quarta-feira, 28 de abril de 2010

Artigo de Carlos Santos: Especulação Financeira Contra Empregos e Salários




MAIO 2010




A imprensa internacional noticiou que, em Janeiro passado, um grupo de especuladores financeiros, entre os quais George Soros, realizou um jantar em Nova Iorque, no qual combinou especular contra o euro, provocando a sua desvalorização para cerca de um dólar. É bem provável que a notícia seja verdadeira e que os ataques aos títulos de dívida pública da Grécia, e também de Portugal, façam parte desse plano mais vasto de ataque ao euro. Do que não há dúvida é que a especulação contra as dívidas públicas grega e portuguesa fez disparar os juros das mesmas, agravando a situação económica dos dois países. É provável também que a seguir especulem contra as dívidas de outros países do sul da Europa, ou que estejam já a fazê-lo. Nos mercados financeiros domina a especulação, o que dá ganhos fabulosos aos grandes intervenientes desses mercados: os senhores da finança e os grandes bancos mundiais.
Deste ataque da especulação financeira as autoridades europeias não falam, mas constantemente fazem declarações sobre a difícil situação grega e repetidamente criticam os elevados défices públicos. Mesmo quando dizem que a Grécia não vai cair na bancarrota, mais não fazem que criar um cenário de crise, favorecendo objectivamente a especulação. E não é só a Comissão Europeia, que assim age, de igual modo actuam o FMI e outras entidades internacionais. A partir desta situação são impostas medidas drásticas contra os salários e os direitos sociais.
Os especuladores agem, as autoridades internacionais dão credibilidade aos ataques especulativos e os governos passam a factura aos povos: baixa de salários reais, cortes nos orçamentos sociais e nas pensões de reforma. Como vão longe as promessas do G20 e dos governos, feitas apenas há um ano, de impor uma verdadeira regulação financeira. A especulação dá milhões a bancos e senhores da finança e, por isso, tudo continua como antes.
Em Portugal, o Estado foi obrigado a apresentar uma proposta aos accionistas da EDP, PT e ZON, para que os seus gestores tivessem os seus vencimentos reduzidos e que os bónus milionários fossem congelados. Nada feito, os accionistas privados dessas empresas nem sequer se dignaram debater a proposta.
Como responder a esta grave e escandalosa situação?
O Bloco apresentou propostas europeias contra a especulação e defendeu que o parlamento português debata o apoio à Grécia. Igualmente propôs a revisão do PEC e apresentou um conjunto de medidas prioritárias, para defender o emprego e atacar a especulação.
Na última semana de Abril, o movimento grevista aumentou e ganhou uma nova força com as paralisações no sector dos transportes. Não estamos condenados ao PEC e à submissão perante os bónus milionários e a especulação financeira, que irão agravar as condições de vida dos trabalhadores e aumentar o desemprego. A alternativa existe e pode fazer caminho, para isso é necessário que o movimento social de protesto alastre e ganhe nova dimensão.

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