quarta-feira, 8 de junho de 2011

Artigo de Opinião de Fernando Rosas: "Seis Notas Pessoais Sobre os Resultados do Bloco de Esquerda" | Esquerda.Net

Aqui está um sensacional artigo de opinião com uma análise excelente e bastante lúcida.
Bibi cada frase e concordei com cada um dos pontos tratados.
Melhor era impossível!

Não percas um dos mais ponderados e sensatos artigos sobre os resultados eleitorais do Bloco de Esquerda.
Fe4rnando Rosas acaba assim:
«Quem vem de longe e quer ir para mais longe ainda, não desfalece.»
Há mjuita vida no Bloco de Esquerda para lá dos resultados de Domingo!
JOÃO



Seis notas pessoais sobre os resultados do Bloco de Esquerda

As derrotas, quando bem analisadas, ensinam-nos seguramente mais do que as vitórias.

Opiniao | 7 Junho, 2011 - 13:23 | Por Fernando Rosas

1. A derrota do Bloco nas eleições legislativas é suficientemente expressiva para dispensar tergiversações. Ela é da responsabilidade da direcção do BE no seu conjunto e devemos discuti-la colectivamente com seriedade, dentro do Bloco e com os seus simpatizantes, com o espírito de reforçar a nossa unidade em torno das políticas que nos habilitem para os duríssimos combates que temos pela frente. O BE perdeu uma batalha e deve preparar-se para vencer na guerra. As derrotas, quando bem analisadas, ensinam-nos seguramente mais do que as vitórias.

2. Do meu ponto de vista, a esquerda portuguesa e o BE em particular, à semelhança de situações similares em outros países europeus em crise, não conseguiu contrariar a vaga do voto do pânico, do voto na ilusão de uma solução, de um acordo, que, mesmo com algum sacrifício, há-de trazer, ao fim e ao cabo, o regresso à normalidade do emprego, do salário, da pensão, da renda da casa. Um voto que quer ver no acordo com a Troika – cujo significado foi deliberadamente ocultado na campanha pelos partidos seus subscritores – uma tábua de salvação face ao desastre iminente. E que puniu os que “ficaram de fora”, os que “não podiam influenciar”, os que pareciam não ter nada para lhes dar quando – dizia-se – a partir de Junho nem dinheiro para os ordenados havia. Esta visão foi, aliás, massivamente difundida pelos media numa campanha ideológica sem precedentes de “irresponsibilização” (“caloteiros”, marginais da política, radicais, indignos da confiança do povo aflito…) do BE e das suas propostas alternativas, aliás por nós sistematicamente apresentadas e bem defendidas.

3. Apesar de o BE, na minha opinião, ter conduzido, do ponto de vista do discurso político, uma das melhores campanhas políticas eleitorais da sua curta história (propositiva, pedagógica, realista, contida), e apesar do empenho dos seus militantes e apoiantes por todo o país, isso não foi suficiente para conter a vaga do voto na “segurança” e no mal menor. E por aí perdemos milhares de votos populares até para o PSD e alguns para o PP. A gravidade e extensão catastrófica da presente crise empurraram o voto do eleitorado popular flutuante para o refúgio aparente da “segurança” e da “protecção” da direita e dos seus tutores externos da Troika. A impopularidade imensa de Sócrates e do governo PS fez o resto.

4. O voto útil no PS, alimentado pelas sondagens que durante semanas davam um “empate técnico” com o PSD, naturalmente também funcionou, sobretudo em certas margens mais politizadas do nosso eleitorado flutuante. Não me parece, contudo, que tenha sido o factor determinante. Tal como a abstenção, igualmente, penalizou sobretudo a esquerda. O PCP, escorado no seu aparelho sindical e autárquico, com um eleitorado tradicionalmente fixado, defendeu com mais eficácia o seu espaço social e político de sempre e até algum voto de protesto. Mas creio que a situação que originou esta grande viragem à direita respeita a algo de mais vasto e profundo. É claro que podemos agarrar-nos, também, à discussão de algumas decisões tácticas que o BE nos últimos meses (presidenciais, moção de censura) e da sua possível influência nestes resultados. Sei que uma ou outra opção originaram dúvidas e oposições de militantes e votantes no BE. Mas creio que a extensão das deslocações de votos indicam com segurança que elas são movidas por opções que em muito ultrapassam os círculos mais politizados e informado em redor do Bloco eventualmente influenciáveis por tais escolhas. É para a natureza política e social do novo ciclo político que devemos olhar. E aprender.

