Mas, o meu discurso preferido foi feito pela Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, que usou a obra de Saramago, títulos e frases, como parte integrante desse discurso, fazendo ver a dimensão genial do escritor de todas as polémicas, não provocadas por ele, porque um criador tem que ter direito a toda a sua liberdade criativa. É, por isso, e porque as grandes personalidades estão sempre ligadas a grandes controvérsias, que as polémicas existiram, existem e vão existir à cerca de Saramago, pela incapacidade da pessoa comum, na sua pequenez, não atingir a genialidade criativa do CRIADOR/Artista que está acima de tudo, sobretudo acima dos dirigentes partidários, dos dirigentes das igrejas, de dogmas, etc..
Eu estou a fazer uma página dedicada a José Saramago que será a minha singela homenagem, à minha pequena dimensão humana, mas que será feita a partir do que Saramago significava para mim e o que eu achava dele como criador e como pessoa humana. Era, sobretudo, um homem de altos valores, de uma imensa generosidade e sensibilidade e de grande dimensão universal.
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Entretanto, deixo um artigo do Esquerda.Net. E faço minhas as palavras de Francisco Louçã, tanto no artigo que vos deixo, como as que foram ouvidas na comunicação social, ao ser questionado sobre Saramago e sobre as polémicas.
Obrigada, Saramago!
JOÃO
“Obrigado Saramago”
Centenas de pessoas bateram palmas e gritaram “Obrigado Saramago”, quando o corpo saiu da Câmara de Lisboa para o cemitério do Alto de São João, onde foi cremado. Cavaco Silva não respondeu ao apelo de Francisco Louçã para esquecer “mesquinhez do passado”. Jornal do Vaticano definiu Saramago como “populista e extremista”.
Artigo | 20 Junho, 2010 - 20:53
Cerca de 20.000 pessoas passaram no Sábado pela Câmara Municipal de Lisboa, onde o corpo do escritor esteve em câmara ardente - Foto da Lusa Cerca de 20.000 pessoas passaram no Sábado pela Câmara Municipal de Lisboa, onde o corpo do escritor esteve em câmara ardente. O funeral realizou-se neste Domingo, da Câmara de Lisboa para o cemitério do Alto de São João, onde o corpo de José Saramago (1922-2010) foi cremado.
Na cerimónia realizada na Câmara de Lisboa, discursaram António Costa, presidente da Câmara, Carlos Reis, em representação da Fundação Saramago, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, a vice-presidente do Governo de Espanha e a Ministra da Cultura de Portugal. Depois dos discursos, a violoncelista Irene Lima interpretou as peças Sarabanda - o cantos dos pássaros de Bach.
Antes da cremação do corpo no cemitério do Alto de São João e na presença apenas de familiares e amigos mais próximos, a mulher do Prémio Nobel da Literatura 1988, Pilar del Rio, fez um pequeno discurso lembrando o seu companheiro.
O Presidente da República, Cavaco Silva, não esteve presente nas cerimónias fúnebres de José Saramago, tendo incumbido os chefes das suas casa civil e militar de apresentar as condolências à família.
Cavaco Silva justificou a sua não presença, dizendo que “o que um chefe de Estado deve fazer é diferente daquilo que deve ser feito pelos amigos ou deve ser feito pelos conhecidos”, acrescentou ainda que “nunca tive o privilégio na minha vida, se me recordo, de alguma vez conhecer ou encontrar José Saramago” e que, como chefe do Estado, emitiu uma "uma nota oficial prestando homenagem à obra literária de José Saramago e ao seu contributo para a projecção da cultura portuguesa no Mundo", enviou uma coroa de flores e promulgou o decreto de declaração de dois dias de luto nacional.
Cavaco pretendeu assim responder a Francisco Louçã que apelara ao Presidente da República a que estivesse no funeral esquecendo a “mesquinhez política” e “a perseguição política” de um governo seu contra o escritor.
Francisco Louçã fez essas declarações num jantar em Portimão, realizado no passado Sábado, e no qual considerou que Saramago “foi um homem de convicções e de literatura”, que fez dele uma referência cultural “universal”. Francisco Louçã disse ainda: “É preciso generosidade e o reconhecimento de que José Saramago, por cima de todas as diferenças, é uma figura para a cultura nacional, europeia e universal e por isso deve ser respeitado e homenageado no dia do seu enterro”.
No momento da sua morte, José Saramago voltou a ser atacado pelo jornal do Vaticano “L' Osservatore Romano”, que publicou no Sábado um artigo onde definiu Saramago como “populista e extremista”. O artigo diz que José Saramago “foi um homem e um intelectual de nenhuma admissão metafísica, ancorado até ao final numa confiança arbitrária no materialismo histórico, aliás marxismo” e acrescenta, num insulto baseado na mentira: “um populista extremista como ele, que tomou a seu cargo o porquê do mal do mundo, deveria ter abordado em primeiro lugar o problema das erróneas estruturas humanas, das histórico-políticas às socio-económicas, em vez de saltar para o plano metafísico”.
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