Na Sessão Solene das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Faro, o Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações, o Sociólogo António Barreto fez um discurso bastante crítico perante o Presidente da República, Cavaco Silva, e o Primeiro-Ministro, José Sócrates, centrado nos Ex-Combatentes que o país parece querer ignorar que existiram, ainda existem e que, especialmente durante a Guerra Colonial, esses homens abdicaram dos seus sonhos, juventude, futuro... E, em muitos casos, da sua saúde física e mental ou, até, da sua própria vida, por uma guerra que não queriam, por uma obrigação sem sentido algum, lutando contra vontade, obrigados por uma ditadura e uma ideia de país colonialista que quase já ninguém desejava.
António Barreto relembrou esses homens que lutaram por Portugal e que merecem, ainda hoje, o reconhecimento que nunca tiveram e afirmou que um antigo combatente não pode ser tratado de “colonialista”, “fascistas” ou “revolucionários”, mas simplesmente “soldado português”.
Pela primeira vez esses homens foram representados nas comemorações do Dia de Portugal!
Como disse António Barreto:
“Portugal não trata bem os seus antigos combatentes, sobreviventes, feridos ou mortos”, referindo que em termos gerais o “esquecimento” e a “indiferença” são superiores, sobretudo “por omissão do Estado”.
«Está aberta a via para a eliminação de uma divisão absurda entre portugueses. Com efeito é a primeira vez que, sem distinções políticas, se realiza esta homenagem de Portugal aos seus veteranos»
«Independentemente das opiniões de cada um, para o Estado português todos estes soldados foram combatentes, são hoje antigos combatentes ou veteranos, mas sobretudo, são iguais. Não há entre eles, diferenças de género, de missão ou de função. São veteranos e foram soldados de Portugal».
António Barreto fez, quanto a mim, um excelente discurso que me tocou profundamente ou não fosse eu e a minha família vítimas da Guerra Colonial através do meu marido que, passados tantos anos, ainda tem pesadelos e traumas imensos...
Mas o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas é um dia que não pode estar só virado para o passado. Os portugueses têm que estar prontos para enfrentar o futuro que vai ser duro.
Os Portugueses vão ter que aprender a dizer BASTA! Vão ter que exigir o respeito que merecem por parte dos que nos (des)governam e que não nos respeitam, fazendo de nós atrasados mentais, pessoas sem direitos e só deveres.
O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas é o dia dos Portugueses e é a altura de começarmos a ganhar coragem e dizer NÃO! Não queremos MENTIRAS! Não queremos ABUSOS! Não queremos CORRUPÇÃO!
Vamos mudar mentalidades! Vamos fiscalizar! Exigir! Participar! Portugal é o nosso país. Vamos vencer os desafios que temos à nossa frente!
JOÃO
Comemorações do 10 de Junho
António Barreto exorta o poder a dar “o exemplo”
10.06.2009 - 14:45 Por Maria Lopes
O sociólogo António Barreto exortou hoje os diversos poderes, do político ao empresarial, a serem exemplos para o resto da sociedade portuguesa.
No discurso na sessão solene do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Europeias, o presidente da comissão organizadora das comemorações fez várias críticas a algumas opções de Estado — como a guerra colonial —, ao funcionamento das instituições e ao facto de a sociedade portuguesa ainda não ter sabido aplicar parte dos ideais com que fez a democracia.
Pegando no exemplo da “elevadíssima” abstenção das eleições de domingo, Barreto apontou que a cidadania europeia é ainda “uma noção vaga e incerta”, inventada por políticos e juristas, mas que pouco diz ao cidadão comum.
“A sociedade e o estado são ainda excessivamente centralizados. As desigualdades sociais persistem para além do aceitável. A injustiça é perene. A falta de justiça também. O favor ainda vence vezes demais o mérito. O endividamento de todos […] é excessivo e hipoteca a próxima geração”, afirmou António Barreto.
Perante o Presidente da República, o primeiro-ministro, membros do Governo e altas patentes militares, António Barreto — que substituiu o falecido João Bénard da Costa na comissão das comemorações — elogiou, por outro lado, a consolidação do regime democrático — ainda que “recheado de defeitos” —, a evolução da situação das mulheres, a pluralidade da sociedade portuguesa e a filosofia do Estado de protecção social.
O sociólogo defendeu que os portugueses precisam do "exemplo" dos seus heróis — como o que hoje se comemora, Luís de Camões — "mas também dos seus dirigentes". “Porque o exemplo tem efeitos mais duráveis do que qualquer ensino voluntarista”, justificou.
E apelou ao exemplo pela justiça e pela tolerância, pela “honestidade e contra a corrupção”, pela eficácia, pontualidade, atendimento público e civilidade de costumes, contra a decadência moral e cívica, pela recompensa ao mérito e a punição do favoritismo.
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