5. O coro dos comentadores da direita parece querer transformar o rescaldo eleitoral num ajuste de contas raivoso com Francisco Louçã. Não se iludam. A direita quer duas coisas: silenciar o porta-voz desta esquerda subversiva e firme na denúncia da ordem estabelecida e, com isso, sonha mudar a cor do BE. Fingem não perceber que neste partido, em lutas desta envergadura, não há responsabilidades individuais. Nem nas vitórias, nem nas derrotas. Creio que é preciso sabermos ser nós, colectivamente, a fazer este balanço sempre com o objectivo de atingir uma unidade superior em torno de uma política adequada. O balanço das eleições tem de se fazer não nos jornais mas nos órgãos democraticamente eleitos pela Convenção. É a diferença entre ser a direita a fazê-lo ou o nosso colectivo do BE.

6. Mesmo nesta situação excepcionalmente difícil e complexa, alvo de um ataque ad odium e concertado sem precedentes, o resultado do BE demonstra que é um partido seguramente enraizado em sectores importantes do povo que de Norte a Sul do país continuaram a fazer dele o seu partido e a sua voz. Ao contrário do que os plumitivos e comentadores da direita voltaram excitadamente a anunciar, o BE perdeu, recuou, mas aguentou o embate. Tem raízes que esta tempestade não quebrou nem romperá. É agora altura de balanço e de luta. Com uma certeza. Nos duros combates que se avizinham, nas difíceis condições que temos pela frente, os trabalhadores, os jovens, os desempregados, os pensionistas, os precários, sabem onde nos encontrar: na primeira linha, dentro e fora do parlamento, a defender os seus direitos, a combater a barbárie neoliberal, a batalhar pelo socialismo. É assim. Quem vem de longe e quer ir para mais longe ainda, não desfalece.
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Dirigente do Bloco de Esquerda, historiador, professor universitário

2 comentários:

  1. A DGERT tem por missão apoiar a concepção das políticas relativas ao emprego e formação profissional e às relações profissionais, incluindo as condições de trabalho e de segurança saúde e bem-estar no trabalho, cabendo-lhe ainda o acompanhamento e fomento da contratação colectiva e da prevenção de conflitos colectivos de trabalho e promover a acreditação das entidades formadoras.

    Tudo uma grande mentira, as provas são dadas com o despedimento colectivo de 112 pessoas do CASINO ESTORIL
    “Para Os Trabalhadores da empresa casino estoril no final se fará justiça, reconhecendo a insustentabilidade de um despedimento Colectivo oportunista promovido por uma empresa que, para além do incumprimento de diversas disposições legais, apresenta elevados lucros e que declara querer substituir os trabalhadores que despede por outros contratados em regime de outsoursing”.

    Quem Investiga esta Corrupção! Os bares das salas de jogo foram concessionados a um Director da empresa, que colocou um testa de ferro(EX EMPREGADO DA EMPRESA) a geri-los.
    O Tamariz e a discoteca Jézebel foram entregues á companheira do sr Dr Assis. O Du art Louge, vai brevemente passar para as mãos do genro do sr Dr Assis, mas como o genro é assessor da Administração, vai mais um "testa de Ferro" (desta vez é um cunhado do Dr Assis) gerir o espaço. Depois anda por lá um ex secretário de estado a receber um vencimento na ordem dos 18 mil euros mês, a fazer algo que ninguem ainda entendeu, chamam-lhe director Geral... lol. O Casino Estoril transformou-se num Cartel. O pudor e a vergonha desapareceram, aquilo é um espaço a saque. A BANDIDAGEM E A GATUNAGEM por ali é pura e dura. Investigar? Toda a gente sabe o que se passa. Vivemos é num País de faz de conta, onde se despedem 112 pessoas honestas e cumpridoras, para que estes parasitas continuem o seu saque.

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  2. Caro amigo,
    Lamento que tenha sido como anónimo - mas aceito o anonimato -, que postou um comentário referente à D.G.E.R.T.. Mas colocou-o num post que se referia a um artigo de Fernando Rosas.
    Não me parece que o seu comentário tenha o destaque que merece.
    Por isso, resolvi copiá-lo para um post autónomo:
    «Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho | Missões de Mentira!»
    O comentário é pertinente e parece-me que tem fundamento. Por isso, merece muito mais. Merece ser melhor divulgado.
    É o que tentarei fazer!
    JOÃO

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