ponta Delgada, no salão nobre do Teatro Micaelense completamente cheio. Diante da situação muito crítica com que Portugal está confrontado, Alegre defendeu que a hora é de "responsabilidade, de verdade e de solidariedade". E prosseguiu: "Hora, também, para, no quadro das dificuldades existentes, tudo fazer para preservar o Estado Social", defendendo a mobilização do país, que só compreenderá "o sentido das medidas e dos sacrifícios que lhe são pedidos" se houver uma grande exigência ética.
"Contra os predadores do mercado, a única resposta tem de ser a mobilização geral para uma estratégia de crescimento económico. Sem abdicar do papel do Estado, quer no investimento público susceptível de estimular a economia e o emprego, quer no combate às desigualdades salariais e na adopção de políticas de uma mais justa redistribuição de rendimentos", afirmou.
Defendendo que "mais do que nunca seria necessário promover um plano concertado entre Governo, partidos políticos e parceiros sociais", Manuel Alegre ressalvou: "não pode haver sacrifícios para quase todos e benefícios apenas para alguns."
Diante da "desorientação e a falta de capacidade da União Europeia para responder a uma crise desta natureza", o candidato observou que "é difícil compreender como é que a União Europeia foi capaz de reagir tão rapidamente para salvar o sistema bancário e agora hesita em acudir aos países mais vulneráveis que estão a ser alvo de ataques especulativos dentro da própria Europa."
Numa referência às propostas de revisão constitucional, Alegre afirmou que "a Constituição nunca foi nem é um obstáculo à governação de Portugal", para fazer uma defesa vibrante da Escola Pública, do Serviço Nacional de Saúde, do Sistema Público de Segurança Social, da transparência da vida pública, da Justiça que reassuma o seu papel de pilar essencial do funcionamento do estado de Direito, deixando claro que "não serei neutro, como nunca fui, na defesa dos valores e princípios consagrados na Constituição da República".
Finalmente, o candidato dirigiu-se às novas gerações: "O motivo por que esta candidatura vale a pena não tem somente a ver com o que vou fazer como Presidente, mas sobretudo com o que as novas gerações podem fazer para renovar a política e para mudar Portugal." E questionou: "como vamos ultrapassar a precariedade das vossas condições de trabalho? Como vão as novas gerações construir uma sociedade onde o trabalho digno seja um direito de todos, fonte de realização pessoal, contributo para o bem da comunidade, exercício de responsabilidade profissional?"
E concluiu com um apelo "para que as novas gerações façam ouvir a sua voz, para que se reencontrem com as suas causas, para que mostrem o que pretendem construir e não privem o país do seu contributo decisivo." E prosseguiu: "A nossa aposta é o vosso futuro, o vosso emprego, o vosso primeiro emprego, a vossa realização, o vosso bem estar. E por isso vos digo: assumam o vosso destino, ousem romper e propor, ousem combater pelos vossos direitos e pelo vosso lugar no vosso país."
Manuel Alegre iniciou a sua declaração explicando o motivo de se lançar nos Açores, "ilhas de liberdade", e evocando o açoreano Antero de Quental, "um dos fundadores do primeiro socialismo português."
E saudou todos os socialistas e democratas açorianos, "na pessoa de Carlos César, grande referência dos Açores, do PS e da República". Saudou também os representantes presentes do Movimento de Intervenção e Cidadania, do Bloco de Esquerda, da Renovação Comunista e do Partido Democrático do Atlântico, e ainda "nas pessoas do presidente Almeida Santos e do secretário-geral José Sócrates, saúdo o meu partido, o Partido Socialista", estendendo a saudação "a todas as forças de esquerda, todos os democratas, de todos os quadrantes, que desejam um Presidente que seja uma alternativa, não de governo, mas de atitude, de pensamento, de uma outra visão de Portugal e do mundo."
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